O dilema do ensino de História nas escolas de Catalão-GO (original) (raw)

A produção do conhecimento histórico e o Ensino de História nos primeiros anos do Ensino Fundamental no município de Catalão - GO

Enciclopédia Biosfera, 2015

No presente artigo apresentamos uma primeira aproximação com o objeto de uma investigação desenvolvida pelas autoras no âmbito do Programa de Pós-graduação em História – Mestrado Profissional/UFG/INHCS/Regional Catalão. Procuramos compreender a implantação do sistema de planejamento coletivo denominado Horário de Trabalho Pedagógico Coletivo (HTPC) nas unidades escolares do Município de Catalão, bem como analisar a repercussão dessa política educacional para o Ensino de História. Metodologicamente, buscamos dialogar com a fala dos gestores da rede municipal de educação sobre o HTPC e em seguida apresentar algumas discussões sobre o papel do ensino de História. Os resultados vislumbrados a partir daí apontam para uma perda de espaço da disciplina História e a necessidade urgente de repensar este processo.

Questões desestruturantes no ensino de História

2022

Este livro é produto de uma vontade insistente de provocar sentidos. Criado com honras à Maria Farinha e ao Zé do Caroço, como uma espécie de personagens conceituais, vivemos nosso paradoxo: uma branquitude que nos leva a estar sempre à espreita e hesitantes, e a uma potência infinita para quebrar e ultrapassar as relações entre o nosso eu e os outros. Nosso objetivo é imaginar e criar condições para sonhar com relações que tenham ultrapassado os limites da nossa branquitude, do racismo estrutural e do patriarcado. Este livro quer provocar a infinidade do sentido. Abrir a aprendizagem em história à potência criativa que leva a agir e a expandir a vida. Maria Farinha e Zé do Caroço nos ajudam a criar o elo entre um pensamento livre e as condições materiais da existência da vida de professores e professoras de História. Entre a liberdade do pensamento e as circunstâncias históricas de um presente que se apresenta na forma de exclusão, fome, racismo, homofobia, discriminação, pobreza, violência, Maria Farinha e Zé do Caroço realizam a síntese de um pensamento, cuja criação se dá a partir de problemas do presente. Por isso, os dois personagens constroem um currículo de História inclusivo, aberto, que escuta os barulhos do mundo: cosmologias, modos de vida, culturas, epistemologias, metafísicas, os corpos em sua inapelável multiplicidade. Maria Farinha e Zé do Caroço nos ajudam a abandonar a prisão da linguagem e do sujeito universal, bem como de algumas de suas decorrências, como o aluno padrão, modelo de como se aprende e de como se estabelecem relações com o passado. Nossa providência mais imediata foi colocar em perspectiva nossa própria forma de dizer, de falar: temos praticado, em outros textos de nossa autoria, experiências de linguagem inclusiva, o que se traduz no uso do x, da @, do e, de expressões como os(as), modos de escrita como negros e negras, brancos/as e uma variedade de outras possibilidades. Reconhecemos que todas essas estratégias de linguagem inclusiva são insuficientes para representar o que se vê em qualquer sala de aula, que, às vezes, nem pode ser objeto de representação. Se colocamos os e as, sabemos que há aqueles que não se reconhecem exatamente em 11 Unidade I-Currículo "Zé Do Caroço" Currículos Para Outras Temporalidades Uma multiplicidade chamada Zé do Caroço Zé do Caroço é mulher; Zé do Caroço é Trans; Zé do Caroço é negro; Zé do Caroço é Kaingang; Zé do Caroço é homem; Zé do Caroço é branco; Zé do Caroço é gay; Zé do Caroço é Nilton, é Djamila; Zé do Caroço é Rodrigo; Zé do Caroço é bi; Zé do Caroço é pessoa, gente de todos os tipos e cores; Zé do Caroço é uma criança; um sorriso, uma cor; uma vida em absoluto estado de devir. Um devir louco que nunca estaciona. Zé do Caroço é um currículo; um conteúdo; uma aula de História. Leci Brandão é uma professora; uma historiadora; uma contadora de histórias, uma artista. O currículo Zé do Caroço é a emergência da guerra (de amor)-pela diferença, pelos mais pobres, pelos operários, pela vida aceita como ela se apresenta. Um currículo que suporta os acontecimentos. Faz brilhar, ao invés de apagar; deixa falar ao invés de tolher; escuta ao invés de calar; brinca ao invés de gritar; joga ao invés de metrificar; desvia ao invés de seguir em linha reta. Um currículo música: que conta histórias desde estudos rigorosos feitos pelos conceitos; que ensina História e nunca se esquiva de um problema teórico, nem metodológico, deixando escorrer pelas linhas da sala de aula. Mas, Zé do Caroço, o currículo, é mais do que os conceitos que ensinamos. Ele é excesso em relação a toda disciplina histórica. Transborda. Transforma. Contesta. E insere na sala de aula tempos não narrados; forças não formadas; potência, apenas potência em puro estado de vir a ser. Fluxo contínuo. Turbilhão de forças que fazem criar. Zé do Caroço abre o currículo para a escuta dos devires e das vidas: dos estudantes com deficiência; das meninas que têm medo das piadinhas; do aluno tímido que roga nunca ser chamado para fazer a leitura do texto ou corrigir um exercício no quadro; da fome e da violência que às vezes se esconde nas palavras mal ditas, na provocação e no deboche; ou no deboche puro e simples. Zé do Caroço é a escuta em si mesma. A abertura por onde o diálogo se torna possível. Um currículo não binário; um currículo não moral; um currículo para as histórias que ainda haveremos de contar, dos passados que ainda haveremos de inventar. Somos todas professoras feitas de sangue e magia; de carnes e sonhos; de "Cronos" e "Aion"; de identidades e de um vazio sempre à espreita para poder contemplar a eterna novidade do mundo. Zé do Caroço foi um morador da Vila Isabel, no Rio de Janeiro, que inspirou Leci Brandão a compor a Música com seu nome. Sugerimos a apreciação do documentário sobre a vida do líder comunitário: A Voz do Pau da Bandeira-Trailer. Disponível em: <https://www.youtube. com/watch?v=FAAmxcxGDOM>. Acesso em: 21 out. 2021. Leci Brandão Zé do Caroço No serviço de alto-falante Do morro do Pau da Bandeira Quem avisa é o Zé do Caroço Que amanhã vai fazer alvoroço Alertando a favela inteira Como eu queria que fosse em Mangueira Que existisse outro Zé do Caroço (Caroço, Caroço) Pra dizer de uma vez pra esse moço Carnaval não é esse colosso Nossa escola é raiz, é madeira Mas é o Morro do Pau da Bandeira De uma Vila Isabel verdadeira Que o Zé do Caroço trabalha Que o Zé do Caroço batalha E que malha o preço da feira E na hora que a televisão brasileira Distrai toda gente com a sua novela É que o Zé põe a boca no mundo É que faz um discurso profundo Ele quer ver o bem da favela Está nascendo um novo líder No morro do Pau da Bandeira Está nascendo um novo líder No morro do Pau da Bandeira No morro do Pau da Bandeira No morro do Pau da Bandeira

