Observat�rio Liter�rio (original) (raw)
Jorge de Lima - Religi�o e Surrealismo
ANUNCIA��O E ENCONTRO DE MIRA-CELI d� continuidade ao relan�amento da obra completa de Jorge de Lima
A personalidade m�ltipla de Jorge de Lima reflete-se na diversidade de sua obra. Esta edi��o de ANUNCIA��O E ENCONTRO DE MIRA-CELI re�ne em um �nico volume Tempo e eternidade (1935), A t�nica incons�til (1938) e Anuncia��o e encontro de Mira-Celi, escrito em 1943 e publicado em 1950. Os livros representam a fase religiosa e crist� da obra po�tica de Jorge de Lima. Desde 2004, a Editora Record vem relan�ando a obra do autor, considerado pela cr�tica um dos maiores poetas brasileiros do s�culo XX. Nos tr�s livros que comp�em ANUNCIA��O E ENCONTRO DE MIRA-CELI, al�m da vis�vel atmosfera religiosa, uma tonalidade sombria permeia os poemas, combinando assim catolicismo, elementos on�ricos e surrealismo. O livro acaba de sair da gr�fica da Editora Record, j� se encontra � disposi��o da imprensa e chegou �s livrarias no in�cio do ano.
ANUNCIA��O E ENCONTRO DE MIRA-CELI Anuncia��o e encontro de Mira-Celi, Tempo e eternidade & A t�nica incons�til Jorge de Lima Editora Record 320 p�ginas Pre�o: R$ 44,90 Formato: 14 x 21 cm ISBN: 85-01-07118-8
A personalidade m�ltipla de Jorge de Lima reflete-se na diversidade de sua obra. O poeta, autor de Inven��o de Orfeu, considerado por muitos Os lus�adas da literatura nacional, era formado em medicina e tinha um consult�rio no centro do Rio de Janeiro, que tamb�m funcionava como ateli�. Publicou poemas, romances, ensaios; dedicou-se � pintura, � escultura e � fotomontagem. Era grande sua preocupa��o com o aspecto visual de seus livros - quase todos com capas e ilustra��es de sua autoria ou de outros artistas. Esta edi��o de ANUNCIA��O E ENCONTRO DE MIRA-CELI re�ne em um �nico volume Tempo e eternidade (1935), A t�nica incons�til (1938) e Anuncia��o e encontro de Mira-Celi, escrito em 1943 e publicado em 1950, representando a fase religiosa e crist� da obra po�tica de Jorge de Lima.
Escritor em cont�nua muta��o, Jorge de Lima foi parnasiano nos XIV Alexandrinos (1941), regionalista no in�cio do modernismo com Poemas (1927),Novos poemas (1929) e Poemas escolhidos (1932), barroco e magistral em Inven��o de Orfeu (1952) e m�stico-universal a partir deste tr�ptico, sobrevivendo a todas as transforma��es a que submeteu a pr�pria obra.
Esta religiosidade permitiu que escrevesse, em parceria com Murilo Mendes, Tempo e eternidade, sob o lema da "restaura��o da poesia em Cristo". Os 45 poemas do livro se revestem de uma tonalidade sombria e noturna, de desalento perante os (des)caminhos humanos, e de cren�a na sublima��o atrav�s da arte e da f�. "O poeta al�m dos homens, Deus acima do poeta", observa Antonio Carlos Secchin na introdu��o da obra. A t�nica incons�til conserva a atmosfera religiosa na maioria dos 73 poemas do livro. Anuncia��o e encontro de Mira-Celi representa a terceira e consecutiva face do tr�ptico crist�o de Jorge de Lima, revelando uma intensifica��o aleg�rica aliada a um hermetismo prenunciador da atitude po�tica de Inven��o de Orfeu. Al�m de Orfeu, os romances O anjo (1934) e Calunga (1935) combinam catolicismo, elementos on�ricos e surrealismo.
