Swap especulativo: ofensivo da ordem pública ou dinamizador dos mercados? (original) (raw)
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Dinâmica dos ataques especulativos e regime cambial
2001
O artigo tem por objetivo recuperar os principais argumentos de Keynes em suas críticas ao liberalismo econômico, este entendido como as teorias e práticas de política econômica adotadas pelo mainstream no campo da Ciência Econômica e simbolicamente respaldado na máxima do laissez-faire. Embora as obras de maior fôlego de Keynes situem-se no campo da economia teórica, há trabalhos seus que permitem detectar sua ideologia e, mais explicitamente, o teor de sua crítica ao liberalismo clássico. O ensaio mostra que, em um mundo polarizado entre o nazi-fascismo e a experiência stalinista soviética, Keynes articula uma visão muito particular em rejeição a ambos e em defesa da democracia representativa e da livre iniciativa. Todavia, com possível respaldo no pragmatismo filosófico, o liberalismo econômico é entendido como uma construção mítica e incompatível com o capitalismo do século XX.
Expansão das facções, mutação dos mercados ilegais
Novos Estudos CEBRAP, 2023
Silenciosa e rapidamente pelo território nacional, o Comando Vermelho (cv) e o Primeiro Comando da Capital (pcc) passaram a ser atores conhecidos em cidades grandes, médias, pequenas, nas zonas rurais, nos presídios e nas cenas marginais de todo o país. Em alguns casos, grupos estabelecidos nos mercados ilegais locais foram forçados a se faccionalizar para resistir às investidas dos criminosos concorrentes. Mas, na grande maioria dos estados do Brasil, a pequena criminalidade das cidades médias e dos interiores, que a literatura costumava tratar nos termos da delinquência ou do desvio, foi de alguma forma transformada pelas redes faccionais. Operadores inscritos nas posições baixas dos mercados ilegais, que transitaram por diferentes presídios e quebradas, levaram com eles a palavra das facções. Os raros dentre eles que prosperaram nesses mercados e assumiram posições de destaque nos negócios criminais, por vezes com responsabilidades também importantes nas facções, construíram carreiras ilegais que os levaram a zonas de fronteira, portos e aeroportos, pelos quais circulam hoje as grandes somas da atividade criminal. Essa expansão faccional produziu mudanças significativas no funcionamento de todos os mercados ilegais e dos modos como se organiza a dinâmica de sua governança, o que inclui relações estreitas com o mundo oficial, em todo o país.
Crises cambiais e ataques especulativos no Brasil
Economia Aplicada, 2006
O objetivo do estudo é investigar a hipótese de que fundamentos macroeconômicos explicam, em alguma medida, a ocorrência de crises cambiais e ataques especulativos no Brasil. Uma adaptação de um dos principais modelos de primeira geração de crise cambial foi utilizada como referencial teórico, produzindo uma equação de probabilidade de ocorrência de ataques especulativos em função de variáveis macroeconômicas. Instrumental econométrico foi utilizado para estimar os parâmetros dessa equação para o caso brasileiro. Os resultados obtidos são compatíveis com as hipóteses do modelo. As principais variáveis explicativas identificadas foram a oferta de moeda nacional, a taxa internacional de juros, taxa de câmbio de venda fixada pelo governo e a liberalização dos controles sobre o fluxo de capitais. As equações de probabilidade de ocorrência de crises cambiais e ataques especulativos estimadas demonstraram ser úteis para a previsão da iminência desses eventos.
Por que os maiores países emergentes da América Latina e da Ásia não recorreram a organizações internacionais para responder à crise de 2008? Durante a década de 1990, esses mesmos países constituíram e se valeram de acordos monetários regionais e multilaterais. No entanto, em 2008, houve uma mudança de política e de desenho institucional das respostas monetárias: países emergentes recorreram a acordos bilaterais ad hoc baseado em contratos de swaps cambiais, como primeiro e mais importante mecanismo de defesa. O principal argumento deste artigo é o de que as preferências desses países foram moldadas pela experiência prévia da década de 1990 (conduzindo ao estigma político em relação a instituições multilaterais, notadamente o Fundo Monetário Internacional – FMI) e pela crescente autonomia política e importância econômica adquirida por bancos centrais nacionais nas últimas décadas. A dinâmica entre esses fatores (isto é, estigma político e bancos centrais com poder) tende a produzir mais respostas monetárias a crises formalizadas por meio de swaps cambiais, em níveis bilateral e regional. Este artigo examina o modelo de cooperação monetária escolhido por alguns países da América Latina e da Ásia (Brasil, México, Colômbia, Equador, Coreia do Sul e Indonésia) em duas fases: na gestão da crise de 2008 e no pós-crise. A evidência empírica aponta para uma redução do papel de organizações internacionais e para um aumento ao recurso de swaps cambiais entre bancos centrais. O desenho institucional da cooperação monetária global parece revelar um sistema mais fragmentado e diversificado, com a re-emergência de novos instrumentos e atores, bem como outras moedas internacionais. Palavras-chave: Sistema Monetário Internacional (SMI); Fundo Monetário Internacional (FMI); swaps cambiais; bancos centrais.
O Regime Cambial Brasileiro: Flutuação Genuína ou Medo de Flutuação?
Anais Do Xxxi Encontro Nacional De Economia Proceedings of the 31th Brazilian Economics Meeting, 2003
A opção brasileira por um regime de câmbio flutuante, consumada no início de 1999 e reafirmada por diversas vezes, inclusive pelo novo governo que assumiu em 2003, pode ser vista, a princípio, como parte de uma tendência internacional de abandono de regimes de câmbio administrado. De acordo com a classificação do Fundo Monetário Internacional (FMI), o percentual de países que adotam taxas de câmbio fixadas vem caindo rapidamente nos últimos anos. Se em 1980, 39% dos países eram classificados pelo FMI como tendo uma taxa de câmbio atrelada a alguma moeda de referência, em 1990 este percentual se reduziu para 19% e em 1999 para 11%.
Entre notas e moedas: trocas e circulação de valores entre negociantes em Constitución
Horizontes Antropológicos, 2013
Resumo: O artigo explora dados construídos em uma etnografi a de uma loja de atacado, no bairro portenho de Constitución, buscando focalizar e discutir a articulação entre distintos valores-materiais, morais, éticos e estéticos-adjacentes à circulação de bens e pessoas. Tomando como referência a literatura clássica da antropologia econômica, a narrativa busca mostrar como as operações comerciais realizadas, muitas vezes em contextos confl ituosos, promovem a circulação de valores sociais, os quais, cotidianamente, se atualizam e são contabilizados em um processo onde os valores das notas, as quantidades de moedas, a presença ou não de crédito, entre outros elementos, informam muito mais do que simples intercâmbios de compra e venda.