Poéticas e políticas do corpo e do movimento (original) (raw)

2023, XIII Congresso Internacional de Educação Física e Motricidade Humana e XIX Simpósio Paulista de Educação Física

Corpo Solto, evento de improvisação ocorrido no SESC, Campinas/SP, é abordado como acontecimento de experimentação de dança, cuja atmosfera se revela como campo político de experiências poéticas. Como obra aberta, a plateia é convidada a dançar com os improvisadores, dançarinos e músicos, e a dar vida a um corpo que cria dança improvisando. Nesse momento, dissolve-se a dicotomia palco/plateia e todos, simultaneamente e juntos, criam o improviso. Uma estética se revela entre micromovimentos de dança, resolvidos coletivamente entre corpos que improvisam juntos e, nesse sentido, ela é relacional. Qualquer pessoa pode fluir no acontecer do improviso de dança dessa proposta. Qualquer pessoa pode sentir a composição “livre” de dança abrir espaços outros em si mesma, enquanto se aprofunda na experimentação de movimentos de dança com o seu corpo e com os corpos de outras pessoas e com a música e com o espaço, enfim, com tudo que é acionado e atualizado no momento do improviso. E isso ocorre muito rapidamente, dificultando qualquer procedimento racionalizado; em contrapartida, a improvisação desperta e lapida uma inteligência sensível tipicamente corporal. Ao “entrar na experiência”, ou ainda, quando o corpo cotidiano dá lugar a um corpo paradoxal (José Gil), resistências de diferentes ordens já estão minimizadas, então, é possível se deixar impregnar da atmosfera, que perpassa e envolve a experiência em curso. Interessante pensar como os participantes capturam as intensidades (forças poéticas), que circulam pela atmosfera do acontecimento, em meio ao deslocamento caótico dos corpos em movimento. O que essa experiência nos revela sobre viver coletivamente?