A questão agrária e a particularidade da questão social no Brasil (original) (raw)

A questão agrária no pensamento político e social brasileiro

Grupo de Pesquisa Ideias, Intelectuais e Instituições, UFSCar, 2016

Durante o primeiro semestre e início do segundo semestre de 2016 o Grupo de Pesquisa Ideias, Intelectuais e Instituições – trajetórias da democracia e do desenvolvimento (CNPq/ UFSCar) participou ativamente da organização da Jornada de Pensamento Político Brasileiro, cuja primeira edição foi sediada na Universidade Federal de São Carlos no mês de outubro do mesmo ano. A “questão agrária” foi um dos eixos teóricos condutores do evento, o que levou a sua organização a elaborar uma mesa, um grupo de trabalho e também um minicurso sobre esta temática. O material que se segue surgiu como uma proposta dos organizadores do minicurso “A questão agrária no pensamento político e social brasileiro”, que consta do referido evento, para servir como material subsidiário para a leitura dos participantes deste minicurso. Certamente que na modéstia de sua proposta inicial, o esforço de aglutinar um conjunto de trabalhos em torno da temática da questão agrária relacionada a autores e contextos da trajetória política e social brasileira, os textos que se seguem pretendem constituir-se numa primeira aproximação ao assunto para leitores ainda não familiarizados tanto com a temática quanto com as perspectivas analíticas utilizadas. Neste sentido, desejamos uma boa leitura a todas e todos que se debruçarem sobre os textos que aqui apresentamos.

Aspectos Da Questão Agrária No Brasil

Sociedade e Território

Compreende-se que a gênese dos atuais problemas agrários existentes no Brasil está na forma como sociedade têm organizado o uso, a posse e a propriedade da terra ao longo de sua história, partindo do pressuposto teórico de que esses problemas são inerentes do próprio desenvolvimento do modo de produção capitalista, que em sua essência é desigual, contraditório e combinado. A proposta de análise desse texto tem como objetivo abordar algumas das principais discussões que permeiam o debate da questão agrária brasileira na contemporaneidade, tanto na perspectiva de sua negação, como na perspectiva de sua afirmação. Para tanto, faz-se leituras e análises de autores consagrados, tais como Martins (1981), Oliveira (1986; 1999; 2007; 2010) e Stedile (2012) e de dados levantados nos censos demográficos (1950 a 2010) e agropecuário (2006) da Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística.

Notas Sobre a Questão Agrária No Brasil

1997

A questao agraria e um componente constante do debate politico nacional desde ha muito. Os determinantes desse debate - os grupos sociais que envolve e suas perspectivas forcas politicas - e que, vez por outra, fazem com que a tematica, realmente antiga, como que submirja, desaparecendo nos subterrâneos da clandestinidade - gracas a midia, hoje, ou mesmo devido a repressao oficial por decadas.

A questão agrária no município de Monteiro - PB: problematizações no ensino de sociologia

Universidade Federal de Campina Grande, 2020

Afagar a terra Conhecer os desejos da terra Cio da terra, a propícia estação E fecundar o chão. (Cio da Terra-Pena Branca e Xavantinho) RESUMO Partimos da premissa que discutir a questão agrária é um elemento central para entendermos muitas das nossas desigualdades econômicas e sociais, e que o Ensino de Sociologia é potencialmente um campo que possibilita esta discussão. Neste trabalho, buscamos a partir da concepção materialista dialética marxista, problematizarmos o ensino de Sociologia em Monteiro-PB no sentido de compreendermos como nele se configura a questão agrária tão presente nesse município. Se a mesma é contemplada nos currículos dos cursos que formam professores para atuarem na região, como também nos planejamentos dos professores que lecionam a Sociologia no Ensino Médio do referido município. Para tanto, buscamos investigar quatro escolas da rede pública de ensino, sendo elas: o

A questão racial e a questão agrária no contexto do acesso à terra no Brasil

Conjeturas, 2022

Este artigo busca refletir acerca da relação entre a questão racial e a questão agrária no Brasil. No que concerne a questão racial toma-se como ponto de partida o conceito de colonialidade do poder e o escravismo. Para tanto analisa-se parte da legislação acerca da abolição e sua relação com a questão agrária no intuito de entender como a questão agrária brasileira se estrutura a partir da sociedade racializada e marcada pelo escravismo. Para responder o objetivo foi realizado análise bibliográfica utilizando-se livros e legislações sobre a temática, além dos dados do Instituto Brasileiro Geográfico e Estatístico (IBGE). Como resultado parcial aponta-se para a relação entre ambas as questões na permanência de uma estrutura agrária concentracionista que reflete as desigualdades raciais como consequência das escolhas políticas que marcam o escravismo e, principalmente a transição para o trabalho livre, dessa forma os dados apontam para que quanto maior a área maior o número de brancos à frente dos estabelecimentos rurais, quanto menor a área maior a participação de negros (pretos e pardos).

