Escritura marginais: fragmentos de memórias da professora Malvina Tavares (1891 – 1930) (original) (raw)
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Novos Estatutos De Memória Na Literatura Brasileira Contemporânea: Os “Marginais”
2009
Se as relacoes entre as culturas e suas concomitantes formas de vida se tornaram uma das caracteristicas ao mesmo tempo mais instigantes e problematicas do presente, as formas literarias no Brasil que se agrupam sob o signo de “literatura marginal” assumem uma pertinencia tal que as coloca como um desafio para o pensamento critico, na medida em que implicam uma redefinicao dos pressupostos esteticos, culturais e politicos, bem como de toda a tradicao literaria nacional. Sao narrativas que nao so representam a violencia como fator determinante numa sociedade excludente, contem sobretudo uma nova raiz utopica em que o direito a uma memoria alternativa reconfigura nossas tradicoes discursivas e as formas literarias de conta-las.
Revista Brasileira de História da Educação, 2017
Resumo: Neste artigo, analisam-se aspectos das memórias educativa, cultural e social do município de Juazeiro-BA, tomando como fontes de pesquisa dois cadernos e um diário de classe produzidos pela professora Franca Pires e alunos no período entre as décadas de 1950 e 1980. Com base em tais documentos,podem-se construir interpretações acerca da educação em diferentes momentos históricos, bem como apreender um conjunto de situações, fatos e experiências singulares do cotidiano escolar. O estudo suscita discussões teórico-metodológicas que transitam nas áreas de história da educação e história cultural e põe em evidência a multiplicidade de temas e de possibilidades de pesquisa e produção de conhecimento no âmbito dos arquivos pessoais. Palavras-chave: Maria Franca Pires, história da educação, história cultural, cadernos de anotações, diários de classe.
LER E ESCREVER NAS AULAS DE HISTÓRIA: DA PRISÃO DA PALAVRA AO LABIRINTO DO EXTERIOR
Revista de História e Estudos Culturais, 2018
Este artigo busca dar atenção a dois conjuntos de questões relativos às praticas de leitura e escrita nas salas de aula de História. De um lado, apresenta dados de uma investigação sobre as diferentes práticas de leitura e escrita geralmente usadas nesse contexto; de outro lado, aborda as práticas ainda não possíveis de catalogar. Trata-se, portanto, de uma reflexão sobre a potência que transita, por vezes, fora das salas de aula e que pode permitir a produção de novas práticas de leitura e escrita e, sobretudo, provocar os jovens para que produzam narrativas históricas através da criação e da imaginação. Nesse sentido, o artigo apresenta o pensamento do exterior (Fora) de Michel Foucault como elemento teórico que permite pensar nossa relação com a linguagem e com as práticas de leitura e de escrita.
TRAÇOS DA PERIFERIA: CENAS DE ESCRITA EM PRODUÇÕES LITERÁRIAS MARGINAIS CONTEMPORÂNEAS
O texto propõe reflexões sobre a literatura marginal contemporânea a partir da análise de representações de espaços em contos dos livros Cela forte, de Luís Alberto Mendes, e 85 letras e um disparo, de Sacolinha e de poemas do livro De passagem mas não a passeio, de Dinha. A literatura constitui-se como um campo de disputas pelo acesso à voz, pela possibilidade de difusão de representações do mundo, pelo reconhecimento do público e dos pares, segundo Regina Dalcastagnè e Anderson Da Mata (2012). Essa questão aponta para o funcionamento, na acepção de Pierre Bourdieu (1996), do campo literário, espaço em que ocorre um conjunto de relações e práticas sociais relacionadas aos agentes envolvidos com a produção, consumo e reprodução da literatura, que geram critérios de legitimidade e prestígio do texto literário. O estudo proposto insere-se nessa chave de concepções. As produções literárias delimitadas foram publicadas pela Global Editora, na Coleção Literatura Periférica, cujos autores moram e têm origem na periferia. Nos três livros podem ser observadas representações de si, do outro e de espaços diversos, marginalizados ou marginalizantes. Ao publicizarem essas representações, relativas a vidas e vozes periféricas, silenciadas, os autores permitem que elas ganhem voz. Os traços da periferia a que alude o título do texto estão presentes duplamente nessas escritas: tanto por meio da origem dessas vozes, marginalizadas, que buscam legitimar sua dicção, quanto por meio do espaço basilar que origina o traçado – a periferia, múltipla, revisitada, posta em meio a embates com outros espaços.
