Liberalismo e democracia em Carlos Lacerda (1950-1955) (original) (raw)

Abstract

O objetivo deste artigo é investigar como Carlos Lacerda se apropriou de discussões promovidas no contexto da revolução de 1930 a respeito da cultura e da política no Brasil. De modo mais específico, cumpre perguntar de que modo o jornalista interpretou a relação entre liberalismo e democracia, tendo em vista o espaço de experiência demarcado pela ditadura de 1937 e o horizonte de expectativa oferecido pela “democracia das elites”. Para responder essa questão, farei uma discussão sobre a relação entre liberalismo e democracia, seguida de comentários relativos à obra de Oliveira Vianna, Azevedo Amaral e Francisco Campos. Por fim, analisarei artigos publicados por Carlos Lacerda na Tribuna da Imprensa, entre 1950 e 1955, período que engloba o segundo governo Getúlio Vargas, duas eleições presidenciais e diversos questionamentos à institucionalidade democrática. The purpose of this article is to investigate how Carlos Lacerda appropriated discussions promoted in the context of the 1930 revolution regarding culture and politics in Brazil. More specifically, it is necessary to ask how the journalist interpreted the relationship between liberalism and democracy, in view of the space of experience demarcated by the 1937 dictatorship and the horizon of expectation offered by the “democracy of the elites”. To answer this question, I will discuss the relationship between liberalism and democracy, followed by comments on the work of Oliveira Vianna, Azevedo Amaral and Francisco Campos. Finally, I will analyze articles published by Carlos Lacerda in the Tribuna da Imprensa, between 1950 and 1955, a period that includes the second Getúlio Vargas government, two presidential elections and several questions about democratic institutions.

Loading...

Loading Preview

Sorry, preview is currently unavailable. You can download the paper by clicking the button above.

References (38)

