NARRATIVAS MÚLTIPLAS NO SÉC. XXI: Ritmo, análise e multiculturalidade; “can the pot really melt? (original) (raw)
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Nos últimos anos, observa-se no cenário urbano brasileiro o cruzamento entre novas formas de espiritualidade e práticas terapêuticas alternativas. Diferentes denominações têm sido utilizadas para definir tais experiências. Diversas publicações antropológicas e sociológicas, porém, já convencionam tratar o fenômeno com a denominação geral de culturas da Nova Era. Neste texto, pretende-se realizar uma reflexão, do ponto de vista terapêutico, sobre este tipo de trabalho e também sobre o exercício espiritual, além dos procedimentos visando ao alívio e à cura dos males ou sintomas no interior desse universo. Questões como a noção de trabalho, o espaço e os comportamentos ritualísticos, o tempo ritual e o tempo terapêutico, a relação terapêutica, as performances narrativas, os mediadores simbólicos, a relação entre mitos coletivos e narrativas pessoais são discutidas e relacionadas aos significados deste tipo de trabalho. Observa-se que, no decorrer de cada processo de tratamento, o objeto da cura dá lugar ao indivíduo como um todo. Um dos sentidos do presente trabalho é o empoderamento do indivíduo e a emergência do sujeito.
Revista da Associação Brasileira de Pesquisador@s Negr@s - ABPN, 2018
Resumo: O presente artigo apresenta resultados de uma prática pedagógica para implementação da Lei Federal 10.639/03, em uma unidade educativa de Educação Infantil da Secretaria Municipal de Educação de Florianópolis. As ações realizadas buscaram apresentar às crianças com idades entre 4 e 5 anos, ontologias e cosmovisões a partir das culturas e saberes africanos, diferentemente da visão monocultural eurocêntrica latente nos currículos. Tal prática pedagógica emergiu da perspectiva do multiculturalismo, vislumbrando assim, pensar em uma pedagogia da diferença de caráter antirracista. Os resultados evidenciam que as crianças se apropriaram dos conhecimentos por meio de variadas linguagens, sendo possível romper com atitudes que levem formação de preconceitos e ideias prévias negativas relacionadas às identidades e culturas. Palavras-chave: multiculturalismo; educação infantil; prática pedagógica.
ROTINAS E DESCAMINHOS DE DIVERSIDADE NA MORFOLOGIA DO PORTUGUÊS
O meu domínio de trabalho é o da análise morfológica e da formação de palavras, tendo como matéria-prima a minha língua materna, ou seja, o Português. Costumo dizer que os dados que descrevo são dados do Português Europeu Contemporâneo, e só recentemente me apercebi da ambiguidade desta fórmula. Com efeito, contrariamente ao que sempre pretendi salvaguardar, ou seja, que as descrições que apresento não podem impor-se a outras variedades do Português, compreendi que a expressão pode ser interpretada como se os dados que eu tivesse para mostrar fossem particulares dessa variedade da língua. Um olhar sobre alguma da recente produção científica brasileira mostra que as expressões Português do Brasil / Português Brasileiro ocorrem também com crescente frequência na delimitação do objecto de trabalho. No domínio da morfologia encontrei, por exemplo:
Mpb: multicultural poética brasileira
Literatura e sociedade: narrativa, poesia, cinema, …, 2005
A pergunta sobre a possibilidade da letra de canção, a palavra poética que se apresenta em contexto rítmico-melódico, vir a ter a mesma qualidade estética do que a poesia, o verbo se desenhando em ambiência gráfico-espacial, guarda em si questões que vão deslizar, inevitavelmente, para o universo do peso dos valores artísticos, o que acarreta sempre em infindáveis debates impressivos, por mais que o leque de instrumentais utilizados na comprovação de teorias seja pertinente e eficaz. É mais interessante e produtivo, com isso, lançar a questão para uma outra dimensão, para o espaço crítico-criativo que concebe a palavra poética como verbo viajante, atravessando suportes e territórios que reconfiguram incessantemente o espectro de sua especificidade de linguagem, ziguezagueando entre os limites do apoético e do ultrapoético, revitalizando ou enfraquecendo, de acordo com o uso a que é submetida, sua condição lingüística de palavra inventiva.
