Resistir na língua: a literatura indígena contra o silenciamento monolíngue (original) (raw)
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Traços de Linguagem - Revista de Estudos Linguísticos, 2019
Tomando o discurso como uma rede, puxo fios para desenvolver algumas reflexões acerca do modo como a pesquisa para a compreensão da língua, da história e os seus efeitos na escrita/sobre uma escrita específica é fundamental no processo de subjetivação da mulher indígena, na materialidade dos textos que produz, considerando as particularidades étnicas. O objetivo amplo do artigo é analisar escritas de Eliana Potiguara, principalmente, sequências discursivas do livro: Metade cara, metade máscara (2004) e a relação que ela estabelece com a língua escrita alfabética como prática de denúncia, de resistência, à revelia dos processos de naturalização, oficialização, convenção linguísticas e interdição da língua própria.
Um evento de (bi)letramento em língua indígena: reflexos de uma política linguística Terena
Revista Horizontes de Linguistica Aplicada, 2013
Este texto apresenta dados de pesquisa realizada junto a professores indígenas a partir de oficinas de produção de textos em língua Terena que tiveram como objetivo produzir textos nessa língua a fim de servirem à produção de material didático na escola. A metodologia adotada seguiu os preceitos sugeridos por Vóvio e Souza (2005) para pesquisas na área de Linguística Aplicada que focalizam práticas sociais de letramento. As oficinas de produção de textos em língua Terena tiveram a participação de 16 professores indígenas. Os dados foram analisados a partir do pressuposto de que (a) em contextos bilíngues, as línguas não ocupam compartimentos isolados (Maher, 2007a), (b) há uma conjunção entre as práticas de letramento nas duas línguas em questão (Hornberger, 1989/2003) e (c) o letramento não tem o mesmo significado nos diferentes contextos culturais (Street, 2006). Os resultados demonstraram que o biletramento que emergiu nas oficinas de textos focalizadas evidencia um procedimento ...
Busca de um diálogo intercultural : literatura indígena no Brasil
Études romanes de Brno
O presente estudo foca na produção literária dos autores indígenas brasileiros, um fenômeno relativamente recente, relacionado estritamente à conquista dos direitos políticos e sociais pelos povos nativos no território do país. A questão central do artigo gira em torno de uma reflexão sobre como as obras dos autores indígenas que começaram a surgir nas prateleiras das livrarias brasileiras na década de 1990, não são alcançáveis pelo conceitos tradicionais da literatura ocidental. Para a compreensão da literatura indígena em sua complexidade e plenitude mostra-se necessário entendê-la como uma manifestação cultural mais abrangente, da qual também nós fazemos parte.
Um evento de (bi)letramento em língua indígena: reflexos de uma política linguística Terena 1
Resumo Este texto apresenta dados de pesquisa realizada junto a professores indígenas a partir de oficinas de produção de textos em língua Terena que tiveram como objetivo produzir textos nessa língua a fim de servirem à produção de material didático na escola. A metodologia adotada seguiu os preceitos sugeridos por Vóvio e Souza (2005) para pesquisas na área de Linguística Aplicada que focalizam práticas sociais de letramento. As oficinas de produção de textos em língua Terena tiveram a participação de 16 professores indígenas. Os dados foram analisados a partir do pressuposto de que (a) em contextos bilíngues, as línguas não ocupam compartimentos isolados (Maher, 2007a), (b) há uma conjunção entre as práticas de letramento nas duas línguas em questão (Hornberger, 1989/2003) e (c) o letramento não tem o mesmo significado nos diferentes contextos culturais (Street, 2006). Os resultados demonstraram que o biletramento que emergiu nas oficinas de textos focalizadas evidencia um proced...
Linguajamentos e contra-hegemonias epistêmicas sobre linguagem em produções escritas indígenas
Este artigo, resultado de uma pesquisa qualitativa documental, discute práticas epistêmicas sobre linguagem de autoras e autores indígenas residentes no Brasil. Com base em autoras e autores indígenas e não indígenas — decolonialistas e pós-estruturalistas — confrontamos suas concepções de linguagem, considerando a construção das sociedades indígenas como o outro/objeto, que está presente na produção hegemônica de saber sobre linguagem. Consideramos o processo de silenciamento a que as etnias indígenas foram sujeitadas, e também o processo de resistência e apropriação de práticas e conceitos dos não indígenas, assim como coexistência de conceitos como língua, escrita e identidade. Como conclusão, apontamos a necessidade de ampliar o olhar epistemológico para dar conta de práticas discursivas coexistentes às do não indígena.
