Intolerância Religiosa e Mídias Digitais: O Debate Interdisciplinar Em Foco (original) (raw)
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Intolerância Religiosa e as Mídias: Análise Do Discurso Em “O Caso Evandro”
Revista Alterjor
Este artigo busca, tendo como base os estudos sobre estigmas sociais e os conceitos compartilhados por linhas teóricas da análise do discurso, analisar as formas pelas quais os discursos de intolerância religiosa se apresentam nas narrativas dos episódios do caso que ficou, nos anos de 1990, conhecido como “Bruxas de Guaratuba”. Além disso, pretende identificar e apontar os possíveis efeitos de sentido em relação ao reforço ou questionamento dos estigmas sociais cristalizados e reproduzidos pelos discursos veiculados no podcast “Projeto Humanos: O Caso Evandro” (2018-2020). Este artigo concentra algumas constatações obtidas em iniciação científica realizada na Escola de Comunicações e Artes da USP, sob orientação da Profª. Drª. Rosana de Lima Soares.
Política como Religião: Ciberdemocracia & Intolerância nas Novas Mídias
A recente eleição para presidente de Donald Trump acendeu o alerta no mundo todo sobre a possibilidade de que podermos ter algum tipo de autoritário, fascista ou qualquer tipo de maluco na presidência de uma grande nação dotada de armas nucleares. A descrença de que a democracia deveria nos defender contra um tipo de governo que julgávamos relegado ao passado, tem gerado uma série de discussões desde as mais bizarras e paranoicas até outras rebuscadas e acadêmicas, questionando a validade das formas democráticas de voto. Cresceu também entre os brasileiros o medo (para alguns) e a esperança (para outros) de que políticos tidos pelos primeiros como " fanfarrões desbocados " e como representantes dos " valores tradicionais " pelos segundos, venha a seguir a trilha de Trump e se tornem nosso presidente. O que parece que parte das pessoas não se deu conta – mas principalmente a imprensa – é que a tática de Trump foi baseada no velho jargão " falem mal mas falem de mim ". O ganho de mídia da campanha do americano foi extraordinária dentro e fora dos EUA. Era impossível não ligar a televisão ou abrir a internet e não encontrar com a figura alaranjada do candidato. Na imensa maioria das vezes esta figura era relatada ou tinha um subtitulo irônico ou mesmo de agressivo ataque: o resultado agora todos sabemos qual foi. Parte do problema tem sido diretamente relacionado a expansão das redes sociais sob o argumento de que atualmente estamos vivendo uma espécie de ciberdemocracia 1 em que as pessoas podem comunicar-se diretamente e organizarem-se sem o controle centralizado do Estado. Não raro também, neste sentido, é usado como exemplo o " governo por tuítes " 2 de Trump. Entre as diversas autocriticas que poderíamos fazer, queria me ater a uma: Por que quando um político considerado fanfarrão diz coisas como " Vamos eliminar os drogados " a imprensa, em vez de ironizar a frase, não age da mesma maneira que quando aborda um politico " sério " ? Isto é, por que – em vez de tomar como brincadeira/loucura-não lhe pergunta detalhadamente como ele pretende realizar esta ação? Lacan assinalou que no processo primeiro de identificação (Estádio do Espelho) uma das resultantes é a agressividade, isto é, Lacan coloca a agressividade como força intrínseca de todo ser humano, não apenas dos " maus " humanos. O processo de identificação passa não somente pela mimetização daqueles que admiramos mas também pela construção de diferenças em relação ao " outro estranho a mim " (seja pais, vizinhos ou amigos). Algo que está em jogo aqui e que parece passar despercebido é a força politica que o ódio tem como aglutinador de pessoas que estão a espera de alguém que organize seu ódio por elas. Este ódio pode ser resultado em parte deste sentimento particular em relação ao " outro estranho " , que quando somado em milhões de pessoas e capturado por um candidato, pode produzir um tipo de discurso intolerante. De outro lado o espetáculo nas redes sociais (especialmente, mas não só nelas) podem ser um teatro narcísico onde cada um tenta defender-mais que suas ideias politicas-a sua própria crença 3. No campo da politica isto pode significar uma forma de defesa de crença pessoal (por exemplo em um candidato que você acreditou honesto ou progressista ou defensor dos valores tradicionais) que não raro resulta em uma defesa que ultrapassa qualquer situação fática, podendo ser entendida mais como uma defesa da integridade do Eu, uma forma uma defesa narcísica. Esta situação não atinge somente " ignorantes " , " não-analisados " , " fascistas " , " comunistas " e tantos outros significantes utilizados nos posts agressivos encontrados nas mídias sociais, mas qualquer um, lembrando a lição freudiana de que a informação e a educação não necessariamente afeta o modo como percebemos o mundo: nosso inconsciente afeta nossa percepção de mundo.
