Nietzsche, a genealogia e a falácia genética (original) (raw)
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Nietzsche e a genealogia do castigo
Revista Jus Navigandi, 2007
O objetivo deste trabalho é expor e interpretar a noção de genealogia do castigo em Friedrich Nietzsche (1844–1900). Com isso, pretende-se mostrar que existem reflexões de interesse jurídico na filosofia nietzschiana, as quais podem ter papel relevante nos debates contemporâneos acerca da filosofia do direito penal. A presente pesquisa foi realizada basicamente a partir de uma leitura imanente sucedida por uma análise aprofundada, apoiada em alguns de seus principais comentadores, do conceito de castigo formulado por Nietzsche na obra "Genealogia da moral" (1887). Os resultados da pesquisa são apresentados da seguinte maneira: 1. Da genealogia do direito, que consiste em uma abordagem resumida e provisória da aplicação da genealogia ao campo do direito; 2. Do castigo como procedimento de domesticação do homem, onde se parte da tese nietzschiana de que o processo civilizatório é o da cruel domesticação do "homem animal de rapina", para compreender a função do castigo como um procedimento deste processo; 3. Do nascimento, desenvolvimento e modificações do castigo, em que se trata propriamente da genealogia do castigo, localizando seu nascimento no contexto das relações contratuais primitivas, distinguindo castigo, que é anterior, de pena, que é posterior e revelando o caráter de afeto ativo da punição; e, finalmente, 4. Da multidão de sentidos do castigo, que apresenta os motivos que levam Nietzsche a apontar a indefinibilidade do castigo, dada a pluralidade de seus sentidos, mas que situa o prazer como a esquecida dimensão fundamental da pena. Em conclusão, pode-se dizer de modo geral que a genealogia interpreta o castigo como algo humano, demasiado humano, na medida em que revela a relação profunda entre dois de seus aspectos: a crueldade e o prazer.
Genealogia como Crítica em Nietzsche
2017
O objetivo desta dissertação é analisar o estatuto filosófico da genealogia da moral de Nietzsche, em específico em seu registro crítico. Trata-se da pergunta pelos elementos semânticos e formais que constituem esse empreendimento filosófico em sua singularidade, e que lhe permitem desestabilizar hierarquias de morais vigentes e instituir a tarefa de criação de novos valores. A pesquisa está dividida em duas partes, cada uma com três capítulos: Na primeira parte são analisadas as formas de crítica à moral na filosofia de Nietzsche em três textos denominados “pré-genealógicos”, diga-se, Humano, demasiado Humano I, Aurora e Para Além de Bem e Mal, a fim de estabelecer um pano de fundo teórico que serve tanto como fundamentação como contraste para o modo como são abordadas posteriormente as especificidades da crítica genealógica. Na segunda parte do trabalho é realizada uma interpretação acerca do valor crítico do empreendimento genealógico de Nietzsche, a partir da análise de diversos aspectos da obra Genealogia da Moral de 1887. Em primeiro lugar, são depreendidos os elementos que constituem a genealogia como método em sua singularidade frente a outras forma de tratamento do problema da moral, sobretudo a partir da noção de interpretação como “exercício de vontade de poder”; em seguida, são examinados os elementos formais e performativos do texto genealógico que propiciam de efeito crítico; por fim é realizada uma interpretação acerca das consequências de uma crítica genealógica à moral no que se denominará de cenários de construção de subjetividade, sobretudo frente aos temas da ação moral e da “liberdade”. Conclui-se que a genealogia nietzschiana pode ser compreendida como um método de interpretação da história que toma em consideração o lugar discursivo e a posição avaliativa do genealogista como prerrogativa para a obtenção do que Nietzsche denomina de verdadeira “objetividade”. Trata-se de um texto hiperbólico, que visa gerar efeito crítico com a intenção de comprometer modos de valoração “fracos” em sua vigência, o que possibilita a criação de novas hierarquias de valores por parte do leitor.
Genealogia como crítica em Nietzsche e Foucault
Nietzsche, a genealogia e a história a respeito do conceito de genealogia e sua relação com a história na filosofia de Friedrich Nietzsche. A genealogia deve ser orientada pelo interesse em localizar a singularidade dos acontecimentos a partir de um conceito diferenciado de história, aquela que não procura demonstrar uma evolução e transformação dos acontecimentos, mas se interessa por uma demonstração dos significados diferentes do mesmo acontecimento, demonstrando, inclusive, momentos de sua ausência.