Questão agrária, formação social brasileira e dependência

Princípios, 2022

The article aims to make a critical analysis of the Brazilian agrarian ques-tion, as a especificity of Brazilian economic and social formation. It is based on Marxist social thought, emphasizing the theoretical contribution of Caio Prado Jr. It proposes that agrarian question is inseparable from dependent capitalism. Currently, landowners reinforce their influence over the State, through a number of private apparatus of hegemony, putting at risk food sov-ereignty and environment, and intensifying the contradictions with family farmers and the rural proletariat in search for autonomy.

A questão agrária no capitalismo

Revista Pegada, 2018

RESUMO: O presente artigo tem como propósito refletir sobre o desenrolar da questão agrária no capitalismo russo e brasileiro, tecendo uma análise a partir da experiência histórica do processo revolucionário que desemboca em 1917, na Rússia, e das formulações estratégicas do PCB e do PT, veiculadas na segunda metade do século XX, no Brasil. Parte-se do pressuposto de que o modo de produção capitalista se espacializou de maneira diferenciada nos países, enquanto formação territorial, e a não observância dessa premissa ensejou elaborações programáticas, no âmbito da esquerda brasileira, privadas do exercício analítico que articulasse a particularidade e a totalidade, como dimensões fundamentais para a interpretação da realidade. PALAVRAS-CHAVE: Formação territorial. Questão agrária. Revolução ABSTRACT: The purpose of this article is to reflect the development of the agrarian issue in Russian and Brazilian capitalism, making an analysis based on the historical experience of the revolutionary process that comes out in Russia in 1917 and on the strategic formulations of the Brazilian Communist Party (PCB) and Workers Party (PT), served in the second half of the twentieth century in Brazil. It is based on the assumption that the capitalist mode of production specialized it self in a differentiated way in the countries, as a territorial formation, and the non-observance of this premise led to programmatic elaborations within the Brazilian left-wing movement, deprived from analytical exercise that would articulate the particularity and totality, as fundamental dimensions for the interpretation of reality. RESUMEN: El presente artículo tiene como objetivo reflexionar sobre el desarrollo de la cuestión agraria en el capitalismo ruso y brasileño, haciendo un análisis a partir de la experiencia histórica del proceso revolucionario que desemboca en 1917, en Rusia, y de las formulaciones estratégicas del PCB e del PT, aportadas en la segunda mitad del siglo XX, en Brasil. Se parte del supuesto de que el modo de producción capitalista se espacializó de manera diferente en los países, mientras formación territorial, y la inobservancia de esa premisa planteó elaboraciones programáticas, en el

Questão Agrária: Projeções Societais Em Confronto

Textos e Debates

Reflexões em torno do polissêmico tema questão agrária exigem, de imediato, esclarecimentos quanto aos apriorísticos significados atribuídos à definição assumida. No campo das ciências sociais e dos embates políticos e ideológicos mobilizados para exprimir a contraposta projeção de modelos de sociedade, ele se pauta em problemáticas estruturantes dessas próprias concepções de organização social. Configura então sentidos específicos consonantes às dinâmicas de jogos de forças sociais. Pressupõe relacionais considerações em torno dos modos de constituição da sociedade segundo interesses contraditórios. Por tal razão, nos diversos contextos, apresenta-se formulada segundo embates políticos e ideológicos associados a diversidades de formas de contraposição assumidas por agentes sociais alinhados por essas mesmas confrontações. Neste artigo, registro essas problemáticas, considerando algumas situações de embates mais acirrados no tocante à sociedade brasileira.

A Problemática agrária numa sociedade industrial

Revista de Ciências Sociais, 1980

A análise• da problemática agrária, que não seja limitada aos parâmetros gerais de um modo de produção, funda-se na apreensão do dinamismo das. relações sociais que configura a realidade concreta de cada sociedade.

A confluência perversa e a questão agrária brasileira

n: Marco Antônio Couto Marinho. (Org.). Planejamento Urbano e Regional. , 2018

O objetivo deste artigo é analisar a questão agrária a partir da confluência entre as políticas neoliberais adotadas desde os anos 1990 e as propostas democráticas para o meio rural desde a reabertura política até maio de 2016. Para tanto, realiza-se um ensaio teórico. Essas políticas têm o potencial de impactar a forma de opupacão do espaço rural. Mesmo com a aparente incompatibilidade das condições do modelo do agronegócio, crescente, predador e degradador; com um modelo mais inclusivo de desenvolvimento para o meio rural, buscava-se, mais recentemente, conduzir e possibilitar a convivência entre ambas as propostas, mediante uma agenda mais progressista. Nas políticas que contrapõem o modelo conservador, pelo menos em seu desenho, têm como foco os trabalhadores rurais sem terra, os agricultores familiares e os assentados. Nesta perspectiva, era adotado um enfoque territorial nas ações para o desenvolvimento rural como um meio de contrabalançar as desigualdades socioeconômicas do campo. Na análise, conclui-se que os modelos tanto das políticas neoliberais, quanto das políticas de cunho social estavam convivendo com algum ganho social, antes que assumisse um governo de direita, com suas intenções mais conservadoras. Ao mesmo tempo em que o Estado buscava atender aos interesses da elite agrária brasileira ligada ao agronegócio, implementava-se, ainda que de forma tímida, parte das demandas suscitadas nas lutas sociais para o campo, sobretudo condições de permanência de sua população.