GRAMSCI E UMA TEORIA GERAL DO MARXISMO -I (original) (raw)
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GRAMSCI E UMA TEORIA GERAL DO MARXISMO
v. 5, 2020
Durante seu período de prisão, incluindo anos na clínica, sempre em condições de detenção, Gramsci foi forçado a mudar sua situação-isto é, a perda da liberdade pessoal, a derrota de seu partido e todo o movimento proletário na Itália e na Europa-reconsiderar a mesma concepção da revolução, sem contudo renunciar a essa perspectiva. Mas deve mudar sua natureza, suas modalidades: não mais um ato, mas um processo destinado a construir uma contra-hegemonia ao poder burguês, um processo que se baseia no papel fundamental dos intelectuais orgânicos na classe proletária. Mas, para chegar a essa conclusão, Gramsci precisa inovar poderosamente a concepção marxista, abandonando primeiro a dogmática do marxismo-leninismo imposta pela Rússia e pelo Comintern, iniciando e introduzindo novos elementos no mesmo corpo do pensamento de Marx, por exemplo, sobre o assunto, o papel do Estado, a identificação e definição das classes dominadas, não mais simplesmente "proletários" ou "trabalhadores", mas Artigo © Rev.
GRAMSCI E UMA TEORIA GERAL DO MARXISMO -2
RESUMO Durante seu período de prisão, incluindo anos na clínica, sempre em condições de detenção, Gramsci foi forçado a mudar sua situação-isto é, a perda da liberdade pessoal, a derrota de seu partido e todo o movimento proletário na Itália e na Europa-reconsiderar a mesma concepção da revolução, sem contudo renunciar a essa perspectiva. Mas deve mudar sua natureza, suas modalidades: não mais um ato, mas um processo destinado a construir uma contra-hegemonia ao poder burguês, um processo que se baseia no papel fundamental dos intelectuais orgânicos na classe proletária. Mas, para chegar a essa conclusão, Gramsci precisa inovar poderosamente a concepção marxista, abandonando primeiro a dogmática do marxismo-leninismo imposta pela Rússia e pelo Comintern, iniciando e introduzindo novos elementos no mesmo corpo do pensamento de Marx, por exemplo, sobre o assunto, o papel do Estado, a identificação e definição das classes dominadas, não mais simplesmente "proletários" ou "trabalhadores", mas 1 Angelo d'Orsi è stato professore ordinario di Storia del pensiero politico all'Università di Torino. Ha insegnato anche numeose altre discipline. È stato visiting professor in vari atenei, in particolare in Brasile e in Francia. Studioso del pensiero di Antonio Gramsci, si occupa di storia della cultura e degli intellettuali nell'età contemporanea, di nazionalismo e fascismo, di guerre e di pacifismo, di metodologia storiografica e di storia della storiografia. Svolge anche attività di conferenziere a livello internazionale e di commentatore giornalistico.
v. 4, 2019
O presente texto buscou compreender o tratamento de Antonio Gramsci ao fascismo italiano, no marco da complexidade, indicando elementos de sua origem, implementação e consequências políticas e sociais para a Itália e Europa. Gramsci o define como uma expressão política ocidental no momento em que as classes dominantes estão fragmentadas e fragilizadas na relação com os grupos subalternos. Também indica que o pensador não admite simplificações na leitura de um fenômeno que deve ser compreendido pela dialética, uma vez que possui suas mediações em todas as dimensões sociais, incluindo o campo cultural. De outro lado é também a indicação do limite das classes dominantes por não conseguirem produzir a ampla sociabilidade, tendo que impor seus projetos via coerção dos grupos subalternos. É um movimento que se expressa como revolução passiva ou “revolução-restauração” e incorpora, especialmente a partir de 1900, o modelo da cooptação de grupos inteiros para o projeto das classes dominantes, também conhecido como transformismo.
GRAMSCI E A TEORIA CRÍTICA DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS
RESUMO: O texto tem por objetivos: a) discutir o estatuto epistemológico de Gramsci e Horkheimer, autores justapostos em uma vertente teórica conhecida como Teoria Crítica das Relações Internacionais; b) esboçar uma análise demonstrando o distinto estatuto epistemológico dos autores mencionados e justapostos na vertente teórica em pauta; c) iniciar uma reflexão apontando a inexistência de acuracidade nessa vertente teórica inaugurada pelo cientista político canadense Robert W. Cox ao ignorar a justaposição de aspectos epistemológicos diferentes entre si e não buscar as conseqüências teóricas a partir de categorias centrais respectivamente de Gramsci e Horkheimer, a saber, hegemonia e emancipação. Palavras-chave: Gramsci. Horkheimer. Robert W. Cox. Teoria Crítica. Hegemonia. ABSTRACT: This text has the following aims: a) to discuss Gramsci and Horkheimer's epistemological status, joined authors in an theoretical approach known as Critical Theory of International Relations; b) to draft an analysis in order to show the mentioned and joined authors' different epistemological statuses in the theoretical approach in discussion; c) to begin a reflection pointing the absence of accuracy in this approach-whose beginning happened with Canadian political scientist Robert W. Cox – due to joining different epistemological statuses and ignoring the theoretical consequences put by respective central Gramsci and Horkheimer's concepts: hegemony and emancipation.