Nietzsche, a genealogia, a história: Foucault, a genealogia, os corpos
Resumo: Este artigo analisa as quatro primeiras partes do trabalho de Foucault Nietzsche, a genealogia, a história (1971), demonstrando que há três ênfases elaboradas sobre o procedimento genealógico. Elas são determinantes da própria práxis genealógica do pensador francês. Proponho dois momentos de análise: uma retomada e uma avaliação de aspectos da " leitura " que Foucault faz da genealogia para, a partir deste parti pris: desenvolver a consequência mais importante: ao substituir o corpo como instinto pelo sujeito como função, a genealogia foucaultiana encontra sua originalidade como genealogia de corpos históricos.
O conceito de genealogia em Nietzsche
Revista Intuitio, 2008
Este trabalho é uma interpretação do conceito de genealogia em Nietzsche através de uma leitura interna de sua Genealogia da moral. Foram localizados dois sentidos principais desse conceito: 1) genealogia é uma metodologia de investigação da história que estabelece princípios de interpretação; 2) mas é também de uma filosofia da história, uma vez que admite a pluralidade os sentidos.
Nietzsche e Turguêniev: Para Uma Genealogia Do Niilismo
Resumo: Analisa as ressonâncias do niilismo na obra de Ivan Turguêniev, refletindo sobre sua constituição histórica, seus valores e conseqüências para a modernidade. O referencial teórico da pesquisa é o pensamento de Friedrich Nietzsche, filósofo que caracterizou o niilismo como um princípio desorganizador que arruína as instituições e valores. O nihil (nada) prevalece, gerando ressentimento, declínio, desnorteamento, incapacidade de avançar e criar novos valores. A leitura das obras de Nietzsche e Turguêniev há de apontar para as possibilidades abertas ao pensamento filosófico pela literatura.
A construção da genealogia de Foucault a partir de Nietzsche
Filosofia e Educação
Este artigo tem como objetivo abordar o tratamento dado por Foucault ao tema da produção dos sujeitos e objetos do conhecimento. A partir de conceitos fundamentais de Foucault como saber, poder, prática e discurso, procuro ressaltar a influência que os textos de Nietzsche dedicados ao conhecimento tiveram sobre a abordagem genealógica foucaultiana. Passando por alguns textos de teor metodológico de Foucault, pretendo mostrar como a sua genealogia é marcada por uma crítica do conhecimento em que se questiona, a partir de uma perspectiva nietzschiana, o estatuto da relação entre sujeito e objeto e os modos de constituição da verdade são questionados.
A fisiologia e o problema do valor na genealogia de Nietzsche
Revista Sofia, 2017
Este artigo pretende investigar como Nietzsche articula os fatos fisiologicos com os valores humanos em sua genealogia da moral. A partir das analises da primeira dissertacao da Genealogia da moral mostra-se como os ‘fatos fisiologicos’ sao utilizados pelo genealogista para criticar a moral do ressentimento. A questao crucial esta em estabelecer em que sentido o conhecimento da Fisiologia pelo genealogista Nietzsche fornecera uma solucao satisfatoria ao problema do valor. This article intends to investigate how Nietzsche articulates the physiological facts with the human values in your genealogy of morals. From the analysis of the first essay of On the Genealogy of Morals is shown how ‘physiological facts’ are used by the genealogist to criticize the moral of resentment. The crucial question is to establish in what sense the knowledge of Physiology by the genealogist Nietzsche will provide a satisfactory solution to the problem of value
Nietzsche e a grande saúde: notas sobre Genealogia da Moral
Este trabalho tematiza a grande saúde em Nietzsche a partir de uma leitura de Genealogia da moral, analisando, primeiramente, os elementos que constituem aquilo que podemos chamar de um longo processo de adoecimento do homem moderno para, em seguida, apresentar a proposta nietzscheana de um ensaio inverso, isto é, a possibilidade de uma grande saúde como um movimento contrário ao vigente. Palavras-chave: Genealogia da moral. Doença. Saúde. This paper discusses the great health in Nietzsche on the basis of a reading of Genealogy of Morals. It first analyzes the elements that constitute what is called a long process of illness of modern man and then introduces Nietzsche"s proposal of a reverse experiment, i.e. the possibility of a great health as a movement opposed to the prevailing one.
A “natureza” da genealogia de Nietzsche: uma análise do naturalismo nietzscheano
Este artigo tem o objetivo de discutir o estatuto do naturalismo na obra de Nietzsche. Nos perguntamos pelos pesos e medidas que o naturalismo e as nascentes ciências do século XIX assumem junto do procedimento investigativo de Nietzsche, particularmente, em sua genealogia. Buscamos compreender até que ponto o reconhecido contato de Nietzsche com as ciências naturais e médicas de seu tempo influenciou e modelou sua forma de investigação, e, se deste contato, produziu-se algo passível de replicação, como uma metodologia nietzchiana de investigação. No limite, interessa a esta pesquisa os usos que Nietzsche dá em suas investigações genealógicas aos debates científicos e filosóficos de seu tempo, em especial, a apropriação de ideias e práticas que irão moldar sua forma de investigar.