Por uma reflexão permanente sobre as literaturas marginais
Em alguns pontos ou variantes, as opiniões são concordes quando se trata da literatura marginal (ou da contraliteratura, ou seja, no que estes termos designam, por exemplo, em Bernard Mouralis (1982) ou em Arnaldo Saraiva (1980), como opostos à instituição que é a literatura dominante, oficial, consagrada, académica, e mesmo clássica, como afirma este último) sobretudo se atendermos a que ela pode ser definida pela vertente do consumo, da recepção, do destinatário, o “povo”, a massa das classes inferiores, “iletradas”, os desclassificados, enfim: faz parte indiscutível do corpus aquilo que as sociedades industriais produzem copiosamente para um alto consumo em formato paperback e magazine sob a designação de romance policial, romance de ficção científica e banda desenhada.
Memórias marginais e a construção de uma história
Tabuleiro De Letras, 2012
Memórias marginais e a construção de uma história Mémoires marginales et la construction de l'histoire Licia Soares de Souza, 1 RESUMO: Este artigo interroga o conceito de "memórias marginais", indagando em que momento tais memórias poderiam ser compartilhadas para se interconectarem com as memórias coletivas e poderem colaborar para a construção de uma memória longa da nação. Analisando Memórias do cárcere, 400 Contra 1-Uma História do Crime Organizado, Memórias de um sobrevivente e o filme Quase dois irmãos, tenta-se entender como essas narrativas, caracterizadas como marginais, manifestam uma dinâmica intertextual, aptas a escaparem de uma idealização puramente indicial que representa vidas e fatos sem nível relacional para um compartilhamento simbólico (Pierce). Comportando citações de um patrimônio comum, essas narrativas transmitem signos memoriais não apenas do real político mas, sobretudo, de um real cultural, comprometidos com a idealização simbólica de um coletivo: elas podem dar sentido a uma série de fenômenos individuais e descontínuos, buscando o inteligível da memorialidade. Palavras-chave: Memória; Marginalidade; Literatura e cinema brasileiros. RÉSUMÉ: Cet article interroge le concept de « mémoires marginales », et l'on se demande en quel moment ces mémoires pourraient être partagées pour s'interconnecter avec les mémoires collectives et collaborer ainsi avec la construction d'une mémoire longue de la nation. Avec l'analyse de Memórias do cárcere, Memórias de um sobrevivente, 400 contra 1: Uma História do crime organizado et du film Quase dois irmãos, on essaye de comprendre comment ces récits, caractérisés comme marginaux, manifestent une dynamique intertextuelle, aptes à échapper à une idéalisation purement indicielle qui représente des vies et des faits sans un niveau relationnel pour un partage symbolique (Pierce). En comportant des citations d'un patrimoine commun, ces récits transmettent des signes mémoriaux, non seulement d'un réel politique, mais surtout d'un réel culturel, liés à l'idéalisation symbolique d'un collectif: ils peuvent donner un sens à une série de phénomènes individuels et discontinus tout en établissant l' intelligible de la mémorialité. Mots-clé: Mémoire; Marginalité; Littérature et cinéma brésiliens Os projetos de examinar a possibilidade de existência de uma memória longa, nas Américas, a partir de Gérard Bouchard (2002) e Zila Bernd (2009), têm conduzido a reflexões profícuas sobre o reconhecimento e o aproveitamento de vestígios, nexos e campos culturais esquecidos ou negligenciados pela história oficial. Nesse âmbito, torna-se válido, igualmente, observar a noção de "memória longa" de Joël Candau (2011), que se distingue da "memória profunda", a qual ordena os fatos em critérios cronológicos causais, lineares e organizados. A
[ensaio] Por uma Literatura das Marginais: Espaços de inscrição da Lembrança contra o Esquecimento.