A QUESTÃO MERIDIONAL EM GRAMSCI E GLOBALIZAÇÃO CONTRA- HEGEMÔNICA
Revista de Educação Técnica e Tecnológica em Ciências Agrícolas , 2017
RESUMO: Este trabalho pretende analisar a Questão Meridional em Gramsci e fazer uma relação com o processo atual de globalização. A Questão Meridional foi importante para o projeto hegemônico de Gramsci, que buscou examinar a emancipação política do ponto de vista do mais subordinado. Assim, o projeto hegemônico se forma não a partir da classe trabalhadora turinense, mas das "massas desagregadas" do Sul; ou seja, das condições mais baixas, não das mais progressivas. Da mesma forma, pode-se conceber nos dias atuais um processo de globalização contra-hegemônica, com origem não nos países centrais, mas nos movimentos populares ao redor do mundo. ABSTRACT: This paper seeks to analyze the Southern Question in Gramsci and to relate it with the current process of globalization. The Southern Question was important to Gramsci's hegemonic project, which sought to examine political emancipation from the point of view of the subaltern. Thus, the hegemonic project is formed not from Turin's working class, but from the "disaggregated masses" of the South; that is, from the lowest, not the most progressive, conditions. Likewise, one can conceive of a contemporary process of counter-hegemonic globalization, originating not in the central countries, but in popular movements around the world.
PRÁXIS E FORMAÇÃO HUMANA: A CONCEPÇÃO "INTEGRAL" DE GRAMSCI
v. 2, 2017
Não posso abordar o tema que me foi designado sem levar em consideração a realidade dramática que estamos vivendo no Brasil e que vem se precipitando nesses últimos meses. Parto dessa premissa, porque, se formos fieis ao espírito do legado deixado por Gramsci, a compreensão do seu pensamento ou dos seus conceitos não pode se limitar a análises técnicas e teóricas, mas, conforme ele apontou, precisa tornar-se uma “filologia vivente” (Q 11, §25, p. 1430) 1, ou seja, um estudo rigoroso do texto indissociavelmente vinculado às necessidades históricas e aos “problemas postos pela realidade, que são bem determinados e ‘originais’ na sua atualidade” (Q 11, §12, p. 1377). Procurarei, portanto, interpretar “práxis e formação humana” frente à crise que abala o Brasil e às lutas empreendidas pelos movimentos sociais e as organizações políticas populares contra a mais destruidora ofensiva desferida pela recrudescência do neoliberalismo.
A ANÁLISE DE GRAMSCI SOBRE A REVOLUÇÃO RUSSA E O SEU MARXISMO ENTRE 1917-19
Revista Capoeira, 2019
Abordamos neste texto a produção jornalística do teórico sardo Antonio Gramsci (1888-1947) sobre a Revolução Russa entre 1917-19. Acompanhamos as reflexões do autor, do seu apoio imediato e constante à Revolução, passando pelo aprofundamento do conhecimento, pelas tentativas de compreender os novos ele-mentos históricos ali presentes e pelas mudanças e readequações de posição relativas ao tema neste período curto, mas extrema-mente profícuo, de sua elaboração teórica. Abordamos, ainda, o tipo de marxismo professado por Gramsci naquele momento, a partir da análise imanente de seus textos e da referência a suas influências teóricas anteriores. Palavras-chave: Antonio Gramsci; Revolução Russa; marxismo. ____________________________________ ABSTRACT It is tackled in this text the journalistic production of the Sardini-an theorist Antonio Gramsci (1888-1947) on the Russian Revolution from 1917-19. We follow the author's considerations, from his immediate and constant support to the Revolution, passing through a deeper comprehension, the attempts to understand the new historical elements presented and through the changes and readequations in position relating to the theme in this short, but extremely prolific, period on his theoretical elaboration. We also approach the kind of Marxism professed by Gramsci at that moment , based on the immanent analysis of his texts and the reference to his previous theoretical influences.
GRAMSCI E OS CONSELHOS DE FÁBRICA (1919-1920)
v. 4, 2019
No âmbito acadêmico e político, o nome de Gramsci irrompe em diversos cenários. No Brasil, o autor pôde ser analisado por diversos prismas: voltado à educação, às questões culturais, à política e até mesmo tornou-se alvo de muitas polêmicas infundadas. O Gramsci que intelectuais competentes examinam, mormente é estudado a partir do período em que o comunista sardo esteve no cárcere. Em contraponto, este artigo surge como fruto de pesquisa da obra pré-carcerária de Gramsci e tem como objetivo principal compreender as formulações teóricas e práticas do jovem sardo durante o Biennio Rosso, a partir de artigos publicados por Gramsci no L'Ordine Nuovo.