  1. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 3º out. 1952.
  2. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 2 jan. 1950.
  3. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 2-3 set. 1950; 7 ago. 1951.
  4. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 22 jan. 1953.
  5. HOLLANDA, Cristina Buarque de; COSER, Ivo. Realismos autoritário e liberal: aspectos da imaginação sobre representação política em fins do Século XIX e princípios do XX. DADOS -Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 59, n. 3, p. 903-946, 2016. 49 BOBBIO, 1997.
  6. No livro Palavras e ação, Carlos Lacerda se identifica como um "idealista prático" fiel a certos princípios (democracia e liberdade, principalmente), mas flexível diante das circunstâncias (meios). Cf. LACERDA, Carlos. Palavras e ação. Rio de Janeiro: Record, 1965. p. 100-101.
  7. Em um de seus artigos publicados na Tribuna da Imprensa, Lacerda defende a construção de uma "terceira via" entre socialismo e capitalismo, que reconheça a importância do indivíduo, da iniciativa e da propriedade privadas, do planejamento econômico e das crenças e valores predominantes no povo, particularmente, do cristianismo. E adverte que, embora a "participação de todos" seja um pré-requisito de seu 54 Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 1 jun. 1950.
  8. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 7 nov. 1950.
  9. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 10 mai. 1954.
  10. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 13, 14-15, 18 ago. 1954.
  11. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro, 8 set. 1955. REVISTA ÁGORA, v. 34, n. 2, e-2023340204, ISSN: 1980-0096 liberalismo e democracia em carlos lacerda (1950-1955) autoritarismo, tão distante e, ao mesmo tempo, tão próximo de nós.
  12. Tribuna da Imprensa. Rio de Janeiro: Sociedade Anônima Editora Tribuna da Imprensa, 1949-2008.
  13. Obras Gerais AMARAL, Azevedo. O Estado autoritário e a realidade nacional. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1938.
  14. BOBBIO, Norberto. Intelectuais e poder. In: BOBBIO, Norberto. Os intelectuais e o poder: dúvidas e opções dos homens de cultura na sociedade contemporânea. São Paulo: Editora da Universidade Estadual Paulista, 1997, cap. 6, p. 67-90.
  15. BOBBIO, Norberto. Liberalismo e democracia. São Paulo: Edipro, 2017.
  16. BOSI, Alfredo. A escravidão entre dois liberalismos. Estudos Avançados, São Paulo, v. 2, n. 3, p. 4-39, set.-/dez. 1988.
  17. CAMPOS, Francisco. Diretrizes do Estado nacional. In: CAMPOS, Francisco. O Estado nacional: sua estrutura, seu conteúdo ideológico. Brasília: Senado Federal, Conselho Editorial, 2001, cap. 2, p. 39-69.
  18. CANDIDO, Antonio. O significado de Raízes do Brasil. In: HOLANDA, Sérgio Buarque de. Raízes do Brasil. 27. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2014, prefácio, p. 9-24.
  19. CARVALHO, José Murilo de. Entre a liberdade dos antigos e a dos modernos: a República no Brasil. In: CARVALHO, José Murilo de. Pontos e bordados: escritos de história e política. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998, cap. 4, p. 83-106.
  20. CHALOUB, Jorge Gomes de Souza. O liberalismo entre o espírito e a espada: a UDN e a República de 1946. 2015. 311 f. Tese (Doutorado em Ciência Política) -Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2015.
  21. DEBERT, Guita Grin. Ideologia e populismo: Adhemar de Barros, Miguel Arraes, Carlos Lacerda, Leonel Brizola. Rio de Janeiro: Centro Edelstein de Pesquisas Sociais, 2008. DULLES, John W. F. Carlos Lacerda: a vida de um lutador. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992, v. 1.
  22. Disponível em: http://memoria.bn.br/hdb/periodico.aspx. Acesso em: 6 mar. 2023. REVISTA ÁGORA, v. 34, n. 2, e-2023340204, ISSN: 1980-0096 liberalismo e democracia em carlos lacerda (1950-1955)
  23. FERREIRA, Fabrício. "O último dos panfletários brasileiros": Carlos Lacerda e a memória dos jornalistas. 2021. 137 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação) -Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2021.
  24. GOMES, Ângela de Castro. O redescobrimento do Brasil. In: GOMES, Ângela de Castro. A invenção do trabalhismo. 8 reimpr. Rio de Janeiro: Editora FGV, cap. 5, p. 189-210.
  25. HOLLANDA, Cristina Buarque de; COSER, Ivo. Realismos autoritário e liberal: aspectos da imaginação sobre representação política em fins do século XIX e princípios do XX. DADOS - Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 59, n. 3, p. 903-946, 2016.
  26. KELLER, Vilma. Carlos Lacerda. In: CPDOC. Dicionário histórico-brasileiro (1930- 1995). Rio de Janeiro: CPDOC-FGV, 1983. Disponível em: https://www18.fgv.br/cpdoc/ acervo/dicionarios/verbete-biografico/carlos-frederico-werneck-de-lacerda. Acesso em: 6 de março de 2023.
  27. KOSELLECK, Reinhart. "Espaço de experiência" e "horizonte de expectativa": duas categorias históricas. In: KOSELLECK, Reinhart. Futuro passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. 3 reimpr. Rio de Janeiro: Contraponto: Ed. PUC-Rio, 2012, cap. 14, p. 305-327.
  28. LACERDA, Carlos. A Casa do meu avô. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1977.
  29. LACERDA, Carlos. Palavras e ação. Rio de Janeiro: Record, 1965.
  30. LYNCH, Christian Edward Cyril. Liberalismo: Brasil. In: FERNÁNDEZ SEBASTIÁN, Javier (dir.). Diccionario político y social del mundo iberoamericano. La era de las revoluconaes. Iberconceptos I. Madrid: Fundación Carolina; Sociedad Estatal de Commemoraciones Culturales; Centro de Estudios Políticos y Constitucionales, 2009, v. 1, cap. 6, p. 744-755.
  31. LYNCH, Christian Edward Cyril. Do despotismo da gentalha à democracia da gravata lavada: história do conceito de democracia no Brasil (1770-1870). DADOS -Revista de Ciências Sociais, Rio de Janeiro, v. 54, n. 3, p. 355-390, 2011.
  32. LYNCH, Christian Edward Cyril. Um conservadorismo estatista: nacionalismo, democracia cristã e crítica do neoliberalismo na obra de Oliveira Vianna. Revista Política Hoje, v. 27, edição esp., p. 9-26, 2018.
  33. MENDONÇA, Marina Gusmão de. O demolidor de presidentes. São Paulo: Códex, 2002.
  34. OLIVEIRA, Lucia Lippi. Elite intelectual e debate político nos anos 30. DADOS, Rio de Janeiro, n. 22, p. 75-97, 1979.
  35. POCOCK, John G. A. Introdução: o estado da arte. In: MICELI, Sergio (org.). Linguagens do ideário político. Tradução de Fábio Fernandez. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2003, cap. 1, p. 23-62.
  36. PRADO JÚNIOR, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. 12 ed. São Paulo: Brasiliense, 1972.
  37. SKINNER, Quentin. Significado e compreensão na história das ideias. In: SKINNER, Quentin. Visões da política: sobre os métodos históricos. Algés: DIFEL, 2005, cap. 4, p. 81-126.
  38. VIANNA, Oliveira. Instituições políticas brasileiras. 2 ed. rev. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio, 1955. 2 v. Recebido em 29/07/2022 -Aprovado em 06/03/2023