América Latina e Palestina: consolidando a cooperação Sul-Sul para o desenvolvimento (original) (raw)
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As relações América Latina-Palestina sob a ótica da cooperação Sul-Sul
2015
Ao longo da última década, um total de 22 países latino-americanos formalmente reconheceram a Palestina como Estado soberano. O que motivou essa onda de reconhecimento, assim como outros gestos de apoio que se seguiram? O artigo analisa as decisões tomadas pelos governos desses países no contexto da intensificação da cooperação Sul-Sul e do discurso de solidariedade, assim como as iniciativas concretas lançadas a partir dos acordos de cooperação. O argumento central é que o reconhecimento do Estado palestino por países latino-americanos reflete um processo duplo de legitimação política. Do lado palestino, a manobra diplomática representa o reconhecimento não apenas de um conjunto de indivíduos, e sim de uma nação palestina com história e identidade próprias, digna de atuar no plano internacional em pé de igualdade jurídica com os demais Estados. Para os Estados da América Latina, o reconhecimento formal da Palestina também tem peso simbólico importante, pois substancia o discurso de...
Note: This paper was awarded the 2014 Edward Said Prize from the Latin American Council for Social Science (CLACSO). The text is in Portuguese. Ao longo da última década, um total de 22 países latino-americanos formalmente reconheceram a Palestina como Estado soberano. O que motivou essa onda de reconhecimento, assim como outros gestos de apoio que se seguiram? O artigo analisa as decisões tomadas pelos governos desses países no contexto da intensificação da cooperação Sul-Sul e do discurso de solidariedade, assim como as iniciativas concretas lançadas a partir dos acordos de cooperação. O argumento central é que o reconhecimento do Estado palestino por países latino-americanos reflete um processo duplo de legitimação política. Do lado palestino, a manobra diplomática representa o reconhecimento não apenas de um conjunto de indivíduos, e sim de uma nação palestina com história e identidade próprias, digna de atuar no plano internacional em pé de igualdade jurídica com os demais Estados. Para os Estados da América Latina, o reconhecimento formal da Palestina também tem peso simbólico importante, pois substancia o discurso de cooperação Sul-Sul e solidariedade promovido por muitos dos governos da região e abre portas para acordos e projetos de cooperação. No entanto, essa dupla legitimação depende da capacidade dos atores envolvidos de implementar e manter iniciativas concretas de cooperação em um contexto de elevada instabilidade no Oriente Médio e de contestação política.
O Brasil, a América do Sul e a cooperação Sul-Sul
O sétimo capítulo, intitulado “O Brasil, América do Sul e a cooperação Sul-Sul”, de autoria de Walter Antonio Desiderá Neto, discute de modo original a atuação do Mercosul como coalizão internacional, com uma agenda Sul-Sul em questões substantivas de política internacional e de cooperação para o desenvolvimento. Articuladamente com a inserção externa do bloco, a análise incorpora a atuação do Brasil junto aos seus parceiros no interior do Mercosul, numa dimensão intrarregional da cooperação para o desenvolvimento.
O Oriente Médio na Agenda Brasileira de Cooperação Sul-Sul (2000-2020)
Conjuntura Global, 2020
Este artigo tem como propósito identificar o Oriente Médio na agenda brasileira (2000-2020) de Cooperação Sul-Sul, ferramenta demasiadamente explorada pela diplomacia brasileira como fonte de poder brando. Os países do Oriente Médio representam um importante destino dos produtos da agropecuária brasileira, setor estratégico de economias exportadoras de produtos primários. Como método de análise, explorou-se o repositório da Agência Brasileira de Cooperação, o acervo do Ministério das Relações Exteriores e artigos acadêmicos. A relação, que até então era apenas migratória e cultural, ganha uma notoriedade política e econômica a partir da década de 1970. O Brasil aproximou-se de forma inédita e estratégica de países árabes, como o Iraque, Arábia Saudita e Líbia, para resguardar-se de uma importante vulnerabilidade energética. Porém, por diferentes variáveis, a relação deteriorou-se a partir da metade dos anos de 1980. O trabalho sustenta que a ascensão do presidente Lula da Silva foi ...
2020
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Integração Contemporânea da América Latina da Universidade Federal da Integração Latino-Americana, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Integração Latino-Americana.O Brasil como Potência Média, tem à sua disposição importantes recursos de poder, vasto território, população numerosa, um parque industrial considerável, uma economia relativamente dinâmica e diversificada e uma estratégia de inserção internacional que busca assegurar maior protagonismo nas Relações Internacionais. Historicamente, tem adotado uma diplomacia proativa na busca de soluções multilaterais para muitos dos problemas internacionais, defendendo uma postura cooperativa, em que muitas vezes, inclui participar da resolução de conflitos. Embasado nas experiências de cooperação Sul-Sul brasileiras com países africanos, asiáticos e latino-americanos, pode-se atestar um grau de eficiência e credibilidade do potencial brasileiro em promover proje...