Letrônica
Defendemos que a voz-práxis estético-literária das minorias e, no caso, do/as intelectuais ou escritores/as indígenas é marcada por quatro características fundamentais que lhe definem a constituição, o sentido e a vinculação epistemológico-políticos: parte da condição política e politizante, carnal e vinculada das e como minorias, que são uma construção política, tanto em termos de singularidade antropológica quanto sob a forma de exclusão, silenciamento, marginalização e violência que sofrem; possui uma ligação e uma dependência inextricáveis entre comunidade grupo-tradição e indivíduo, fundando e dinamizando um eu-nós lírico-político que não dissocia pertença à comunidade e ao grupo relativamente à experiência individual, recusando, com isso, a perspectiva de uma subjetividade absoluta-desvinculada e voyeurista-apolítica; vai da afirmação da tradição comunitária e da singularidade antropológica à crítica do presente, a tradição e a pertença comunitárias e a singularidade antropoló...
A presença indígena na Literatura Brasileira
Lumen
Resumo: Este artigo é resultado de uma pesquisa realizada por meio do Núcleo de Pesquisa da Faculdade Frassinetti do Recife-FAFIRE, com o objetivo de compreender como os povos indígenas estão retratados na Literatura Brasileira. A pesquisa bibliográfica foi realizada durante os anos de 2020 e 2021, fundamentada principalmente em Bosi (2017), Almeida (2019), Luciano (2006) e Silva (2020), que possibilitaram uma análise crítica acerca da Literatura Brasileira e das culturas indígenas do país. Os resultados apontaram para uma representação estereotipada dos povos indígenas, que os coloca sempre como selvagens ou passivos, ignorando a importância dos nativos na construção do país e nas lutas contra a expropriação pelos colonizadores. Esperamos, portanto, que esse estudo seja um contributo para a discussão étnico-racial no país, por meio da Literatura Brasileira, possibilitando uma perspectiva crítica e social das obras produzidas ao longo dos séculos, a fim de contribuir para uma sociedade menos preconceituosa. Palavras-chave: Literatura Brasileira. Escolas Literárias. Culturas indígenas.
Alea: Estudos Neolatinos
Resumo Argumentaremos, por meio da análise da literatura produzida por intelectuais indígenas brasileiros/as hodiernos/as, acerca da centralidade do lugar de fala das minorias em termos de crítica, reconhecimento e resistência. Enfatizaremos a imbricação e o sustento entre epistemologia e política que convergem e aparecem diretamente no sujeito-grupo menor. Sua singularidade antropológica e sua condição de marginalização, exclusão e violência, uma vez publicizadas política e culturalmente, implicam na desnaturalização e na politização da sociedade, pluralizando histórias, experiências, sujeitos, práticas e valores. Assim, no sujeito-grupo de minorias, converge o próprio processo histórico-político de formação da sociedade, em suas potencialidades e contradições. É aqui que a voz-práxis estético-literária das minorias adquire toda a sua pungência e, por meio da abertura paradigmática possibilitada pela arte, leva a uma perspectiva de descolonização da cultura e de descatequização da ...
Diversidade linguística indígena
LIAMES: Línguas Indígenas Americanas
Em esta publicação, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) descreve os resultados obtidos no I Encontro Internacional sobre Diversidade Linguística (I EIDLI), realizado no âmbito do II Congresso Internacional sobre Revitalização de Línguas Indígenas e Minoritárias (II CIRLIN), realizado na Universidade de Brasília, entre os dias 1 e 4 de outubro de 2019. O I EIDLI contou com a participação de indígenas do Brasil, México, Guatemala, Peru e Chile.
Literaturas de autoria indígena
Literaturas de autoria indígena, 2022
Os artigos e as entrevistas que compõem este e-book são resultados das ações do projeto de pesquisa O escritor nativo por ele mesmo: literatura e representação (2020-2022) desenvolvido na Universidade do Estado de Mato Grosso – UNEMAT – campus de Sinop, sob a coordenação da Profa. Luzia Aparecida Oliva. O objetivo do projeto, já concluído, consistiu em divulgar, ler e debater acerca da produção literária de autoria indígena no Brasil e ampliar seu alcance. Assim, as obras foram lidas por estudantes de graduação e pós-graduação, professores do Ensino Básico e Superior, de diversas instituições, entre elas, UNEMAT, UnB, UEA que contribuíram de maneira significativa na divulgação de autores e obras. Os encontros virtuais (Plataforma Google Meet) possibilitaram o acesso a muitos profissionais da educação que não poderiam participar se fossem realizados de maneira presencial. Isso também se justifica em virtude da pandemia que impôs outros caminhos tecnológicos a serviço da pesquisa e extensão. Estamos certos de que o projeto cumpriu sua finalidade socioeducacional e, agora, torna público o resultado por meio de artigos de pesquisadores e entrevistas com escritores indígenas. Registra-se o agradecimento aos envolvidos que fizeram esse percurso de leitura e se propuseram a manter viva a tradição dos povos originários pelas histórias narradas e pelas vozes autorais.