Leitura Crítica De Tirinhas: Enfrentando a Intolerância Religiosa
2020
Reconhecendo o foco do ensino de Lingua Portuguesa no texto como ponto de partida e chegada (BRASIL, 1998), discutimos nesse artigo a insercao da leitura critica do genero tirinha, a partir de uma intervencao pedagogica realizada como parte das acoes/pesquisas do PROFLETRAS. Nesse contexto, a tematica foi fundamental pois a intolerância religiosa tambem esta na ordem do dia na sociedade brasileira e a escola nao pode se furtar a refletir sobre questoes tao caras a formacao cidada. Posto isso, a reflexao aqui proposta se baseia nos postulados do texto (Antunes (2010); Cavalcante (2017); Costa Val (1999); Kleiman (2006); Marcuschi (2008); Silva (2018)), bem como do discurso na perspectiva da analise critica, mais especificamente no que concerne a interdiscursividade (Fairclough, 2001; Resende e Ramalho, 2013). No que se refere a importância do genero tirinha para o desenvolvimento deste trabalho, recorremos as contribuicoes de Mendonca (2002) e Santaella (2012). Alem disso, alguns aut...
MÍDIA E RELIGIÃO: Análise intersemiótica de uma polêmica
POLÊM!CA , 2013
O objetivo deste trabalho é analisar discursivamente uma polêmica, tomando como base os preceitos teóricos da Análise do Discurso de orientação francesa, em especial, Maingueneau (2008). Entende-se que a materialidade discursiva não se compõe apenas de "palavras", mas também de elementos pertencentes a outros domínios semióticos (pictórico, musical etc.) que são mobilizados para marcar posicionamentos pró e contra um determinado tema, neste caso, uma polêmica envolvendo suposta lavagem de dinheiro por meio de uma religião neopentecostal. O corpus é constituído de imagens coletadas em duas revistas que trataram da citada polêmica e as principais conclusões dizem respeito ao enriquecimento do processo de leitura/interpretação do texto quando se enxerga as imagens como prática discursiva e intersemiótica. This paper presents a discursive analysis of a controversy, based on the Discourse Analysis theories, especially Maingueneau (2008). We understand that the discursive materiality is not composed only by "words", but also by elements from other semiotic domains (pictorial, musical etc.), mobilized to mark positions for and against a particular issue, in this case, a controversy involving alleged corruption of a neopentecostal religion. The corpusis made of images from two magazines which noticed the polemics. The main conclusion concern to the improvement of reading process when the images are seen as a discursive and intersemiotic practice.
Último Andar
O Diálogo Inter-religioso está na contemporaneidade e é alvo de grandes reflexões, sendo tema recorrente por parte das Ciências da Religião. O mesmo instaura a comunicação e o relacionamento entre fiéis de tradições religiosas diferentes, envolvendo partilha de vida, experiência e conhecimento. O respeito à identidade do outro e à sua religiosidade é o elemento mais importante durante o processo. Entretanto, o que se pode observar por parte de alguns grupos religiosos no Brasil, é a resistência para a escuta e a firmação de posições de hostilidade contra denominações que não comungam de seus conceitos e crenças. No Brasil, as religiões de matriz africana são as que mais sofrem intolerância religiosa através de grupos pentecostais e neopentecostais. Baseada no pré-conceito daquilo que não se conhece, a intolerância gera ações discriminatórias não somente contra a instituição religiosa, nesse caso, as de matriz afro, como a seus fiéis. Baseando-se nessa intolerância ainda sofrida pela...
