Unidades de conservação, a influencia do poder econômico sobre o território (original) (raw)
Related papers
Unidades de Conservação como territorio e territorialização
INTRODUÇÃO Este texto consiste numa reflexão sobre o trabalho de sistematização do processo de criação e implantação do Parque Estadual da Serra do Brigadeiro -Pesb -, considerado como umas das primeiras experiências participativas de criação desse tipo de Unidades de Conservação (UC) i . O parque está localizado na mesorregião administrativa, denominada Zona da Mata, no Sudeste do Estado de Minas Gerais. Sua área é de quase 15 mil hectares, ocupando parcelas de oito Municípios -Ervália, Fervedouro, Sericita, Araponga, Miradouro, Pedra Bonita, Muriaé e Divino. Essa extensão envolve a cadeia montanhosa denominada Serra do Brigadeiro (Figura 1). Esse processo de criação e implantação é definido como participativo, em decorrência, sobretudo, da revisão dos limites da área a ser conservada, a qual ocorreu a partir de mobilizações populares (organizadas pelo Sindicato dos Trabalhadores Rurais -STRde Araponga, e pelo Centro de Tecnologias Alternativas da Zona da Mata -CTA-ZM -, ONG atuante na região) e inaugurou a participação popular no processo. A proposta inicial previa que o parque tivesse uma área de 32.500ha, mas, em funções das mobilizações, quando criado em 1996, o parque possuía uma área de 13.210ha.
2019
Tese (doutorado)—Universidade de Brasília, Instituto de Ciências Humanas, Departamento de Geografia, Programa de Pós-Graduação em Geografia, 2019.As unidades de conservação possuem grande importância para a preservação da biodiversidade e do patrimônio cultural, sendo reconhecida como uma estratégia articulada de desenvolvimento territorial e social. No entanto somente o ato administrativo de se criar um território protegido não garante sua efetiva implementação, requerendo as condições adequadas de infraestrutura e recursos humanos. Para além de questões de planejamento e gestão, verifica-se que agentes socioeconômicos em diferentes escalas atuam sobre a construção das singularidades locais e consequentemente sob a consecução dos objetivos dessas áreas protegidas. Nesse contexto definiu-se como principal proposta da tese demonstrar como a dinâmica territorial em diferentes escalas influenciam o nível de efetividade das unidades de conservação (UC) do Maranhão. Para tanto considerou...
Revista Brasileira de Ecoturismo (RBEcotur), 2014
O conselho consultivo do Mosaico Veredas-Peruaçu foi criado em 2009 para ser um espaço de integração entre os sujeitos interessados no desenvolvimento das Unidades de Conservação que o compõem. Esta instância visa unir esforços e dinamizar a gestão integrada de áreas protegidas. O trabalho apresenta os resultados de dois anos de criação do Mosaico Veredas-Peruaçu, localizado na região noroeste de Minas Gerais, e sua relação com o desenvolvimento da atividade Turística neste território. Por meio de análise de conteúdo das Atas, observação participante e entrevista semiestruturada, discute-se, a luz do paradigma da dádiva, o funcionamento do conselho, os principais projetos aprovados e os vínculos. Os dados obtidos apontam que o conselho cumpre suas obrigações e que os projetos de Turismo de Base Local e de Desenvolvimento do Extrativismo, aprovados pelo conselho, são de grande valia para o desenvolvimento da região. Territory and tourism development: possible contributions of a mosai...
Unidades de conservação como estratégia de gestão territorial dos recursos naturais
Terra Plural, 2009
Resumo: No Brasil, as Unidades de Conservação (UCs) são utilizadas enquanto mecanismos de gestão territorial para proteger os recursos naturais que restaram ao país após um intenso processo de depleção. Para compreender as relações existentes nas UCs fazse necessário um resgate teórico acerca da categoria de análise geográfi ca, o território, considerado como instrumento de exercício de poder. Nessas relações, observa-se o envolvimento de atores inseridos nos espaços territoriais legalmente protegidos, gerando o processo contínuo de territorialização-desterritorialização-reterritorialização. Aqui, prevalecem as relações de poder estabelecidas pelos grupos dominantes nem função das áreas detentoras de maior biodiversidade mundial como o Brasil. Palavras-chave: Biodiversidade. Unidades de conservação. Gestão territorial.
