ROZAS, Rebecca. Mediações de Nostalgia Colonial em Tabu (Miguel Gomes, 2012). Dissertação PPGHIS UFRJ (original) (raw)
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Going Through Remediations: colonial nostalgia in Tabu (Miguel Gomes, 2012
Domínios da Imagem, 2023
Resumo: Neste artigo, proponho pensar as ativações de nostalgia colonial no filme Tabu (2012), do diretor português Miguel Gomes. Esta nostalgia é produzida, dentre outros fatores, pelo contraste criado entre um presente melancólico na Lisboa de 2011 (Paraíso Perdido, parte I) e um passado romantizado situado numa colônia portuguesa ficcional em África, às vésperas da Guerra Colonial (1961-1975) (Paraíso, parte II). De acordo com Gomes, Tabu não pretende ser uma crítica ao colonialismo português e à memória deste passado no presente. O diretor vincula o seu filme a uma reflexão metaficcional sobre "Eras Douradas" do cinema ocidental. Porém, devido ao olhar eurocêntrico que perpetua, meu objetivo é relacionar a nostalgia colonial em Tabu à remediação de dispositivos de mídia que praticam uma visualidade etnográfica, em especial, alguns filmes do cinema clássico hollywoodiano. Por fim, cabe perguntar o quanto Tabu questiona e o quanto naturaliza os regimes visuais praticados.
A nostalgia colonial no País da saudade: fantasmagorias e pós-memória
2020
Colonial nostalgia is a macroscopic legacy of the Portuguese colonial experience in Africa. Due to its contacts with other feelings of loss such as melancholy, but above all in the case of Portugal, saudade, it provides the contemporary Portuguese imagination with fundamental materials (literature, cinema, visual arts and drama). Portugal feeds and reinforces the phantasmagoria of the return to the African past, which finds, especially in the Internet 2.0, an ample repertoire of places of revision and contemplation: decisively contributing to the formation of contemporary colonial memories and post-memories.
O passado inabordável e a necessidade de imaginação: Tabu, de Miguel Gomes
Novos Olhares, 2016
Tabu (2012), filme do realizador português Miguel Gomes, assumeexpressividade artística pela articulação de um enredo tecido por fragmentosde narrativas memorialísticas, em que esse arranjo se torna o principal aspectoconstituinte da obra. A esse respeito, sobrevém ainda uma disposição ficcional,como gênero narrativo, que conforma a realização. Certa “romantização” deeventos históricos específicos, cremos, potencializa em nosso objeto a expressãoda dinâmica memorialística: o retorno ao tempo perdido, a um outrora mítico,é uma empreitada impossível por natureza, inextricável de arranjos narrativos,ainda quando tratar de episódios que tiveram lugar na realidade.
Abril - Revista do Núcleo de Estudos de Literatura Portuguesa e Africana da UFF , 2013
O artigo analisa algumas das teorias dominantes em torno do conceito, controverso, de pós-memória. A pós-memória, de fato, como possibilidade de transmissão intergeracional da memória, em particular traumática, sobretudo para pessoas da esfera familiar que não viveram a experiência em causa mas mantêm um laço afetivo com quem a vivenciou, proporciona a possibilidade de rever criticamente alguns processos de fixação da memória tout-court, na sua relação tensa com a possibilidade de uma contratualização histórica. O caso associado a esta conceitualização é aquele da Guerra Colonial que Portugal combateu em África por mais de uma década (1961-1974) e que incidiu profundamente tanto na ontologia do País pós Revolução dos Cravos, como na consciência dos ex combatentes que vivenciaram as experiências traumáticas projetando a impossibilidade de simbolização dos traumas nas relações familiares. Também, pelo mito de Filomela, é analisada uma parte da produção cultural portuguesa das segundas gerações que procura vocalizar estes silêncios doloridos dos pais.
Entrelaçamento dos sujeitos e memória ancestral em “Náusea”, de Agostinho Neto
2020
O conto “Nausea”, de Agostinho Neto, tem como argumento alguns elementos importantes para que compreendamos os discursos identitarios que marcaram nao apenas a imaginacao coletiva angolana, como tambem o percurso atravessado por essa sociedade para se consolidar como unidade nacional. Em seus processos sao projetados caminhos inter-relacionais que entrelacam individuos em uma coletividade capaz de atravessar o tempo, o espaco e as diferentes realidades historicas. A compreensao desses caminhos, atraves do texto de Agostinho Neto, e o esforco critico deste trabalho, que busca, por meio de uma estrategia multidisciplinar, refletir tanto sobre o procedimento de representacao da coletividade em “Nausea”, quanto sobre o modo como a construcao do sentimento de ancestralidade torna possivel aos sujeitos perceber, questionar, interpretar e imaginar as realidades em que se inserem.
Artigo intercom memórias colonialistas
Memórias colonialistas e releituras negras, 2023
Este artigo tem o propósito de pensar em como foi perpetuada a relação de memória da população negra na diáspora americana associada à escravidão, especialmente no Brasil. Há o objetivo de entender como a imagem, e a falta dela, construiu o imaginário colonialista brasileiro, como também os olhares reivindicatórios do povo negro e suas reconstruções de memória, ao analisar de forma comparativa pinturas do século XIX - Um jantar brasileiro, Castigo de escravos e A redenção de Cam - e suas releituras negras atuais. Isto posto, pretende-se compreender a imagem para além da pintura, percebendo sua ligação com a história, cultura, tempo e relações de poder. Dessa forma, este trabalho pretende dialogar com referências sobre imagem, decolonialidade e com estudiosos sobre a memória negra.
Tocando os ossos do trauma colonial no romance «Manchay Puytu» de Néstor Taboada
Caligrama: Revista de Estudos Românicos, 2007
Resumo: Emseuromance, Manchay Puytu, El amor que quiso ocultar Dios (1977), o autor boliviano Néstor Taboada Terán consegue uma combinação da música e da culiuni andina na cidade colonial de Potosí durante o século XVIII. Este artigo centra-se no yaraví de Manchay Puytu, uma composição musical que ocupa um papel principal no romance. Ainda que este romance (baseado em uma lenda-canção quéchua) esteja ambientado na colõnia, seu eixo musical (os instrumentos particulares, a música e as idéias culturais) surgeda cultura quéchua pré-colombiana. o romance do boliviano Néstor Taboada Terán, Manchay Puytu, EI amor que quiso ocultar Dias (1977), caracteriza-se por uma extraordinária combinação da música e cultura andina na cidade colonial de Potosí durante o século XVIII. Apesar de que o romance explora uma variedade de ternas', centrarei Recebido para publicação em julho de 2007.
Tabu: de uma estória falsamente idílica ao indizível horror da História
Catalonia
«Tabou» (2012), du réalisateur portugais Miguel Gomes envoûte le spectateur par le caractère aventurier des personnages et par le désir fatal qui les unit dans le scénario exotique de l'Afrique des années 1960, mythifiée par la remémoration nostalgique de l'ancien colon. Dans cette analyse du film, nous essaierons toutefois de démontrer la façon dont, paradoxalement, à travers cette évocation romancée, le réalisateur finit en réalité par déconstruire et dénoncer de manière assez subtile et ingénieuse une certaine vision idyllique du passé colonial portugais.