A mística do martírio cotidiano em Ambrósio de Milão e no Papa Francisco / / The mystique of daily martyrdom in Ambrose of Milan and Pope Francis (original) (raw)

2022, Anais do 34º Congresso da SOTER: Religiões e projetos de Brasil nos 200 anos de independência

A abordagem da presente comunicação tem como eixo a mística do martírio cotidiano. Nos três primeiros séculos de cristianismo, de fato, o martírio era uma das mais importantes realidades da vida da Igreja, em que muitas pessoas derramaram seu sangue ao proclamarem a fé em Cristo diante de seus perseguidores. Com o advento da liberdade religiosa em virtude da promulgação do Edito de Milão em 313, o martírio passou a ganhar uma conotação mais espiritual. Esta acepção, primeiramente, foi assumida pela vida monástica como uma espécie de “martírio branco”. Contudo, ela não tardou em se estender para o âmbito da vida cotidiana nas mais diversas categorias de fiéis, e, assim, a perspectiva de santificação através do “martírio incruento” se prolonga até hoje na mística e na espiritualidade cristãs. Dessa forma, valendo-se de uma pesquisa bibliográfica, esta exposição se iniciará com um breve percurso acerca da passagem do “martírio vermelho” para o “martírio branco”. No segundo momento, veremos que Ambrósio, bispo de Milão, já no final do século IV, preocupava-se em apresentar aos seus fiéis uma mística martirial cotidiana. Em seguida, abordaremos alguns pontos da Exortação Apostólica Gaudete et Exsultate do Papa Francisco em que se vislumbram determinados elementos de uma espiritualidade martirial para o mundo de hoje. Por fim, realizaremos algumas aproximações entre os dois autores, cujos dados nos permitirão averiguar a contribuição de ambos para o enriquecimento da temática que consiste, essencialmente, em apontar o Cristo que se entrega até o fim como paradigma do testemunho diário da fé cristã.