SEMENTINHA DO MAL: o vocabulário de um estado infanticida e racista sobre as crianças negras (original) (raw)

Esta é a escrita de uma mulher negra. É fruto de uma raiva muito profunda e de uma sensação de desmoronamento físico e emocional decorrentes das dores provocadas pelo racismo. Racismo percebido na estrutura e nas políticas genocidas do Estado e da sociedade brasileira, efetivadas através de aparelhos de morte, como as polícias e os tribunais, mas também de equipamentos de linguagem, de palavras que nomeiam, apresentam e servem para determinar quem deve morrer, que oferece recursos para que a infância negra seja sintetizada como “sementinha do mal”. A procura de uma possibilidade de não morrer, a memória e a ancestralidade são evocadas e constituem a fonte, o conteúdo, a metodologia deste artigo, que busca uma cura que ajude a viver um pouco mais. Não são a compreensão histórica, política, filosófica, que permitem a resistência, pois não há nada, nenhum discurso que justifique o racismo e a escravidão antinegro, antíindígena, antiaborígene, antíárabe, que movimentam e legam força par...