A obra de Jorge de Lima, considerado pela cr�tica um dos maiores poetas brasileiros do s�culo XX, est� sendo relan�ada, com novo projeto gr�fico, pela Editora Record desde 2004, quando foi publicado Poemas. Em 2005, foi a vez de Inven��o de Orfeu.
Nascido em Uni�o de Palmares, em 23 de abril de 1893, dia de S�o Jorge, o poeta podia contemplar, da janela do sobrado em que morava, a Serra da Barriga, onde Zumbi reuniu ex-escravos para fundar seu lend�rio quilombo. Ouvia com imensa curiosidade - e terror - as fant�sticas hist�rias e lendas da regi�o. Um dia, foi com uma pequena comitiva visitar a serra. O grupo se perdeu na espessa mata, e seus integrantes tiveram que dormir na casa r�stica de um lavrador, antes de seguir viagem na manh� seguinte. Em entrevista, anos mais tarde, Jorge de Lima confessou que, naquele momento, pela primeira vez se sentiu tocado pela poesia: "Todo o imenso panorama que descortinei ent�o - o Rio Munda�, que segundo a lenda nascera das l�grimas de Jurema, de um lado a Serra dos Macacos, do outro a plan�cie do Jatob�, os campos verdes de Terra-Lavada, o Fund�o, a Tobiba, os bang��s, a Great Western, as olarias, e l� longe a igreja da minha padroeira e o sobrado em que eunascera, tudo aquilo entrou pelos meus olhos deslumbrados de menino e nunca mais saiu de dentro de mim. Tanto assim que, muitos anos depois, j� homem feito, foram esses os temas que fui buscar para alguns poemas da fase que poderia chamar 'nordestina' da minha poesia."
Quando se mudou para Macei�, aos sete anos, o menino j� havia rabiscado os primeiros versos. Ao ingressar no Col�gio Diocesano, fez quest�o de mostrar seu talento num jornalzinho que ele mesmopublicava, O Corifeu. Seus primeiros sonetos come�aram a aparecer nos jornais de Macei� em 1907. Nessa �poca, comp�s "O acendedor de lampi�es". No ano seguinte, transferiu-se para Salvador, para iniciar o curso superior de Medicina, e impregnou-se dos motivos regionais que surgiriam, mais tarde, em v�rios de seus livros. Quando desembarcou no Rio, em 1911, para continuar os estudos, tinha 18 anos. Na capital, tr�s anos mais tarde, publicou os XIV Alexandrinos, seu primeiro livro. Voltou a Macei�, para assumir a carreira de m�dico. Atendendo tanto a rica elite local quanto os pobres que n�o tinham como pagar consulta - pr�tica que nunca abandonou -, acabou ganhando um enorme prest�gio, que lhe valeu a elei��o para deputado estadual. Voltou em definitivo para o Rio em 1930, onde, em 1947, foi eleito vereador. Seu consult�rio, na Cinel�ndia, tornou-se ponto de encontro de intelectuais e escritores como Murilo Mendes, Graciliano Ramos e Jos� Lins do Rego, que passavam horas discutindo literatura. Al�m de poemas, Jorge de Lima tamb�m escreveu romances ao longo de toda a sua carreira, entre os quais Calunga e Guerra dentro do beco. Em 1952, publicaria sua obra mais aclamada, Inven��o de Orfeu, epop�ia em dez cantos, na qual utiliza os recursos apreendidos em uma vida inteira dedicada � literatura. Morreu no ano seguinte, aos 60 anos, deixando como legado uma das obras mais impressionantes de toda a literatura brasileira.
"A personalidade liter�ria e art�stica das mais m�ltiplas que o Brasil j� viu."
- Otto Maria Carpeaux
"(...) n�o tem paralelo na literatura brasileira."
- Bravo!
"A obra de Jorge de Lima permanece robusta e poderosa como um penhasco na solid�o incompar�vel de seu g�nio."
- MarcoLucchesi