Enciclopédia de Antropologia - Jean Rouch (original) (raw)
Jean Rouch, um antropólogo-cineasta
2012
por lá passaram pessoas que tinham as mais–e continuam tendo, inclusive, pois isso também perdura até hoje–, diversas formações, que é inclusive o meu caso: alguém que tinha formação em cinema e foi fazer doutorado em cinema antropológico. E havia também psicólogos, historiadores, sociólogos, antropólogos, enfim, estudantes oriundos dos mais diversos horizontes acadêmicos. E por quê? Porque Jean Rouch considerava que esse campo é um campo multidisciplinar e essa é a minha opinião também.
Jean Rouch -Filme etnográfico e Antropologia Visual
Resumo: Procuramos em torno de duas conversas com Jean Rouch ocorridas em 1992 e 1995 organizar algumas notas para utilização dos estudantes. Posteriormente estas conversas foram editadas em DVD e utilizadas em múltiplos contextos, nomeadamente na 12 a Mostra Internacional do Filme Etnográfico do Rio de Janeiro. As contínuas solicitações destes materiais levam-nos a organizar e a apresentar estas notas. Estamos certos de que as conversas com Rouch mereciam mais ampla reflexão e a participação de outros autores. Deixaremos esta missão para uma ulterior publicação. Apraz-nos disponibilizar aqui as lições de Rouch, referência incontornável do cinema etnográfico.
A antropologia reversa de Jean Rouch: de "Os mestres loucos" a "Pouco a pouco"
A obra de Jean Rouch pode ser conectada com uma série imensa de debates na antropologia contemporânea. Eu gostaria de frisar apenas um deles, aquele proposto pelo antropólogo norte-americano Roy Wagner em torno da noção de "antropologia reversa" -uma antropologia que faz com que certas reflexões lançadas pelos nativos sejam tratadas como se fossem antropologia. Eu arriscaria dizer que se a antropologia visual de Rouch é, em primeiro lugar, compartilhada, ela é em muitos momentos também reversa. Filmes bastante diversos entre si, como Os mestres loucos (1954) -o primeiro filme etnográfico de Rouch focado num contexto urbano -e Petit à petit (1970) -uma etnoficção de tom satírico -, são excelentes exemplos disso, como tentarei demonstrar.
A Piramide humana, de Jean Rouch: ensaiando a metodologia da etnoficçao
Tessituras, 2019
The Human Pyramid is the film in which Jean Rouch tries what his methodology of ethnofiction is able to do. Making use of drama, Rouch proposes the theme of racism to be worked out by a group of young people. Their relationships are a way of exploring the possibilities that repeat or refuse racial prejudice. Taking risks, exploring social limits, in a situation marked by colonial legacies, the group works out the theme, what the author takes dramatically. The same problematic approach track will be explored later in other Rouch's ethnographic films.
Rouch Compartilhado: Premonições e Provocações para uma Antropologia Contemporânea
ILUMINURAS, 2013
O ensaio apresenta algumas premonições de Jean Rouch - questões elaboradas pelo autor que antecedem em décadas problematizações antropológicas contemporâneas; alguns pontos de contato entre seu cinema antropológico e uma antropologia do sensível; e a história de uma sacola que revela um caso particular de apropriação das ideias rouchianas. Palavras chave: Jean Rouch. Antropologia compartilhada. Filme etnográfico. Sharing Rouch: Premonitions and provocations for a contemporary Anthropology The essay presents some of Jean Rouch’s premonitions on issues that antecede in decades some anthropological debates; points of contact between his anthropological cinema and the anthropology of the senses; and a story of a bag that reveals a particular case of appropriation of Rouch’s ideas. Keywords: Jean Rouch. Shared anthropology. Ethnographic film.
Doc On-line, 2007
Resumo: Jean Rouch explorou o acaso, assim como os sonhos e a imaginação de seus atores para construir seus filmes. Características que ajudam a identificá-lo como um dos herdeiros do Surrealismo. Este artigo analisa como os filmes dialogam com as idéias do movimento que agitou a França dos anos 20. Para tanto, apresenta o discurso construído pelos analistas da obra de Rouch sobre as relações entre essa e o Surrealismo. Em seguida, analisa os filmes La Punition, de 1960 e Gare du Nord, de 1965. Esse artigo parte da idéia de que Rouch não se guia pelas mais famosas imagens surrealistas, empenhadas em desnaturalizar o cotidiano. Antes, ele criará outro tipo de imagem surrealista. Palavras-chaves: Surrealismo, Jean Rouch, Gare du Nord, La Punition, Cultura de massa. Resumen: Jean Rouch exploró la casualidad, así como los sueños y la imaginación de sus actores para construir sus películas. Estas características permiten identificarlo como uno de los herederos del Surrealismo. Este artíclo analiza cómo sus películas dialogan con las ideas del movimiento que agitó la Francia de los años 20. Por tanto, presenta el discursoconstruído por los analistas de Rouch sobre las relaciones entre su obra y el Surrealismo. A continuación, se analizan las películas La Punition, de 1960 y Gare du Nord, de 1965. Este artículo parte de la idea de que Rouch no se guía por las imágenes más famosas de los surrealistas, empeñadas en desnaturalizar lo cotidiano. Antes bien, creará otro tipo de imagen surrealistas. Palabras clave: Surrealismo, Jean Rouch, Gare du Nord, La Punition, Cultura de masas Abstract: Jean Rouch explored the fortuitous, as well as dreams and the imagination of his actors in creating his films. These features identify him as one of the heirs of Surrealism. This article analyzes how his films tackle the ideas of the movement that agitated France in the 1920s. Thus, it presents the discourse constructed by Rouche’s analysts on the relations between his work and Surrealism. It then proceeds to analyse the films La Punition, 1960, and Gare du Nord, 1965. This article proposes that Rouch is not guided by themost famous surrealist images denaturalizing daily life. On the contrary, he will create another kind of surrealist images. Keywords: Surealism, Jean Rouch, Gare du Nord, La Punition, Mass culture. Résumé: Jean Rouch a exploré l’occasionnel et le hasard, ainsi que les rêves et l’imagination de ses acteurs pour construire ses films, caractéristiques qui pourraient permettre de l’identifier comme un des héritiers du Surréalisme. Cet article analyse comment les films dialoguent avec les idées du mouvement qui a agité la France dans les années 1920. Ainsi, il présente le discours construit par ceux qui ont analysé l’IJuvre de Rouch du point de vue des relations entre son travail et le surréalisme. Ensuite, il analyse les films La Punition (1960) et Gare du Nord (1965). Cet article part de l’idée que Rouch n’est pas guidé par les images surréalistes les plus célèbres, images avec lesquelles a été entrepris de détourner les codes de la vie quotidienne. Au contraire, il va créer un autre type d’images surréalistes. Mots-clés: Surréalisme, Jean Rouch, Gare du Nord, La Punition, culture de masse.
Jean Rouch e a ética do encontro
2016
Resumo: Partindo da constatação de que um dos principais elementos que conformam a construção de um documentário antropológico é a qualidade do "encontro" que se estabelece entre o cineasta e as pessoas filmadas, defendemos, aqui, que este aspecto corresponde a uma das principais características dos filmes de Jean Rouch. Corolário natural desse fato, encontramos a questão ética, primordial em tempos de caça às imagens mais insólitas que assola o documentário contemporâneo, imagens essas que, para tomarem forma, nem sempre são movidas por princípios morais transparentes.