Pedro Lolli | Universidade de São Paulo (original) (raw)
Papers by Pedro Lolli
Ilha Revista de Antropologia
http://dx.doi.org/10.5007/2175-8034.2016v18n2p177A região do Alto Rio Negro é reconhecida como um... more http://dx.doi.org/10.5007/2175-8034.2016v18n2p177A região do Alto Rio Negro é reconhecida como uma área habitada por uma diversidade de grupos sociais. A literatura aponta a existência de 21 nomes distintos para grupos divididos a partir de três grandes famílias linguísticas:Aruak, Tukano e Maku. O objetivo do artigo é problematizar o nome Maku de forma a examinar quais as escalas de atuação desse nome dentro dessa rede regional de nomes coletivos. Em que sentido pode-se dizer que alguém é Maku? Quem o pode dizer? Em quais situações? Como experimento para desenvolver tais questões propõese examinar as imagens dos Maku fornecidas por escritos de viajantes e cientistas do século XIX e analisar os seus desdobramentos em monografias etnográficas realizadas ao longo do século XX e que se referem aos Maku. Por fim, reflete-se sobre o problema de se tomar o nome Maku como uma unidade sociológica e/ou linguística.
Revista De Antropologia, 2013
RESUMO: Partindo de uma experiência etnográfica específica na região do Noroeste Amazônico, entre... more RESUMO: Partindo de uma experiência etnográfica específica na região do Noroeste Amazônico, entre os Yuhupdeh, comumente referidos como Maku, pretendo refletir sobre uma questão de ordem geral-as ações de cura xamânicas ameríndias e sua relação com a composição e decomposição de pessoas. Devi do à amplitude dessas práticas, o presente texto se restringe a acompanhar e analisar dois momentos etnográficos: a execução de fórmulas verbais, conhecidas regionalmente como benzimentos, e a sua transformação na forma escrita.
Cadernos De Campo, Mar 30, 2009
Cadernos De Campo, Mar 30, 2009
Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), 2009
... Cada direção será traçada passando pelo trabalho de um determinado autor, sendo elesManuela C... more ... Cada direção será traçada passando pelo trabalho de um determinado autor, sendo elesManuela Carneiro da Cunha, Marshall Sahlins e Peter Gow. ... O fundamento para entender essa história Gow vai buscar em dois autores: Malinowski e Lévi-Strauss. ...
Preâmbulo Este texto propõe desenvolver a relação entre ações xamânicas e mitos, mais especificam... more Preâmbulo Este texto propõe desenvolver a relação entre ações xamânicas e mitos, mais especificamente a relação entre fórmulas verbais usadas em ações rituais e mitos que se referem ao uso delas. Adoto como ponto de referência etno-gráfica o povo indígena que se autodenomina Yuhupdeh 1 e vive no igarapé Castanha, afluente do médio Tiquié, localizado na região do Alto Rio Negro. A região é conhecida por sua diversidade multiétnica e multilinguís-tica. Em território brasileiro existem 21 povos indígenas divididos em três famílias linguísticas: Tukano Oriental, Maku e Aruak. Essa diversidade conforma uma rede social hierarquizada integrada por circuitos de trocas matrimoniais, rituais e de mercadorias. Dentro dessa armação hierárquica, os povos da família Maku, na qual os Yuhupdeh estão incluídos, ocupam posições de inferioridade. Se, por um lado, isto contribui para que as trocas matrimoniais entre os Maku, os Tukano e os Aruak sejam raras, por outro, não cria impedimento quanto às trocas rituais. É o que acontece, por exemplo, com os Yuhupdeh que vivem no igarapé Castanha. Eles integram com seus vizinhos Desana, Tukano e Yeba Masa um circuito de trocas rituais que tem as realizações das festas de Dabucuri, de Jurupari e de santo como seus momentos mais intensos. 2 Contudo, se esses eventos, que podemos chamar de grandes festas, são momentos pri-vilegiados, isto não significa que o circuito se restrinja a eles. Há situações não festivas em que também ocorrem ações rituais. É o caso da execução das fórmulas verbais de cura e proteção que ocorre tanto nas grandes festas quanto no dia a dia. Estamos aqui no campo que Monod Becquelin e Erikson (2000:17) denominaram microrritual, no qual os " diálogos cerimoniais " e os " diálogos cotidianos " se interpenetram. De fato, a maior parte das fórmulas verbais são executadas em situações cotidianas e envolvem tanto relações intraco-munitárias como intercomunitárias. Nesse sentido, há na área do igarapé
