José Rodrigues da Costa e sua tipografia: laços de sociabilidades e poder na Paraíba imperial (1848-1866) (original) (raw)

José Rodrigues da Costa: a trajetória de um tipógrafo na Cidade da Parahyba (1848-1866)

2017

Nascia a 12 de outubro do ano de 1811 na província da Parahyba do Norte, José Rodrigues da Costa. Esse que, após completar seus estudos primários se iniciou nos afazeres da arte tipográfica. Em seguida, se aperfeiçoou e trabalhou em outras províncias do império, e que, no retorno à sua terra natal, estabeleceu a Typographia de José Rodrigues da Costa, a qual, entre os anos de 1848 a 1862, imprimiu sucessivamente relatórios dos presidentes de província, além de uma média de 12 jornais e seis escritos de autores paraibanos, entre 1848 e 1866 (ano de seu falecimento). Mesmo após sua morte, seus filhos continuaram o seu legado e carregaram o nome do seu pai como título do estabelecimento até o fim do século XIX. Este trabalho tem por objetivo analisar a trajetória de José Rodrigues da Costa enquanto um importante produtor e difusor da cultura impressa na capital da Província da Parahyba do Norte entre os anos de 1848 e 1866. Nesse sentido, considero José Rodrigues da Costa um intermediário da cultura escrita partindo pelo o que Robert Darnton (2010) categorizou de intermediários da literatura: aqueles que desempenharam atividades de editores, tipógrafos, impressores, livreiros, etc., que foram responsáveis tanto pela produção quanto pela propagação dos impressos em suas respectivas épocas. Atrelado a isso, observamos as noções de culturas políticas e redes de sociabilidade, para identificar como as relações sociais estabelecidas pelo tipógrafo influenciaram na construção do que era ou não publicado. Para tanto, a pesquisa baseia-se em um amplo conjunto de fontes, composto em sua maioria pelos jornais e escritos identificados que foram impressos em sua oficina, bem como pelos indícios apontados por Eduardo Martins no livro intitulado A Tipografia do Beco da Misericórdia: apontamentos históricos (1978), que é referência sobre a trajetória deste estabelecimento. O que se pôde observar foi que, ao longo do período supracitado, o tipógrafo se tornou quase que o único editor dos documentos oficiais do governo provincial, chancela que conseguiu por meio de relações estabelecidas com personagens políticos influentes à época. Em outras palavras, além do estabelecimento comercial, o tipógrafo também circulou por outros espaços de sociabilidade, cuja agenda interferiu na construção de laços que foram essenciais para sua longa permanência no mercado de impressão na capital. Em consequência da criação e ampliação desses laços sociais, José Rodrigues da Costa chegou ao ápice de sua atuação enquanto um intermediário da cultura impressa, quando lançou, em 1862, um jornal de sua propriedade, O Publicador, um periódico de publicação diária que se tornaria um dos mais duradouros jornais da Paraíba no período imperial.

Os Bandeira de Mello e os poderes locais na Paraíba colonial: redes, hierarquias e patrimônio familiar (c.1747-c.1780)

Territórios e Fronteiras, UFMT, 2015

Em 1769 a tentativa de assassinato do governador e capitão-mor da Paraíba escancarou as fraturas e acertos sociais de uma sociedade forjada por estruturas hierarquizadas, mas sofisticadamente fluídas e permeáveis. O crime foi encomendado por setores insatisfeitos das elites locais da Capitania e nos permitem, séculos depois, utilizá-lo como mote na compreensão das interações sociais entre nobrezas da terra da América portuguesa e os oficiais régios incumbidos do governo dos povos e territó- rios ultramarinos. Um relacionamento nem sempre amistoso, as negociações eram frequentes e fundamentais à governabilidade portuguesa nos trópicos. Na capitania da Paraíba, as relações entre elites coloniais e os servidores da Coroa foram ainda definidas pelo contexto de anexação a Pernambuco, entre 1756 e 1799, revelando estratégias exercitadas na busca de capital político e econômico numa conjuntura jurisdicional tensionada.

Impressões de um Tempo: a tipografia de Antônio Isidoro da Fonseca no Rio de Janeiro (1747-1750)