Semana Acadêmica de Letras da UFSC: debates e reflexões, 2015
Este artigo pretende apresentar uma síntese das comunicações orais apre-sentadas no Grupo Temático intitulado A literatura das marginais, sob coordenação da Profª Maria Aparecida Barbosa, na IX Semana Acadêmica de Letras da Universi-dade Federal de Santa Catarina. Destas comunicações, suscitadas por diversas formas de constituição literária, evocam o papel social da memória e as formas distintas de constituição da lembrança. Tornam-se intersecções possíveis para questões que vão além da literatura e que permearam as falas dos participantes do GT durante a Semana de Letras. Na teoria literária, o conceito de literatura marginal é bastante polissêmico e de modo geral caracteriza manifestações literárias produzidas por grupos sociais marginalizados, por vozes da periferia que retratam situações de violência e do cotidiano. Nossa proposta, no entanto, foi pensar na constituição de uma literatura das marginais, também pensada como literatura alheia ao cânone, que não tem o fetiche cultural de referência beletrística e tampouco pretensão de se tornar monumento. Da experiência de modernidade percebida por Deleuze e Guattari em Kafka (1977), emerge a literatura menor, feita por grupos menores em uma língua maior. Em diferentes produções literárias em língua alemã do século XX, revela-se uma escrita que se configura como espaço de inscrição e que transcende o poético ficcionalizado, adquirindo contornos imprecisos como espaço de recordação, o qual desvela uma arte de escrita como meio e suporte da memória. Referência: PETERLINI, Claudia; MAFRA JÚNIOR, Antônio C. Por uma Literatura das Marginais: Espaços de Inscrição da Lembrança contra o Esquecimento. In: BUTTURI JUNIOR, Atílio; FRITZEN, Celdon; ZANDONÁ, Jair; OLIVEIRA, Leandra Cristina de; GASPARI, Silvana de. (Orgs.). Semana acadêmica de Letras da UFSC: debates e reflexões. 1Ed. São Paulo: Rafael Copetti Editor, 2015, p. 202-210.
ESCREVIVÊNCIA E PEDAGOGIA ENGAJADA: MEMÓRIAS DE UMA PROFESSORA-EM-FORMAÇÃO NEGRA E PERIFÉRICA
Revista Faculdade Sesi de Educação, 2024
Este relato de experiência narra a trajetória escolar de uma professora--em-formação da Faculdade SESI de Educação, mulher negra e periférica, que apesar de todas as dificuldades enfrentadas, encontra professoras e professores que transformaram sua trajetória, construindo-se como pro-fessora engajada e reconhecendo o espaço acadêmico, antes visto como hostil, como um espaço de possibili-dades de fruição dos seus múltiplos saberes. Além disso, o relato traz a importância do afeto na relação pro-fessor-estudante e a importância da construção de uma pedagogia en-gajada baseada na obra Ensinando a transgredir: a educação como práti-ca da liberdade (2013),de bell hooks. Por fim e centralmente, reconhece a metodologia da “escrevivência”, de Conceição Evaristo, como forma por excelência de narrar experiências e provocar denúncias, ainda que da maneira mais “poética possível”. PALAVRAS-CHAVE Escrevivência; Pedago-gia-Engajada; Professor-Estudante.ABSTRACTThis experience report narrates the school trajectory of a teacher-in--training at the SESI College of Edu-cation, a black and peripheral woman, who despite all the difficulties faced, meets teachers who will change her trajectory, building herself as an en-gaged teacher and recognizing the academic space, previously seen as hostile, as a space of possibilities for enjoying its multiple knowledge. Fur-thermore, the report highlights the importance of affection in the tea-cher-student relationship and the importance of building an engaged pedagogy based on the work Teaching to transgress: education as a practice of freedom (2013) by bell hooks. Finally and centrally, it recognizes the me-thodology of Writing, by Conceição Evaristo, as a way par excellence of narrating experiences and provoking complaints, even in the most “poetic way possible”. KEYWORDS experience; engaged-peda-gogy; teacher-student.A nossa escrevivência não pode ser lida como histórias para “ninar os da casa grande” e sim para incomodá-los em seus sonos injustos.Conceição Evaristo