GEOgraphia, 2010
O trabalho faz uma apreciação dos problemas que afetam a gestão das unidades de conservação estaduais com base na origem e na situação atual dos órgãos de meio ambiente. A divisão de responsabilidades entre a FEEMA e o EF, a precariedade de verbas de infraestrutura e de pessoal, praticamente inviabilizam a formação de um sistema estadual integrado de UCs. São apresentadas, também, informações acerca de investimentos orçamentários e não orçamentários para o setor de conservação ambienta1 no estado. As ingerências políticas que desviam verbas do Fundo Estadual de Conservação Ambienta1 -FECAM, representam um dos pontos negativos do sistema. Atualmente, algumas UCs no Rio de Janeiro têm recebido recursos oriundos de medidas compensatórias, entretanto o problema da deficiência numérica e da baixa qualificação de pessoal das instituições govemamentais, requer soluções urgentes. The present work makes an assessment of the management of the state's conservation u...
Bertrand (1972) afirma que a paisagem resulta da combinação de elementos físicos, biológicos e antrópicos que de maneira dinâmica, por isso instáveis, reagem uns aos outros dialeticamente, formando um conjunto indissociável em perpétua evolução. Esta concepção aborda a natureza de forma integrada, nenhum componente pode ser entendido de forma separada, e os vários campos de estudos se complementam. A abordagem de análise integrada do sistema ambiental converge para a Teoria Geral do Sistema e seu maior vínculo é com o conceito de Geossistema (DO VALE, 2012). De acordo com Rodriguez e Silva (2002) esta concepção visa garantir os fundamentos conceituais, sobre os quais deveria estar inserida a análise da paisagem. Quando se trata de políticas públicas para a conservação da biodiversidade fala-se da conservação de espécies vegetais e da fauna, negando as características abióticas como parte de um sistema integrado e interdependente. Tem havido uma falta de integração espacial e reconhecimento das ligações entre habitats, espécies e processos naturais (GRAY et al., 2013). É necessário considerar a importância das estruturas físicas na formação e sustentação do meio biótico (FIGUEIRÓ et al., 2013). Os elementos geomorfológicos constituem-se como base para o desenvolvimento da paisagem, para a sustentação e formação da cobertura vegetal e das atividades humanas, podendo-se compreender as formas de relevo a partir da sua singularidade, raridade e originalidade, sendo assim capazes de proporcionar dinâmicas e identidades próprias (VIEIRA; CUNHA, 2004). Mais do que sustentar o meio biótico, os elementos geomorfológicos coevoluíram com a biodiversidade. Desta maneira se tornam testemunhos e revelam as dinâmicas naturais a longo prazo, sendo parte essencial para a interpretação da história natural do planeta (FIGUEIRÓ et al., 2013, SUERTEGARAY; PIRES DA SILVA, 2009). As unidades de conservação são a principal ferramenta utilizada atualmente no Brasil para proteção e conservação da natureza. Entende-las não apenas como espaço destinado a proteger espécies vegetais e faunísticas pode promover melhorias na gestão e ampliar a abrangência destas áreas no mundo. A partir do exposto, os objetivos deste trabalho são demonstrar a necessidade de criar unidades de conservação a partir da análise integrada da paisagem e apontar a importância dos elementos geomorfológicos para a ampliação do sistema de unidades de conservação da natureza. Um dos desafios postos está na maneira de gerir o geopatrimônio presente nas diversas categorias de unidades existentes, já que cada uma das categorias preconiza diferentes usos do solo.