A Centralidade do Trabalho que Interessa (original) (raw)
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A Centralidade Do Trabalho No Fenómeno Dos Sem-Abrigo
Revista Labor
Os indivíduos sem-abrigo são frequentemente rotulados como «preguiçosos e amorais», apoiando-se esta classificação na sua suposta rejeição do trabalho. A empiria desmente esta representação, mostrando que o trabalho é uma relação desejada por quem vive na rua e, sobretudo, que funciona como um mecanismo de construção identitária positiva que permite um afastamento relativo dos rótulos de «preguiça e amoralidade». É observável, porém, em alguns indivíduos sem-abrigo, uma efectiva rejeição de um tipo de trabalho concreto, mal remunerado, temporário e estatutariamente desvalorizado. É fundamental, contudo, distinguir entre a representação espúria de uma rejeição do trabalho em geral e estas ocorrências de rejeição deste tipo particular de trabalho, que, por experiência própria, quem vive na rua sabe que não lhe permitirá aumentar o seu bem-estar. Com propósito ilustrativo, a discussão é ancorada, no final do texto, na relação longitudinal de um indivíduo sem-abrigo com o trabalho, inte...
A Questão Metodológica Na Discussão Sobre a Centralidade Do Trabalho
Análise Econômica, 2009
Este texto foi elaborado para resgatar o método materialista dialético, abandonado por muitas das teorias que defendem o fim do trabalho e de sua centralidade na sociedade contemporânea. Nosso ponto de vista se opõe às concepções idealistas e teológicas da criação do homem que fundamentam, metodologicamente, aquelas teorias. Para tanto, diferenciamos o trabalho em geral, como o fundamento da existência humana, do trabalho alienado, como trabalho determinado historicamente. Defendemos que, sob o modo de produção capitalista, o trabalho alienado não perde a sua centralidade. E, também, que é necessário superar o modo de produção capitalista para que o trabalho perca a sua posição central e desapareça como atividade exercida pelo homem e determinada exteriormente pelas necessidades naturais e sociais.
Elementos para uma crítica da centralidade do trabalho
2006
After identifying and describing five important aspects concerning the issue of work at the present time, this paper seeks to present arguments for a critique of one of them: the Marxist stream that defends the centrality of work. To that end, we argue that the concept of work is an abstraction resulting from the bourgeois practice and mentality which has also contributed to an inversion in the social values of productive activities. Devalued in practically all former class societies, productive activities, with capitalism, gained a noble status, being considered the source of property (Locke), wealth (Smith) and capital (Marx). Marx stressed the importance of productive activities when he stated that work is a natural and permanent activity of mankind, one that is also responsible for our humanization. In the present paper we criticize this naturalization of a specific characteristic of capitalist culture. Finally, following Marx, we argue that the tendency to save work time is sub...
EDITORIAL - Crítica da centralidade do trabalho
O presente número da Verinotio -Revista on-line de Filosofia e Ciências Humanas tem como tema a crítica da centralidade do trabalho. Nas últimas décadas, a tradição marxista tem procurado melhor compreender a categoria trabalho, seu papel na sociedade capitalista e no processo de emancipação humana. Durante algum tempo foi moda falar em fim do trabalho, fim do proletariado etc. No entanto, aqui objetivamos precisar a centralidade (ou não) do trabalho na sociedade em que domina o modo de produção capitalista. Para tanto, apresentamos um conjunto de artigos que abordam diretamente esta questão, tendo por destaque, na maioria desses trabalhos, para além da evidente referência aos textos de Marx, a obra magna de Lukács, Para uma ontologia do ser social, e a contribuição teórica de Moishe Postone, cujo ponto alto é o livro Tempo, trabalho e dominação social. O primeiro artigo que apresentamos é do economista marxista indiano Paresh Chattopadhyay, intitulado Sobre alguns aspectos da dialética do trabalho na Crítica da economia política. O autor discute as contradições inerentes à categoria trabalho que Marx sublinhara em diversos de seus escritos (trabalho em geral, trabalho abstrato, concreto, necessário e excedente) e explora, ao final, o lugar do trabalho na vida social livre da lógica do capital. Trata-se de um texto rigoroso, embora curto, que pode ser de ajuda aos leitores menos familiarizados com tais categorias. O segundo artigo é de María Fernanda Escurra, intitulado O trabalho como categoria fundante do ser social e a crítica à sua centralidade sob o capital. Nele a autora trata da diferença entre o trabalho como categoria fundante do ser social e a centralidade que adquire na sociedade capitalista. Centralidade que unidimensionaliza os indivíduos e produz um tipo especial de dominação social, uma dominação abstrata. A conclusão é a de que a crítica de Marx é uma crítica negativa do trabalho no capitalismo, logo, que a crítica à centralidade do trabalho é um imperativo para a crítica do capital. O terceiro artigo (Marx e a crítica ontológica da sociedade capitalista: crítica à centralidade do trabalho), de Mario Duayer, na mesma linha do anterior, procura demonstrar que o propósito central da obra marxiana, que 1 Professor da Faculdade de Economia da UFF e membro do Niep-Marx-UFF. 2 Professor titular da UFF (aposentado).