Liberdade De Expressão e Ofensa Religiosa
2020
In this article, I argue against censoring artistic works taken as offensive by religious believers. Initially, I discuss Mill's harm principle and Feinberg's offense principle. I show that they do not form a basis for censorship. Next, I show that moral conservatism also fails as a basis for censorship. I present part of Mill's argument for freedom of speech and debate and agree with its conclusion, but I also propose that freedom of speech and debate is not incompatible with religious belief.
O Duplo Vínculo Entre a Dádiva Religiosa e Mediática
Animus. Revista Interamericana de Comunicação Midiática, 2020
Este artigo condensa resultados de uma pesquisa sobre um fenômeno midiático-religiosa, do movimento carismático no Brasil, liderado por Padre Robson de Oliveira. Mobilizando o método abdutivo, apresenta um conjunto de inferências a partir de indícios, mobilizando operações inferenciais diversas. Estas inferências se referem ao a participação dos fiéis em contexto religioso, a configuração do circuito midiático construído e à constituição do Padre Robson em líder carismático, referenciado em processos midiáticos retroalimentados, na perspectiva da midiatização. Buscamos, nas inferências transversais, localizar esse fenômeno como parte das transformações dos fenômenos religiosos no Brasil, acionadas e articuladas com observações das interações e fluxos em meios-dispositivos.
Violência por intolerância no meio digital: primeira aproximação ao tema
Educação e Emancipação no Pensamento Latino-Americano, 2018
Realizamos aqui primeira incursão a campo no universo da violência por intolerância no meio digital. Objetivamos por meio deste estudo - qualitativo, descritivo, de natureza básica e procedimentos bibliográfico/ documental- validar a hipótese inicial de existência de espaços de violência nas interações sociais online, de comunicação entre atos de violência online e offline, e de que esses espaços de violência online se formam, em grande parte, graças à intolerância aliada ao efeito bolha da internet. Para tanto, começamos por uma apresentação breve de conceitos – a saber, plataformas de redes sociais (BOYD; ELLISON, 2008; ELLISON; BOYD, 2013; PARKER; VAN ALSTYNE; CHOUDARY, 2017; VAN DIJCK, 2013) e o efeito do filtro bolha (PARISER, 2011) -, situando estes no universo do ciberespaço (LÉVY, 1997). Apresentamos e refletimos sobre a questão da tolerância – e seu oposto, a intolerância (FREIRE, 2016). Trazemos também à discussão o conceito de violência (ŽIŽEK, 2015) e de espaços de violência (GILES, 2006). Apresentamos caso empírico de violência por intolerância com repercussões online e offline, com a descrição e análise de alguns dados sobre o caso. Concluímos com reflexão sobre o caso em relação ao construto teórico proposto, e sobre a necessidade da convergência entre os dois grandes temas abordados – a saber, plataformas de redes sociais e espaços de violência -, em vista do caso prático de violência por intolerância no meio digital apresentado, enfatizando a importância do diálogo e apontando possíveis caminhos de investigação futura. Optamos pela análise desse caso em particular pelo fato de esses atos de intolerância online, ao serem veiculados pela mídia tradicional, ultrapassarem os limites do espaço digital. A nosso ver, esse exercício valida a importância de um futuro aprofundamento do estudo sobre o tema de violência por intolerância no meio digital, ao mesmo tempo apontando um possível caminho de estudo – a saber, a convergência entre estudos de redes sociais na internet, violência e tolerância.
A reconexão do "religioso" em redes comunicacionais online: o caso "Diversidade Católica"
As práticas sociais no ambiente online, a partir de lógicas midiáticas, ressignificam o fenômeno religioso. Neste artigo, analisamos a divulgação no Facebook do 1º Encontro Nacional de Católicos LGBT, ocorrido no Rio de Janeiro em 2014, organizado pelo grupo Diversidade Católica como um momento de partilha e troca de experiências entre católicos LGBTs brasileiros. Apresentamos, primeiro, a identidade do grupo e sua relevância no contexto sociorreligioso brasileiro. Em seguida, aprofundamos o conceito de reconexão, como processo sociossimbólico de interação em rede. Descrevemos, depois, postagens da página do Diversidade Católica no Facebook, que apontam para ações comunicacionais de reconexão, analisando-as a partir de suas lógicas de condensação. Por fim, concluímos que, em plataformas como o Facebook, vão se construindo saberes-fazeres alternativos sobre o catolicismo, mediante uma prática político-eclesial dos usuários comuns.