Episteme e logos no Teeteto de Platão (original) (raw)

Composição dramática e maiêutica no Teeteto de Platão

Resumo: Neste artigo, submetendo a breve análise a digressão sobre a maiêutica " socrática " , tentamos demonstrar em que medida a escolha dos personagens do Teeteto de Platão determina a natureza do debate desenvolvido ali. Inspirados pelo critério hermenêutico da escola de Tübingen-Milão, julgamos que a recomposição dos perfis dramático-biográficos daqueles personagens, em plena harmonia com a teoria do escrito-jogo de Platão apresentada na parte conclusiva do Fedro e completada, em seu aspecto dramático-compositivo pelo livro III da República, seja elemento central para um correto ajuste de perspectiva a partir da qual deve-se ler o diálogo. Nesta sede, recorremos também a alguns passos do tratado matemático exposto no VII livro da República de Platão, texto fundamental para a reconstrução dramática dos personagens do Teeteto e, por via de consequência, para uma correta justificação da leitura que propomos. Abstract: My aim in this article is, through a concise analysis of the " socratic " midwifery digression, try to demonstrate the measure in which the Theaetetus characters choice establish the nature of the debate developed in the dialoghe. Emphasizing the Tübigen-Milan ermeneutical criterion, we also try to sketch a biographical profile of those characters – in a complete harmony with Plato´s written theory – to a correct adjustment of perspective on reading the dialoghe and bring into focus some of the mathematical arguments extracted from the VII book of the Republic, essencial to the Theaetetus philosophical drama.

Conhecimento e memória no Teeteto de Platão

Esta tese tem como objetivo oferecer uma interpretação da questão da memória no diálogo Teeteto de Platão. O enfoque específico, todavia, não trata da discussão da reminiscência, tema esperado quando se aborda o problema da memória na filosofia platônica. Minha proposta de leitura de parte de dois conceitos novos, um de caráter literárioa memória dramáticae outro de caráter filosóficoa memória filosófica. O primeiro tem como objetivo analisar o jogo entre a lembrança e esquecimento apresentado como recurso literário na construção do diálogo. O segundo, por sua vez, examina a memória como argumento explícito para a definição do tema principal do diálogo, o conhecimento. Por fim, apresento a tradução integral do diálogo Teeteto como complemento ao trabalho.

O Logos Inspirado: Amor e Retórica no Fedro de Platão

2009

Ao meu orientador James Arêas, por ter sido o primeiro a me impulsionar filosoficamente no âmbito acadêmico e por todo acompanhamento, incentivo e amizade dados durante toda essa árdua e prazerosa caminhada filosófica; A Marly Bulcão, por desempenhar além do papel de professora excepcional, me fazendo descobrir novos caminhos filosóficos e me incentivando, sendo uma mãezona dentro do meio acadêmico; Aos meus pais, Henrique e Lucimar, que desde o início me deram um apoio incondicional e agüentaram todos os meus altos e baixos, mostrando cada vez mais o amor que me tem e fazendo com que esse amor me possibilitasse um crescimento impagável; A minha segunda mãe, Jacqueline Muniz, que a todo o momento esteve ao meu lado guiando, amando e compartilhando seus ensinamentos e suas descobertas; A minha irmã Liz, que incondicionalmente faz parte da minha vida, sendo uma das responsáveis por todo o meu crescimento enquanto profissional e enquanto pessoa; A mina irmã Marcelli, que além de ser mãe e amiga, me possibilitou sentir um amor que eu nunca poderia imaginar, um amor que transcende o meu próprio ser, amor imensurável pelos meus Jahva e João; A toda minha família, por toda sua dedicação; Aos meus amigos da UERJ, que caminharam junto a mim sendo força motriz e essencial nessa etapa da minha vida, meus agradecimentos especiais a Diogo, Marco, Bruno, Caio, Paola, Roberta, Fabiana, Roberto e Larissa;

Nem verdadeiro, nem falso. ''Logos'' e ''doxa'' na dialética acerca da ''epistéme'', no Teeteto de Platão

Trabalho apresentado no IV Encontro Nacional de Pesquisa na Graduação em Filosofia da UFPa, realizado do dia 24 a 28 de novembro de 2014, na Universidade Federal do Pará/UFPa. Produzido sob as condições de Comunicação, o presente texto trata do tema abordando, em linhas gerais, as estritas questões delineada no resumo. Esta Comunicação se deu no dia 26 de novembro, Sessão de Comunicação II, Mesa IV - Teoria do Conhecimento.

Eternidade e Tempo no 'Timeu' de Platão

Logos e Tempo em Platão e no Platonismo Caderno Idéias UNICAMP, 2004

O texto tenta contrastar Parmênides e Platão, mostrando como o fundador da Academia precisava dar outro sentido ao não-ser, pela via da física verosímil do 'Timeu', para abrir a possibilidade de pensar o tempo, a sensibilidade e o vir a ser.

ORIGEM E NATUREZA DOS NOMES NO CRÁTICO DE PLATÃO

E assim, aqueles nomes que consideramos serem das piores coisas parecernos-ão semelhantes aos nomes das melhores coisas. E penso que, se alguém se empenhasse nisso, descobriria muitos outros nomes a partir dos quais chegaria à ideia contrária, de que aquele que estabeleceu os nomes queria significar que as coisas não se moviam nem estavam em movimento, mas permaneciam." (Crátilo 435c-d) 1 O presente artigo faz parte da avaliação do final de curso de filosofia da Linguagem, e, discute-se a origem e a natureza dos nomes no Crátilodiálogo platônico sobre a justeza dos nomes.

