DIADORIM, UM FANTASMA DE NOSSO TEMPO: APARIÇÕES E ATUALIDADE EM GRANDE SERTÃO VEREDAS (original) (raw)
Este artigo propõe uma leitura de Diadorim – Menino, vestido de jagunço, que se apresenta em toda a sua vida relatada como um bravo guerreiro, mas que se revela, enquanto morto, em um corpo de mulher – como uma imagem inapreensível do Grande sertão: veredas (1956), romance de João Guimarães. Nosso objetivo é investigar as noções de imago movente e aparição como fórmula criativa que permitiu a elaboração estética da personagem pelo autor. Gesto que contribui para a reminiscência da personagem tanto na obra (no quadro ficcional) quanto no tempo (na cultura, nas releituras e transcriações artísticas como HQs, cinema, teatro etc.). A noção de imago movente acompanha o procedimento metodológico da imagem carregada de força e vida própria, pensada numa corrente teórica que compreende a imagem enquanto movimento: Walter Benjamin (2009; 2012), Hans Belting (2011) e Didi-Huberman (1998; 2013; 2015). Verificamos com essa leitura, que questões polêmicas do nosso tempo se interconectam com temáticas do romance, atualizando, assim, a obra e ampliando o seu circuito de sentidos em um constante movimento de mudança e preservação. This article proposes a reading of Diadorim – Boy, dressed as a jagunço, who presents himself throughout his reported life as a brave warrior, but who reveals himself, while dead, in a woman’s body – as an elusive image of the Devil to Pay in the Backlands (1956), novel by João Guimarães. Our objective is to investigate the notions of moving imago and apparition as a creative formula that allowed the aesthetic elaboration of the character by the author. A gesture that contributes to the reminiscence of the character both in the work (in the fictional context) and in time (in culture, in reinterpretations and artistic transcreations such as comics, cinema, theater, etc.). The notion of moving imago accompanies the methodological procedure of the image charged with strength and life of its own, thought of in a theoretical current that understands the image as movement: Walter Benjamin (2009; 2012), Hans Belting (2011) and Didi -Huberman (1998; 2013; 2015). With this reading, we verified that controversial issues of our time are interconnected with themes from the novel, thus updating the work and expanding its circuit of meanings in a constant movement of change and preservation.