Resumo Esse estudo contextualiza a implantação e a repressão de uma oficina tipográfica instalada no Rio de Janeiro entre 1747 e 1749, dirigida por Antônio Isidoro da Fonseca, até então um tipógrafo estabelecido em Lisboa. Valendo-se de recentes discussões acerca da cultura letrada, da circulação de livros e do controle de impressos na América portuguesa, a dissertação debate historiograficamente o tema, buscando renovar paradigmas explicativos. A análise tenta apreender os sentidos da política de controle do discurso impresso nas sociedades luso-americanas de meados do século XVIII. Ademais, situa a função do impresso no processo de colonização e manutenção dos poderes centrais nessa específica e ascendente região ultramarina. Prioriza também a análise documental referente à tipografia fluminense. Revisitando documentos conhecidos e adicionando outros, o estudo problematiza antigas percepções e formula novas interpretações do episódio. Desse modo o funcionamento da tipografia no Rio de Janeiro insere-se no contexto sociocultural daquela praça colonial. A reprodução impressa relaciona-se assim aos hábitos gerais da população que, fomentada pela pujança comercial da cidade, vivia uma intensa urbanização, abrigando ainda disputas entre os seus poderes na primeira metade do Setecentos. Palavras-chave:América portuguesa – Antônio Isidoro da Fonseca – cultura letrada – censura literária – Rio de Janeiro – século XVIII – tipografia. Abstract This study contextualizes the implementation and repression of a typographic printing press installed in Rio de Janeiro between 1747 and 1749, directed by Antonio Isidoro da Fonseca, until then a typographer based in Lisbon. Drawing on recent debates about the literary culture, the circulation of books and printed control on the Portuguese America, the dissertation historiographically debate the subject, seeking to renew explanatory paradigms. The analysis attempts to understand the meanings of political control of the speech printed in the Luso-American societies in the mid-eighteenth century. Moreover, located the function of the printed paper in the process of colonization and maintenance of the central powers in this specific area and overseas. Also prioritizes the documentary analysis relating to the Rio’s typography. Revisiting known documents and adding others, the study discusses old perceptions and formulate new interpretations of the episode. Thus the functioning of the typographic printing press in Rio de Janeiro is part of the sociocultural context of this colonial square. The print reproduction is therefore related to the habits of the general population, fueled by the city's commercial strength, lived an intense urbanization, housing still disputes between their powers in the first half of the eighteenth century. Key words: Antonio Isidoro da Fonseca – book´s censorship – eighteenth century – literary culture – Portuguese America – Rio de Janeiro – typography

José Gonçalves Cortes e O Telegrapho: fragmentos de uma cultura da impressão na Província de Minas Gerais no Primeiro Reinado (1829-1831)

Cadernos de Pesquisa do CDHIS (UFU), 2024

Este artigo detém-se sobre a cultura da impressão das primeiras décadas do Império do Brasil, destacando a linguagem tipográfica daquele período e a formação de uma ampla rede de comunicação. Em torno do projeto político de D. Pedro I, estabeleceu-se uma rede de comunicação áulica, que envolveu publicistas em vários locais do Império. Dentre os escritores pedristas, destacamos a atuação de José Gonçalves Cortes, principal redator da folha periódica conservadora O Telegrapho, publicada na Província de Minas Gerais entre 1829 e 1831. A partir das informações sobre Cortes e sua tipografia, serão abordadas as articulações políticas que possibilitaram a constituição de uma cultura da impressão naquele tempo, permitindo compreender o poder simbólico dos periódicos no contexto efervescente que antecedeu a Abdicação do primeiro imperador do Brasil.

A Fina Flor da Paraíba Imperial: as relações entre a elite política e econômica da Província da Paraíba entre 1848 a 1855

2016

A presente pesquisa baseia-se nos estudos focados no esforco de centralizacao politica, a partir do Regresso Conservador apos o periodo Regencial, nas conjunturas politicas e economicas da Provincia da Parahyba do Norte, sobretudo no recorte historico de 1848-1855, logo apos a Revolta Praieira, ultimo indicio da turbulencia social e politica da Era Regencial. Apoiando-se nos estudos bibliograficos referentes a constituicao da elite politica realizados por Jose Murilo de Carvalho e Ilmar Rohloff de Mattos, a pesquisa foi realizada atraves da analise de algumas fontes documentais do periodo, como o dialogo entre correspondencias de Presidentes de Provincias e Relatorios e Exposicoes apresentadas a Assembleia Legislativa durante o periodo destacado. A pesquisa foi sendo guiada por uma serie de problematicas que serviram como fios condutores; analisamos a circulacao e o treinamento na composicao da elite politica paraibana; apontamos ainda alguns reflexos da lei de proibicao do trafico ...

As infelicidades de um nobre desgraçado: Jerónimo de Melo e Castro, capitão-mor da Paraíba. Elites, negócios e governança nas capitanias do Norte do Estado do Brasil (c.1764-1797)

2011

In the second half of the 18th century, the territories of the captaincy of the State of North Brazil were, by royal resolution, attached administratively to the government of Pernambuco. In the case of Real Captaincy of Paraiba, the annexation lasted for forty years and institutionalized long-established social networks among the elites of Paraiba and their counterparts from the neighboring state of Pernambuco. This article is a micro- analytical observation of the so-called political consequences attached to the captaincy from the dynamics of the local elites of Paraiba, set in the context of the Portuguese Empire of the eighteenth century, looking, on the other hand, the relations that shaped their ties to Pernambuco, precisely with the governors-general of the captaincy and the merchants of Recife's Square. In defense of its business with the commercial circuits of Recife, these local elites have left, including the rage against the governor of Paraiba, exacerbating tensions...