«Portugal na Europa e a questão migratória: associativismo, identidades e politicas públicas de integração» (original) (raw)

O processo de construção identitária pode ser concebido como um factor agregador a nível sociocultural e político, na medida em que a reificação de certas características da comunidade étnica ou nacional de origem pode ajudar na integração dos migrantes nos lugares da sua vivência. Neste sentido, é pertinente averiguar em que moldes se processa esta interacção. Concebendo as associações voluntárias como um modelo universal, a sua criação no seio das comunidades migrantes pode ser entendida simultaneamente como um factor diferenciador e de ligação a pertenças comunitárias, regionais, nacionais, sociais, interculturais, etc.. Deste modo, elas funcionarão como um duplo mecanismo de inclusão social, ao mesmo tempo próximas dos grupos de origem e da comunidade de destino. O que está em exame é a sua contribuição específica e a inter-relação estabelecida com as políticas públicas de integração, no contexto europeu contemporâneo, quer em Portugal, como país de acolhimento, quer no quadro da diáspora portuguesa. É nesta perspectiva que analisaremos o papel das associações voluntárias enquanto mediadoras institucionais entre distintos Estados-nação e comunidades nacionais, a partir de dois estudos de caso desenvolvidos no âmbito de projectos individuais de pesquisa dos autores, realizados no ICS-UL nos últimos anos. Neste sentido, articularemos a análise do associativismo migrante português no Reino Unido (RU) e na Bélgica com o das associações cabo-verdianas e angolanas em Portugal.