A Nova Babilónia ou a rua como um hapenning non stop de comprido. In Revista Crítica de Ciências Sociais (RCCS), Nº. 99; Special Issue: Beyond the Creative City, 2012, p.167-184, ISSN 0254-1106. (original) (raw)

Este artigo discute A Nova Babilónia, a meta-cidade desenvolvida num período de quase vinte anos (1953-56/1974) por Constant Nieuwenhuis (1929-2005) e apresentará argumentos para que seja lida como uma variante de agit-monumento, uma manifestação da anti-arte pública e anti oficial, uma “idorritmia” urbana, que se ergue contra a desvalorização quotidiana do “conhece-te a ti próprio”, contra o facto da vida moderna exortar cada vez menos os homens à vida filosófica, à consciência crítica, a actuarem politicamente para mudarem as suas condições sociais. Entendemos aqui a Nova Babilónia, a super-urbe situacionista, como uma sociedade sem espectáculo mas na sua essência comunitária, como o lugar histórico onde o contraste entre o existente e o possível é superado onde se concretiza “o reencontro das forças separadas pelo desenvolvimento da economia mercantil”. Que forças separadas são essas? A ideia de comunidade, o sentido crítico do estar no mundo, a separação do sujeito entre uma dimensão política, (o cidadão, vinculado a uma comunidade abstracta por meio de inscrições burocráticas obrigatórias), e uma económica, (o trabalhador, assalariado o vendedor da sua força de trabalho física ou intelectual), vinculado a uma comunidade que é dirigida por quem lhe compra a sua força de trabalho e por quem gere e decide do seu tempo, uma comunidade em que as acções do indivíduo são dirigidas verticalmente.