RELACult - Revista Latino-Americana de Estudos em Cultura e Sociedade, 2017
O estudo analisa o cenário contemporâneo multicultural no extremo sul do Brasil nas cidades gêmeas Chuí-Chuy (Brasil- Uruguay) com ênfase na cultura árabe decorrente dos fluxos migratórios. Visa-se apresentar a relevância da cultura árabe e seus papéis sociais na cooperação local e formação de políticas de aperfeiçoamento dos serviços básicos da população. O trabalho parte do ápice dos conflitos étnicos, religiosos e territoriais entre os países do Oriente Próximo, na década de 1970, enfocando os palestinos, em disputas territoriais com o estado de Israel. Tal como elucida um provérbio árabe de que o exílio com riqueza é uma pátria e uma pátria com pobreza é um exílio, muitos indivíduos e famílias fugiram dos conflitos e buscaram construir uma nova vida na América Latina e encontraram nas regiões de fronteira o ambiente para trabalharem e manifestarem sua cultura e religião de maneira prospera. Conclui-se que a cultura árabe na região estudada se tornou uma importante ferramenta de ...
Cerca de meio milhão de palestinos e seus descendentes residem atualmente na América Latina - a maior diáspora palestina fora do mundo árabe. No entanto, a produção acadêmica sobre o tema é ainda escassa, dispersa e desconectada daquela produzida sobre/no Oriente Médio. Entre o Velho e o Novo Mundo segue ricas trajetórias de palestinos, segundo dois eixos concomitantes: o primeiro, histórico, acompanha palestinos desde a Palestina Histórica até o presente dos Territórios Ocupados e da diáspora; o segundo, geográfico, acompanha o deslocamento de palestinos desde a Palestina Histórica até a América Latina. Por mais diversa que seja, sujeitos nas mais distantes partes do mundo, desde o Oriente Médio à América Latina e além, se identificam intensamente com sua palestinidade. O pertencimento social palestino é assim um tema fundamental de questionamento antropológico. Quais os mecanismos pelos quais palestinos vivem a palestinidade e por que insistem tanto em sua autodeterminação nacional, são duas das mais extraordinárias questões exploradas aqui, em toda a sua complexidade. Para tanto, o livro conta com a colaboração de alguns dos maiores especialistas no assunto, unificando o debate internacional e tornando-se, assim, o primeiro livro dedicado, exclusivamente, à comparação entre palestinos no Oriente Médio e na América Latina.
Dissertação, 2021
RESUMO O objeto desta pesquisa são os fatores condicionantes da aproximação diplomática entre o Brasil e a Palestina, na perspectiva da política externa brasileira (PEB), no período entre 1947 e 1991. Primeiramente, abordar-se-á o Conflito Israelo-Palestino em perspectiva histórica, além das consequências deste para o sistema internacional, considerando especialmente as inúmeras Resoluções das Nações Unidas para o tema. Em seguida, serão abordados os antecedentes político-diplomáticos da aproximação do Brasil e da Palestina observados a partir das ações da política externa brasileira (PEB), especialmente a postura brasileira na Assembleia Geral das Nações Unidas, desde a criação do Estado de Israel (1948) até a mudança na postura internacional do Brasil em relação aos palestinos, da década de 1970. O último momento da pesquisa busca compreender as modificações na política externa brasileira (PEB) em prol do posicionamento pró-Palestina a partir principalmente da Guerra do Yom Kippur (1974), abrangendo destacadamente o período que vai dos choques do petróleo (1974 e 1979) à Primeira Guerra do Golfo (1991) e o fim da Primeira Intifada (1993), quando houve uma desaceleração nessa aproximação. Defende-se que o posicionamento das autoridades brasileiras pró-Palestina após a década de 1970 conferiu à diplomacia brasileira caráter conciliador na região do Oriente Médio, além de ter contribuído para o incremento de novos temas e atores à agenda internacional brasileira. Palavras-chave: Política Externa Brasileira; Diplomacia; Relações Brasil-Palestina; Conflito Israelo-Palestino. The object of this research are the conditioning factors of the diplomatic approach between Brazil and Palestine, from the perspective of the Brazilian foreign policy (PEB), in the period between 1947 and 1991. First, the Israeli-Palestinian Conflict will be approached in a historical perspective, in addition to the consequences of this for the international system, especially considering the numerous United Nations Resolutions on the subject. Then, the political and diplomatic antecedents of the approximation of Brazil and Palestine will be observed from the actions of the Brazilian foreign policy (PEB), especially the Brazilian posture in the United Nations General Assembly, since the creation of the State of Israel (1948) until the changes in the international stance of Brazil in relation to the Palestinians, from the 1970s. The last moment of the research seeks to understand the changes in the Brazilian foreign policy (PEB) in favor of the pro-Palestinian stance starting mainly from the Yom Kippur War (1974), covering the period from the oil shocks (1974 and 1979) to the First Gulf War (1991) and the end of the First Intifada (1993), when there was a slowdown in this approach. It is argued that the position of Brazilian pro-Palestinian authorities after the 1970s gave Brazilian diplomacy a conciliatory character in the Middle East region, in addition to contributing to the increase of new themes and actors on the Brazilian international agenda. Keywords: Brazilian Foreign Policy; Diplomacy; Brazil-Palestine Relations; Israeli-Palestinian conflict.