De Fonte em Fonte - Contributo para a história do abastecimento da água no actual concelho de Arraiolos (de 1600 a 1930) (original) (raw)

Albufeira do Maranhão: contributo para história da hidráulica agrícola em Portugal e a situação atual

IX Congresso de Estudos Rurais, X Encontro Rural RePort, 2022

Há séculos que as obras de hidráulica agrícola são apresentadas como a solução para todos os problemas do interior de Portugal. As Leis das Sesmarias já revelavam que a autossuficiência alimentar era um objetivo a alcançar, fixando as pessoas à terra e obrigando ao seu cultivo, assim combatendo o despovoamento. A obra de Severim de Faria (1655) é um dos primeiros exemplos de um diagnóstico das dificuldades da agricultura, sobretudo a alentejana, que, por falta de gente e de capitais era deficitária na produção de trigo. A solução encontrava-se na distribuição das terras por colonos e na abertura de poços para irrigação. Outros autores como o Conde de Linhares, Mouzinho da Silveira, Oliveira Martins, e até estrangeiros como Léon Poinsard, apresentaram propostas para resolver a questão agrária que incluíam a irrigação dos campos para o aumento da produção. Já no início do século XX Ezequiel de Campos, Salazar e Rafael Duque descreveram a irrigação agrícola como uma necessidade. Estas propostas foram colocadas em prática com os Planos de Fomento do Estado Novo, cujos objetivos incluíam a intensificação cultural, a concentração e promoção económica e cultural das populações, a eletrificação do país e o seu desenvolvimento industrial. Em Avis, no Alto Alentejo, houve um projeto de uma barragem durante o governo de Fontes Pereira de Melo, por iniciativa do então presidente da câmara Dr. Joaquim de Figueiredo. A obra foi iniciada em 1888, mas foi suspensa em 1892, perante a resistência dos grandes proprietários fundiários e a mudança do governo. Foi apenas em 1952 que a atual Barragem do Maranhão começou a ser construída, sendo inaugurada em 1958, no mesmo ano da de Montargil e seguida da de Santa Clara, em Odemira, em 1973. A construção desta barragem foi uma das maiores obras de engenharia da sua época. Fixou a população rural, atrasando por alguns anos a inevitável emigração, criou emprego e aumentou os salários; viabilizou a instalação de indústrias devido à produção de energia elétrica e permitiu a introdução de culturas de regadio, como o tomate. Ocupa cerca de 2.000ha e irriga mais de 15.000ha de terra nos concelhos de Avis, Ponte de Sor, Mora, Coruche, Salvaterra de Magos e Benavente, ao longo de 124km. Após quase seis décadas a viabilizar a irrigação descrita, nos últimos anos esta albufeira deixou de o conseguir fazer, desde que os proprietários de Avis começaram a vender ou a arrendar as suas terras a empresas de capital de risco maioritariamente espanholas que introduziram o olival superintensivo em vastas áreas do concelho, desrespeitando as distâncias estabelecidas pelo PDM em relação à linha de água e às habitações, e até mesmo o património silvícola protegido, como foi o caso do arranque não autorizado de mil azinheiras, posteriormente condenado em tribunal. Estas novas culturas são regadas em permanência, esvaziando a albufeira, especialmente nos períodos de seca, que se tornam cada vez mais comuns. Além de esgotarem a água, estes olivais poluem o ambiente com químicos, tanto pelo ar como contaminando as terras. Usam mão de obra estrangeira, precária e ilegal, em nada contribuindo para a economia local.

Abordagem metodológica ao estudo dos abastecimentos na cidade de Lisboa (1900-1960)

2017

UID/HIS/04209/2013A reconstituição das lógicas subjacentes à produção e consumo urbanos durante o século XX constitui um desafio à historiografia contemporânea, obrigando a um conhecimento profundo sobre os agentes e estruturas institucionais e económicas associadas à temática. Precede, naturalmente, a um reconhecimento sobre as dinâmicas evolutivas do ponto de vista demográfico e urbanístico em curso no âmbito temporal observado. O presente exercício pretende estabelecer uma grelha analítica preliminar para identificação das especificidades de produção e consumo alimentares de Lisboa, aferida a um período caracterizado, não só por rupturas políticas e institucionais no país, mas também pelo impacto dos dois conflitos mundiais e posterior normalização.publishersversionpublishe

O Abastecimento de água em Fortaleza - CE (1813 –1867)

Entre a aguada e o consumo doméstico havia uma rede que se empregava diretamente no deslocamento da água. Contudo, essa rede não era composta apenas por tubos e conexões, aguadeiros e carregadores de água, além de afilhados e trabalhadores domésticos trabalhavam para movimentar a água e manter o pote sempre cheio. Em Fortaleza, a recorrência dessa presença na escrita de memorialistas e literatos, possibilita pensar num intenso fluxo desses sujeitos pelas ruas da cidade. No entanto, pouco se sabe sobre essas redes e o lugar que esses trabalhadores ocupavam no cotidiano da urbe. Além disso, menos ainda se sabe sobre os meandros dessa atividade – as tensões e as disputas que estavam envolvidas – em Fortaleza. Assim, propõe-se com este trabalho, discutir alguns aspectos dessa rede que era de grande importância para se compreender os significados da água na cidade. Palavras-chave: Abastecimento de água; Trabalhadores; Cidade.

Fontes e Chafarizes. O abastecimento de água nos espaços públicos na Baixa Idade Média portuguesa

2017

O abastecimento de água pública na Baixa Idade Média engloba sucessivos empreendimentos que ultrapassam a mera estrutura física das fontes ou chafarizes. Este processo acompanhou um período de profundas mudanças políticas, sociais e culturais. As serventias de água estavam indissociavelmente ligadas a ambientes sociais específicos e abarcavam, num sentido mais amplo, recursos naturais, estruturas organizacionais, leis, conhecimento técnico e seus usuários; requerem conhecimentos e contributos da arquitetura, da arte, do urbanismo e do imaginário; resultado do esforço dos "cidadãos comuns" e do "real", que refletem a afirmação e o progresso de um tempo.