O ERUDITO E O POPULAR: DIALOGAL CRIATIVO NA DIVERSIDADE CULTURAL
THE ERUDITE AND THE POPULAR: CREATIVE DIALOGUE IN CULTURAL DIVERSITY, 2019
O presente artigo visa abordar a complexidade da formação cultural de um determinado povo. Tratando especificamente do uso problemático dos termos: cultura erudita e cultura popular como distintivos e isolados de uma realidade holística. Com base na pesquisa sobre textos de autores da história cultural buscamos avaliar tal fato, demonstrando que esses movimentos se traspassam constantemente e que é igualmente difícil caracterizar o que é dominante e dominado em cultura. Abstract This article aims to address the complexity of the cultural background of a particular people. Dealing specifically with the abuse of the terms: high culture and popular culture as distinctive and isolated in a holistic reality. Based on the survey authors of cultural history texts we seek to assess this fact, showing that these movements are constantly pierce and it is also difficult to characterize what is dominant and dominated culture. Existe uma real bifurcação entre cultura dominante e dominada? Estaria para nós de maneira inequívoca tal distinção fronteiriça entre o que vem a ser alta cultura e cultura popular, sobretudo nas Américas? Esta questão é levantada por Roger Chartier (1995, p.182) ao citar Lawrence W. Levine. Por toda parte, na sociedade da segunda metade do século XIX, a cultura americana eslava passando por um processo de fragmentação [...]. Ele se manifestava no declínio relativo de uma cultura pública compartilhada que, na segunda metade do século XIX, se estilhaçou numa série de culturas
NARRATIVAS BRASILEIRAS CONTEMPORÂNEAS: ALGUNS TEMAS E IMPLICAÇÕES
O ensaio aborda e analisa alguns temas e características da prosa brasileira contemporânea, prosa que incorpora esteticamente o contesto social das grandes cidades do país. Concentrar-me-ei sobretudo sobre o romance Subúrbio de Fernando Bonassi, publicado em 1994, considerado um marco não só pelo tema que aborda e por seu realismo brutal, mas incorporar, em sua estrutura híbrida, diversos tipos de linguagens.
Nísia Floresta, O Carapuceiro e outros ensaios de tradução cultural
Revista de Antropologia, 1997
Fraya Frehse Mestranda do Departamento de Antropologia-USP O que podem ter em comum três jornais femininos ingleses de início do século XVIII, um periódico literário francês de meados do mesmo século, outro jornal, desta vez um pioneiro da incipiente imprensa brasileira de inícios do XIX e a suposta tradução livre, por uma brasileira daquele mesmo momento, de um tratado feminista do século XVIII? Muita coisa. É o que demonstra o instigante trajeto histórico-literário que a educadora-historiadora Maria Lúcia G. Pallares-Burke nos convida a realizar pelos cinco ensaios de seu recém-publicado livro Nísia Floresta, O Carapuceiro e outros ensaios de tradução cultural. Por um lado, o que une os cinco ensaios-capítulos é a natureza do material neles analisado. Trata-se das "chamadas obras menores", de "segunda grandeza"; textos, portanto, cuja própria denominação deixa intuir uma certa discriminação que os envolve e que se refere não só à sua qualidade literária mas também à sua utilidade em termos propriamente "científicos". A fim de justificar a escolha do seu objeto de pesquisa, a autora faz uma breve incursão pela história das idéias, demonstrando que o preconceito com relação a essas obras é combatido já em inícios do século XVIII. Nesse sentido, nota Pallares-Burke, um historiador francês daquele momento, Ricarol, enfatiza que "tão absurdo quanto escrever uma história natural só citando 'os elefantes, os rinocerontes e as baleias' é escrever a história do espírito humano 'como se a natureza não tivesse feito medrar ao redor de Eurípides, de Sófocles e de Homero... uma multidão de pequenos poetas que viviam frugalmente da charada e do madrigal'" (:10). Apoiando-se em historiadores dos mais diversos períodos, como Sainte-Beuve (século XIX), Arthur Lovejoy (década de 1930) e, mais recentemente, Robert Darnton, Roger Chartier e Edward Thompson, a autora enfatiza que esses textos são fundamentais tanto pelo imaginário de época que refle