1. Fêtes annuelles qui rassemblent toute la population baduj dans les trois villages du centre.
Ilha Revista de Antropologia
http://dx.doi.org/10.5007/2175-8034.2016v18n2p177A região do Alto Rio Negro é reconhecida como um... more http://dx.doi.org/10.5007/2175-8034.2016v18n2p177A região do Alto Rio Negro é reconhecida como uma área habitada por uma diversidade de grupos sociais. A literatura aponta a existência de 21 nomes distintos para grupos divididos a partir de três grandes famílias linguísticas:Aruak, Tukano e Maku. O objetivo do artigo é problematizar o nome Maku de forma a examinar quais as escalas de atuação desse nome dentro dessa rede regional de nomes coletivos. Em que sentido pode-se dizer que alguém é Maku? Quem o pode dizer? Em quais situações? Como experimento para desenvolver tais questões propõese examinar as imagens dos Maku fornecidas por escritos de viajantes e cientistas do século XIX e analisar os seus desdobramentos em monografias etnográficas realizadas ao longo do século XX e que se referem aos Maku. Por fim, reflete-se sobre o problema de se tomar o nome Maku como uma unidade sociológica e/ou linguística.
Revista De Antropologia, 2013
RESUMO: Partindo de uma experiência etnográfica específica na região do Noroeste Amazônico, entre... more RESUMO: Partindo de uma experiência etnográfica específica na região do Noroeste Amazônico, entre os Yuhupdeh, comumente referidos como Maku, pretendo refletir sobre uma questão de ordem geral-as ações de cura xamânicas ameríndias e sua relação com a composição e decomposição de pessoas. Devi do à amplitude dessas práticas, o presente texto se restringe a acompanhar e analisar dois momentos etnográficos: a execução de fórmulas verbais, conhecidas regionalmente como benzimentos, e a sua transformação na forma escrita.
Cadernos De Campo, Mar 30, 2009
Cadernos De Campo, Mar 30, 2009
Cadernos de Campo (São Paulo, 1991), 2009
... Cada direção será traçada passando pelo trabalho de um determinado autor, sendo elesManuela C... more ... Cada direção será traçada passando pelo trabalho de um determinado autor, sendo elesManuela Carneiro da Cunha, Marshall Sahlins e Peter Gow. ... O fundamento para entender essa história Gow vai buscar em dois autores: Malinowski e Lévi-Strauss. ...
Preâmbulo Este texto propõe desenvolver a relação entre ações xamânicas e mitos, mais especificam... more Preâmbulo Este texto propõe desenvolver a relação entre ações xamânicas e mitos, mais especificamente a relação entre fórmulas verbais usadas em ações rituais e mitos que se referem ao uso delas. Adoto como ponto de referência etno-gráfica o povo indígena que se autodenomina Yuhupdeh 1 e vive no igarapé Castanha, afluente do médio Tiquié, localizado na região do Alto Rio Negro. A região é conhecida por sua diversidade multiétnica e multilinguís-tica. Em território brasileiro existem 21 povos indígenas divididos em três famílias linguísticas: Tukano Oriental, Maku e Aruak. Essa diversidade conforma uma rede social hierarquizada integrada por circuitos de trocas matrimoniais, rituais e de mercadorias. Dentro dessa armação hierárquica, os povos da família Maku, na qual os Yuhupdeh estão incluídos, ocupam posições de inferioridade. Se, por um lado, isto contribui para que as trocas matrimoniais entre os Maku, os Tukano e os Aruak sejam raras, por outro, não cria impedimento quanto às trocas rituais. É o que acontece, por exemplo, com os Yuhupdeh que vivem no igarapé Castanha. Eles integram com seus vizinhos Desana, Tukano e Yeba Masa um circuito de trocas rituais que tem as realizações das festas de Dabucuri, de Jurupari e de santo como seus momentos mais intensos. 2 Contudo, se esses eventos, que podemos chamar de grandes festas, são momentos pri-vilegiados, isto não significa que o circuito se restrinja a eles. Há situações não festivas em que também ocorrem ações rituais. É o caso da execução das fórmulas verbais de cura e proteção que ocorre tanto nas grandes festas quanto no dia a dia. Estamos aqui no campo que Monod Becquelin e Erikson (2000:17) denominaram microrritual, no qual os " diálogos cerimoniais " e os " diálogos cotidianos " se interpenetram. De fato, a maior parte das fórmulas verbais são executadas em situações cotidianas e envolvem tanto relações intraco-munitárias como intercomunitárias. Nesse sentido, há na área do igarapé
1. Fêtes annuelles qui rassemblent toute la population baduj dans les trois villages du centre.