Platão eo Cavalo de Pau: aspectos do problema da síntese e da constituição do acesso no Teeteto

2011

Este estudo procura aprofundar alguns problemas centrais de interpretação do Teeteto de Platão. Para esse efeito, concentra-se numa análise de um passo do meio do diálogo (184b4-186e12), onde Sócrates introduz a imagem do cavalo de pau. Discute-se o sentido desta imagem, os fenómenos a que faz referência e as suas implicações. O "cavalo de pau" descrito por Sócrates no Teeteto ilustra um modelo de compreensão: um determinado modo de interpretar o nosso acesso às coisas. Por um lado, exprime um peculiar fenómeno que é, de certo modo, o protagonista do Teeteto: um fenómeno de compreensão espontânea do nosso acesso às coisas que habitualmente acompanha este mesmo acesso e faz parte integrante dele. É este mesmo fenómeno que se exprime no αἰσθάνεσθαι de 151e e que volta a constituir o ponto de partida de 184b. Por outro lado, este fenómeno distingue-se pelo seu carácter confuso, indiferenciado: trata-se de uma compreensão que não é vazia, que inclui determinações (e até mesmo um intricado complexo de determinações)-mas de tal modo que essas determinações são em grande parte vagas e estão articuladas entre si de forma confusa, frouxa ou muito pouco aguda. A análise do modelo do cavalo de pau é desenvolvida de tal modo que procura pôr em evidência o referido fenómeno de auto-compreensão espontânea do nosso acesso às coisas e também a forma como este fenómeno está presente (e desempenha um papel marcante e decisivo), tanto no olhar comum, mais distraído, quanto no próprio olhar "teórico". Ora, entre outros aspectos, esta auto-compreensão inclui um certo entendimento do modo como as diferentes αἰσθήσεις se conjugam ou ligam entre si (ou seja, um certo entendimento da respectiva σύνθεσις ou κοινωνία). Neste aspecto, o que o Teeteto mostra é ao mesmo tempo a) que esse entendimento corresponde àquilo que Sócrates descreve como o modelo do cavalo de pau e b) que tal modelo afinal é frágil, tem "pés de barro" e na verdade fica muito longe de permitir compreender eficazmente aquilo que pretende captar. Por outra parte, a análise da questão do cavalo de pau e da sua relação com o referido fenómeno de auto-compreensão espontânea do nosso acesso às coisas dá lugar a uma tentativa de reinterpretação do nexo entre o passo relativo ao cavalo de pau e os diferentes desenvolvimentos que precedem no curso do Teeteto. Por outras palavras, para se entender 184b e ss., procura-se perceber melhor a sua relação com 151e, bem como os antecedentes de 151 e toda a discussão que medeia entre 151 e 184. Mas, além disso, procura-se também perceber a relação com todo o curso ulterior do diálogo e "decifrá-lo" como uma continuação daquilo que se encontra em 151 e 184, ou seja: como um conjunto de passos em que sucessivamente vão sendo identificadas e postas em causa (quer dizer, desmascaradas como algo igualmente frágil e insuficiente) diferentes componentes da referida auto-compreensão espontânea do nosso acesso às coisas. Assim, o que acaba por se desenhar, mesmo que só em esboço, é uma tentativa de reinterpretação global do Teeteto.

O Paradigma Da Ética Em Platão

Sapere Aude, 2020

RESUMO Este artigo visa apresentar uma abordagem da teoria do conhecimento de Platão em harmonia com o inferencialismo semântico e o expressivismo lógico de Robert Brandom. Os textos mais relevantes aqui são O sofista e a Carta VII, pois nesses textos a epistemologia platônica é apresentada em termos mais explícitos. O artigo começa com uma definição de Eventos, pois este conceito será o fundamento ontológico do argumento apresentado. Pois a verdade na teoria de Brandom pode ser compreendida como a força expressiva das razões com as quais alguém se compromete, e em Platão ela é uma atividade da Psyché que vincula o desvelar múltiplo do ilimitado Ser em movimento com a estabilidade proporcionada pelas ideias eternas e imutáveis. Assim, será argumentado que o conteúdo conceitual ao qual um sujeito autônomo se compromete é subordinado ao fato de que este sujeito é capaz de apropriar-se de si. A ideia defendida é de que o status social de conhecedor é uma razão que autoriza práticas sociais entre agentes racionais, e um indivíduo precisa reconhecer tal status em outro sujeito para poder participar do jogo de dar e pedir razões. PALAVRAS-CHAVE: Platão. Brandom. Inferencialismo. Ontologia. Ética.

A imagem do filósofo: o Teeteto de Platão e o método de Sócrates

Griot, 2018

Pretende-se oferecer aqui uma justificativa, tal como ela parece ter sido indicada por Platão no Teeteto, para o método de Sócrates, anunciado em Apologia como uma anthropíne sophía, capaz de avaliar os diferentes tipos de conhecimento. O recurso à imagem da maiêutica, no Teeteto, traz a representação de um aspecto desse método, posterior à refutação (élenkhos), em que o examinador ou parteiro elevam as opiniões do interlocutor até um princípio transcendente, para mostrar-lhes ou sua vacuidade ou sua solidez. Por fim, o Diálogo de Platão parece não apenas representar o método de Sócrates, mas se inspirar nele para a composição do seu discurso, que joga com a forma de fazer ver e com aquilo que se vê a partir dele.