Os reveses do ensino de História Antiga no Brasil

2019

O presente artigo tem como objetivo principal refletir acerca da nova BNCC e suas consequências para a História Antiga, considerando o papel do livro didático como material de auxílio do professor e discorrendo também, sobre a pesquisa e o ensino na área de História Antiga no Brasil. Ressaltando a importância da produção científica nesse campo do conhecimento para questionar e perceber a alteridade e diversidade cultural. Palavras-Chave: História Antiga; BNCC; livro didático; pesquisa; ensino. Resumen El presente artículo tiene como objetivo principal reflexionar acerca de la nueva BNCC y sus consecuencias para la Historia Antigua, considerando el papel del libro didáctico como material de ayuda del profesor y discurriendo también, sobre la investigación y la enseñanza en el área de Historia Antigua en Brasil. Resaltando la importancia de la producción científica en ese campo del conocimiento para cuestionar y percibir la alteridad y diversidad cultural. Palabras-Clave: Historia Antigua; BNCC; libro de texto; la investigación; educación.

Eles não sabem de nada - Os desafios do Ensino de História diante da atual realidade escolar.

Uma das frases mais comuns escutadas e proferidas nas salas de professores sobre os nossos alunos é a que abre este tópico: "eles não sabem nada", dita num tom entre a indignação e a perplexidade. Então analisemos o que subjaz a esta idéia. De um lado há a inexistência de um conjunto de conhecimentos prévios sobre o conteúdo da série anterior àquela que estamos lecionando. Ora se o aluno se encontra na 5ª série do Ensino Fundamental ele não sabe nada do que deveria ter sido ensinado na série imediatamente anterior e assim progressivamente. Quando este mesmo aluno estiver na 6ª série do Ensino Fundamental espera-se que ele tenha aprendido o que era o conteúdo no ano anterior... Na realidade, não é isso que acontece, mas justamente o contrário. Inusitadamente nossos alunos sabem menos sobre os ditos conteúdos curriculares da disciplina de História a cada ano, por mais esforços que seus professores façam, ou seja: nós. O que estará acontecendo ou deixando de acontecer em nossas salas de aula? Situação II: "Eles não querem nada com nada" Outra das frases costumeiras diz respeito a falta de vontade em aprender e em estar na escola para aprender que nossos jovens apresentam. Diante de um professor com um vasto potencial de explicações ou diante de um quadro repleto de informações absolutamente úteis, nossos amados alunos perguntam: a que horas irá tocar o sinal ou se algum professor faltou (o que aventa a hipótese de um 1 Licenciada pela UFRGS, Professora da rede pública estadual de ensino lecionando atualmente: Colégio Estadual de Ensino Fundamental e Médio Elpídio Ferreira Paes e Escola Estadual de Ensino Médio Infante Dom Henrique, ambos em Porto Alegre. Possui Especialização em História Contemporânea/FAPA e Supervisão Educacional/FAPA.

