Estratégias educacionais diferenciadas para alunos com necessidades especiais (original) (raw)
Desde a sua criação, em 2004, o grupo de pesquisa “Inclusão e aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais: práticas pedagógicas, cultura escolar e aspectos psicossociais” , vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (PROPEd/UERJ), vem desenvolvendo uma série de estudos focalizando o processo de inclusão de alunos com deficiências e transtornos globais do desenvolvimento, em diferentes redes públicas municipais de ensino do Estado do Rio de Janeiro. Os resultados dessas investigações vêm sinalizando os impactos da implementação dessa política na cultura e nas práticas pedagógicas das escolas. Igualmente, vem mostrando o papel da Educação Especial, enquanto área de conhecimento científico, no contexto da política de Educação Inclusiva. O foco dos estudos tem sido, justamente, analisar como os diferentes sistemas de ensino do Estado do Rio de Janeiro vêm se organizando e estruturando para atender às demandas das recentes definições e diretrizes educacionais federais em relação a este alunado, a saber: a) ingresso e permanência de alunos com deficiência em classe comum; a) financiamento e alocação de recursos; b) formação continuada de professores; c) oferecimento de serviços de atendimento educacional especializado; d) relação entre o professor do atendimento educacional especializado e o professor regente da classe regular. Os dados obtidos mostraram as fragilidades e os problemas enfrentados pelas redes para atender às diretrizes federais, assim como as possibilidades criadas para superá-las. Contudo, revelaram também que o maior desafio enfrentado pelas instituições escolares não se refere propriamente à implementação das políticas federais de Educação Inclusiva, mas sim à garantia de condições que efetivem o processo de ensino e aprendizagem dos alunos beneficiados por essa proposta, sobretudo nos casos dos que apresentam maiores comprometimentos, deficiência intelectual e/ou múltipla. Nesse sentido, em 2009, novas investigações foram iniciadas para analisar o emprego de metodologias diversificadas e tecnologias de suporte no desenvolvimento de práticas pedagógicas para atender a esse público. Uma das iniciativas, alvo desse livro, se refere à elaboração e aplicabilidade do Plano Educacional Individualizado (PEI), instrumento amplamente disseminado em países da Europa e Estados Unidos, mas, relativamente, ainda pouco investigado no Brasil. O objetivo da proposta é produzir, por meio do diálogo entre pesquisadores da Universidade e docentes da Educação Básica, conhecimentos sobre os recursos e estratégias pedagógicas a serem utilizados no processo de ensino e aprendizagem de alunos com especificidades educacionais como aqueles que apresentam, por exemplo, deficiência intelectual, múltipla e autismo, garantindo-lhes plena participação nas atividades escolares. Dessa forma, os estudos promoveram formação continuada para os professores participantes, nos termos das dimensões que envolvem a efetivação da inclusão no cotidiano escolar. Ênfase foi dada, sobretudo, ao desenvolvimento de práticas pedagógicas planejadas com base no PEI ou envolvendo recursos de tecnologia assistida como os de comunicação alternativa. Neste contexto, o presente livro nasceu numa parceria com mais dois grupos de pesquisa que se dedicam ao estudo de aspectos do objeto em voga: um no âmbito do próprio PROPEd, o “Laboratório de Tecnologia e Comunicação Alternativa” , coordenado pela Profª. Leila Regina D’Oliveira de Paula Nunes e o “Observatório de Educação Especial e Inclusão escolar: práticas curriculares e processos de ensino e aprendizagem”, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Contextos Contemporâneos e Demandas Populares da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), coordenado pela Profª. Márcia Denise Pletsch. Desta forma, os nove textos que compõem o presente livro são frutos de pesquisas desenvolvidas nos dois referidos programas de pós-graduação, com diversas fontes de financiamento de agências de fomento como CAPES, CNPq e FAPERJ, além das respectivas Universidades. O texto que abre o livro, de nossa autoria, faz uma apresentação conceitual sobre o processo e os componentes que fundamentam a elaboração do Plano Educacional Individualizado (PEI) em diálogo com práticas curriculares e avaliação escolar. O segundo capítulo de Joyce Magalhães, Nathalia da Cunha e Suzanli Estef, abordam os referenciais teóricos que fundamentam a construção do PEI com os docentes participantes de nossas investigações. Em seguida, o artigo de Patricia Braun e Marcia Marin, mostram como o ensino colaborativo e o uso do PEI podem contribuir positivamente para o processo de escolarização de alunos em situação de inclusão escolar. Dando continuidade, o capítulo de autoria de Leila Nunes, Claúdia de Araújo, Carolina Schirmer e Cátia Walter, trata da prática pedagógica de mediadoras de aprendizagem com alunos com deficiência física e dificuldades de comunicação em escolas da rede pública municipal do Rio de Janeiro. Os benefícios do PEI como um recurso pedagógico importante no processo de inclusão social, educacional e laboral também foram discutidos por Márcia Marin, Cristina Angélica Mascaro e Carla Siqueira, ao apresentarem os resultados de um estudo realizado com alunos com deficiência intelectual matriculados em uma instituição especializada que integra a Fundação de Apoio à Escola Técnica (Rede FAETEC/RJ). No capitulo seguinte, por Patricia Quitério e Leila Nunes, são apresentados resultados de um estudo sobre o desenvolvimento de habilidades sociais de futuros professores no que se refere ao processo de inclusão de alunos com deficiência. O tema da formação de professores também foi o foco do texto de Adriana Menezes e Gilmar Cruz, que enfatizaram diferentes estratégias de formação continuada para atender a inclusão de alunos com autismo. Dando continuidade ao debate sobre a escolarização de alunos com autismo, o capítulo de Cátia Walter, Marcia Mirian Netto e Leila Nunes apresenta estratégias e recursos diversificados como a comunicação alternativa e adaptações pedagógicas para garantir a aprendizagem desses sujeitos. O último capítulo do livro, de autoria de Annie Redig, Cristina Angélica Mascaro e Amanda Carlou, traz o tema da inclusão laboral e a transição da escola para o trabalho de pessoas com deficiências. O foco da discussão é a preparação dos sujeitos e o suporte necessário para garantir sua inserção no mundo do trabalho e inclusão social, de modo geral. A partir da leitura desse conjunto de textos esperamos que os leitores possam embasar suas reflexões e práticas sobre as especificidades contidas nos processos de ensino e aprendizagem de alunos com necessidades educacionais especiais e da diversidade presente na escola contemporânea. Nosso objetivo não é esgotar o debate, mas propor intervenções teórico-aplicadas a partir dos estudos desenvolvidos no âmbito das parcerias entre os diferentes grupos de pesquisa que produziram os capítulos que formam essa obra. Finalizando, é importante mencionar que a concretização desse livro somente foi possível com apoio financeiro do projeto de pesquisa, “Formação inicial e continuada de professores comprometidos com a inclusão educacional do aluno com deficiência: do ensino fundamental à universidade”, agraciado pelo Programa de Apoio à Educação Especial da CAPES (PROESP/CAPES), sob coordenação geral da Profª. Drª Leila Regina d´Oliveira de Paula Nunes.