A Centralidade do Trabalho no Processo de Valorização do Capital
Politeia Historia E Sociedade, 2011
RESUMO O artigo analisa a questão da centralidade do trabalho no capitalismo contemporâneo sob a regência das finanças. Apresenta a dinâmica do mercado de trabalho no período conhecido como regime de acumulação flexível, no qual se observa que o capital combina novas estratégias de exploração da força de trabalho com formas pretéritas de extração de mais valia pari passu ao desenvolvimento de mecanismos que levam à expansão do capital financeiro. Nesse momento o capital, parcialmente, queima etapas do ciclo D-M-D´ (D-M...P...M-D'), passando a se valorizar na forma D-D'. Apesar da constatação da dominância das finanças no regime de acumulação flexível, a esfera da produção não é eliminada e o trabalho continua a ser central para o capitalismo.
O trabalho humano e a sua centralidade
2015
As seguintes reflexoes formam parte de um estudo mais amplo que estaem curso e sera editado em breve. O tema e o impacto do processo de trabalhona saude dos trabalhadores, em particular como gerador de condicoes, ambientee riscos psicossociais no trabalho.
Para a crítica da centralidade do trabalho.pdf
Para a crítica da centralidade do trabalho: contribuição com base em Lukács e Postone Towards the critique of the centrality of labor: a contribution based on Lukács and Postone Resumo -O artigo procura contribuir para a autocrítica que a tradição marxista deve a si mesma. Baseia-se especialmente em Lukács e Postone para sustentar que a crítica das concepções correntes sobre trabalho, no interior da tradição, constitui um imperativo para tal autocrítica e, consequentemente, para a restauração da dimensão crítica da teoria marxiana. O argumento concentra-se na diferença entre trabalho como categoria fundante e central, e apresenta a seguinte estrutura: em primeiro lugar, oferece uma explanação sobre o caráter fundante do trabalho na gênese e desenvolvimento do ser social; em segundo, procura mostrar que a centralidade do trabalho é exclusiva do capitalismo e constitui a contradição básica desse sistema; em terceiro, defendendo que crítica de fato é crítica ontológica, sustenta que a crítica da economia política de Marx consiste na crítica do trabalho, ou da relação social armada pelo capital que unidimensionaliza os sujeitos como trabalhadores. Palavras-chave: crítica ontológica; centralidade do trabalho; Marx; Lukács; Postone.
ESPLENDOR E MISÉRIA DE UMA CATEGORIA: A CENTRALIDADE DO TRABALHO NAS CIÊNCIAS SOCIAIS
A tese do fim do trabalho constitui uma das tendências intelectuais de relevo do final do século XX. Neste artigo tentarei expôr brevemente os argumentos de autores tais como Hannah Arendt ou Jürgen Habermas, críticos proeminentes da tese da centralidade do trabalho. Em seguida, com a ajuda de trabalhos efetuados no campo da sociologia e da psicologia do trabalho, procurarei contrapor alguns desses argumentos, mostrando de que forma o trabalho ocupa de fato um papel fundamental tanto do ponto de vista da consolidação da identidade individual como numa ótica societal. The rise and fall of a concept: the centrality of work in the social sciences The thesis of the end of the work is one of the major intellectual trends of the late twentieth century. This paper tries a brief discussion of the arguments by authors such as Hannah Arendt and Jürgen Habermas, important critics of the centrality of work in society. Then, using researches in the field of sociology and psychology, I try to disagree of these arguments, showing how the work occupies, in fact ,a key role in founding both individual identity and societal point of view.