“Não Tá Morto Quem Peleia” – Os Desafios Do Ensino De História Diante Da Atual Realidade Escolar

Ágora, 2009

A presente analise propoe-se a discutir as formas de construcao das relacoes humanas no ambiente escolar que constroem significados para o conhecimento que e incessantemente construido e reconstruido pelos seus multiplos agentes. Para alem do conjunto de competencias que a disciplina historica e as demais devem desenvolver, ou sobre as prescricoes que as instituicoes publicas federais, estaduais e municipais nos impoem, ou ainda sobre a inexistencia de uma politica de valorizacao da figura do docente; apontamos para a necessidade de discutirmos a importância do vinculo emocional a ser construido entre o docente e seu aluno, de como isso faz a diferenca entre o interesse e o desinteresse nao pelo estudo propriamente dito, mas pelo processo educacional como um todo.

O TEMPO COLONIZADO: um embate central para o ensino de História no Brasil

2019

O artigo parte da ideia do ‘tempo colonizado’ por uma narrativa-mestra eurocêntrica como um impasse ainda não superado pelo ensino de História no Brasil. Expõe como este problemafoi enunciado num momento de grande efervescência dos debates em torno da Educação, expressando a crise e o desejo de um novo código disciplinar da História nos finais da década de 1980. Adiante, examina os enfrentamentos e resistências a mudanças na organização do tempo histórico no ensino escolar, desde as discussões curriculares do final dos anos 1990 até a disputaem torno da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), entre 2015 e 2016. Como umas das possibilidades para a superação dos impasses, apresenta e propõe o paradigma decolonial com o intuito de aprofundamento e reflexão sobre as bases epistemológicas e políticas para a construção do currículo escolar de História brasileiro. Ao final, lança algumas indagações, sugerindo a ponderaçãosobre a relação entre a formação inicial dos docentes de História e o ...

Combates pelo ensino de história

Combates pelo ensino de história, 2022

Combates pelo Ensino de História reúne uma amostra dos resultados preliminares de parte da primeira turma (2020) do Programa de Pós-Graduação em Ensino de História / Mestrado Profissional (PROFHISTÓRIA) da Universidade Federal do Sul e Sudeste do Pará (UNIFESSPA), Campus Xinguara que se somam a dois convidados externos e cujos intentos visam, no conjunto, entrelaçar reflexões sobre a distância entre normas e práticas educacionais, mediante temas e abordagens inovadoras, além de debater os desafios e as conquistas do universo escolar.

GÊNERO E ENSINO DE HISTÓRIA: DEMANDAS DE UM TEMPO PRESENTE

Organização de protestos públicos para garantir a igualdade de gênero". Essa foi a alternativa C da amplamente debatida questão 1 da prova de Ciências Humanas e suas Tecnologias no Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) de 2015. A referida questão, em relação a qual pudemos observar as mais diversas reações, dizia respeito a máxima "Ninguém nasce mulher: torna-se mulher", de autoria de Simone de Beauvoir, citada textualmente no enunciado. As intensas reações à presença dessa questão no exame puderam ser percebidas no dia mesmo de sua realização, quando observamos o que se comentava em diferentes redes sociais. Posicionamentos de entusiasmo e alegria, pela visibilidade nacional possibilitada ao movimento feminista, dividiram espaço com críticas e reprovações ao caráter supostamente "indevido" da questão. Dentre as manifestações de agrado, podemos citar a veiculação de inúmeras fotos da questão, ilustradas com corações e exclamações. Os incontáveis compartilhamentos vinham comumente acompanhados por legendas entusiasmadas como: "eu vivi para ver um dia o Exame Nacional do Ensino Médio, Enem, perguntar sobre Simone de Beauvoir e o feminismo <3" e "Sabe por que é certo militar? Porque teve questão sobre feminismo e cultura patriarcal no Enem". 40 De maneira diametralmente contrária, o desagravo também se fez presente. Nesse sentido, reproduzimos abaixo a postagem de um promotor que ganhou grande repercussão devido ao teor inusitado de sua assertiva: