Entrevista Ana Carla Bruno (original) (raw)
Wamon - Revista dos alunos do Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal do Amazonas
O povo Waimiri Atroari é historicamente marcado pelo genocídio promovido pelo Estado Brasileiro, quando da construção da BR-174 (durante a Ditadura Militar no Brasil), tendo ainda sofrido impacto direto pela construção da Usina Hidrelétrica de Balbina no rio Uatumã, localizada no município de Presidente Figueiredo (Amazonas). Neste contexto, em meados da década de 1990, Ana Carla Bruno integrou parte da equipe de trabalho no âmbito do Programa Waimiri Atroari, decorrente do Termo de Compromisso TC-002/87 firmado entre Eletronorte e FUNAI, pensado como medida compensatória por todos os danos decorrentes da construção da UHE Balbina. Por este projeto, Ana Carla Bruno lecionou e realizou levantamento de dados sobre a língua Waimiri Atroari. Assim, seus trabalhos refletem os cotidianos e as lutas de populações indígenas no estado do Amazonas, com enfoque nos processos de deslocamentos e territorializações, e ainda nos aspectos sociais, culturais, morfológicos e sintáticos das línguas indígenas junto às comunidades linguísticas, promovendo o entendimento político da diversidade linguística enquanto pauta tanto nos territórios tradicionais, quanto nos centros urbanos. Nesta entrevista, Ana Carla Bruno comenta ainda sobre a Década Internacional das Línguas Indígenas (2022-2032) pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e os movimentos realizados por indígenas no Brasil, frente ao histórico processo de silenciamento de suas línguas.