Em nome de Deus: os ativismos evangélicos progressistas no Brasil contemporâneo (Capítulo publicado no livro PARTICIPAÇÃO E ATIVISMOS: ENTRE RETROCESSOS E RESISTÊNCIAS (original) (raw)
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Comunicação & Sociedade
Este trabalho tem por objetivo estudar a emergência de um ativismo político evangélico progressista no Brasil, para além do partidário e de campanhas eleitorais, expresso em mídias digitais. Identificar quem são esses ativistas e como se dá a sua ação, particularmente no Facebook e no Twitter, é o objeto do estudo. Para desenvolvê-lo, foi tomada como base teórica estudos anteriores da autora do trabalho e de cientistas da religião, para a compreensão do quadro da participação política de evangélicos brasileiros no tempo presente. Recorreu-se também às abordagens que relacionam comunicação e política e a uma compreensão do sentido de ativismo e de ativismo digital. Com base em mapeamento de ativistas evangélicos nas duas mídias sociais, realizado em pesquisa prévia, o estudo detém-se na lista de 22 evangélicos influenciadores que dedicam-se ao ativismo político, para traçar um perfil de sua atuação e demonstrar os conteúdos que privilegiam em suas postagens. Verifica-se que as mídias...
Na corda bamba: notas introdutórias sobre a adesão ao calvinismo nas Assembleias de Deus no Brasil
Revista de Cultura Teológica, 2019
O presente ensaio tem como objetivo trazer a lume o fenômeno da manifesta adesão de alguns líderes e leigos assembleianos à doutrina calvinista ou reformada na Igreja Evangélica Assembleia de Deus no Brasil. Trata-se de um fato de não somenos importância que, conquanto ainda incipiente, reflete uma mudança diametral ou um ponto de inflexão doutrinário na maior denominação pentecostal brasileira. Ressaltamos, todavia, que dessa proposta não resulta nenhum esgotamento do assunto, tampouco essa reflexão se pretende plenamente elucidativa em suas conclusões. Portanto, importa-nos iluminar o fenômeno em si e, quiçá, ensejar problematizações e abordagens ulteriores.
RESUMO: O aborto continua sendo uma questão polêmica, frente à qual cada pessoa tem suas convicções. A discussão recente no Brasil tem formado dois blocos antagônicos: de um lado aqueles que defendem um projeto legal de descriminalização do mesmo, ampliando, portanto, os dois casos previstos em lei: risco de vida à gestante e em caso de estupro. Argumenta-se, nessa concepção, que há um alarmante número de abortos clandestinos e morte de mulheres por esta prática. De outro lado identificamos posições, representadas, principalmente, pela Igreja Católica que defende a vida embrionária e fetal desde o início da sua concepção, opondo-se a qualquer forma de aborto. Para esses, a vida é sagrada (dom de Deus) e não pode ser violada. O tema é, portanto, de suma importância e atualidade. É preciso refletir sobre as motivações e concepções que estão presentes nas duas posturas levantadas, de forma cuidadosa e criteriosa. Somente assim, poder-se-á compreender a extensão e as motivações que movem posições tão contrárias.
Eleições presidenciais na América Latina em 2018 e ativismo político de evangélicos conservadores
2019
Outrora, interpretado como baluarte da modernidade cultural e econômica, o protestantismo, no início do século XX, formou cismas fundamentalistas e pentecostais que, posteriormente, sobrepujaram as vertentes liberais, difundiram-se pelo mundo e desaguaram na nova direita cristã. Na América Latina, onde já alcançam um quinto da população, grupos evangélicos transformaram o campo religioso, formaram bancadas parlamentares e partidos. Este artigo trata, de forma sumária, do ativismo político evangélico conservador nas eleições presidenciais em 2018 de Costa Rica, Colômbia, Venezuela, México e Brasil. Em defesa da “família” e da “vida”, lutam para conformar o ordenamento jurídico aos valores morais da “maioria cristã”, empreendendo cruzadas contra aborto, políticas igualitárias e anti-homofóbicas, educação sexual e a suposta doutrinação ideológica e de “gênero” nas escolas. Once viewed as a bulwark of cultural and economic modernity, Protestantism in the beginning of the 20th century led to fundamentalist and Pentecostal schisms which later overreached liberal strands, spread throughout the world and flowed into the new Christian right. In Latin America, where evangelical groups already account for a fifth of the population, they have transformed the religious field, and formed parliamentary caucuses and parties. This article deals briefly with the conservative evangelical political activism in the 2018 presidential elections in Costa Rica, Colombia, Venezuela, Mexico, and Brazil. In defense of “family” and “life”, they fight to conform the legal system to the moral values of the “Christian majority” by undertaking crusades against abortion, egalitarian and anti-homophobic policies, sexual education and a supposed ideological and “gender” indoctrination in schools.
O Brasil cristão da Frente Parlamentar Evangélica: luta pela hegemonia e revolução passiva
Revista Brasileira de História das Religiões, 2021
Resumo: O objetivo deste artigo é qualificar o protagonismo que a Frente Parlamentar Evangélica (FPE) vem assumindo sob o governo Bolsonaro desde abril de 2019, quando foi criada a página da FPE no Facebook. Além do manifesto da FPE, foram analisadas 209 publicações, entre 01 de abril e 31 de outubro de 2019, e uma série de eventos ocorridos no corrente ano. O estudo vale-se de categorias analíticas de Gramsci como Estado ampliado, hegemonia, aparelhos privados de hegemonia, intelectuais orgânicos, partido e revolução passiva para interpretar as relações entre evangélicos e esse governo de extrema direita. Os resultados evidenciam a articulação de entidades particulares, de cunho religioso ou não, com a FPE. Eles são discutidos e compreendidos em termos de uma luta pela hegemonia na sociedade brasileira por parte dessas igrejas evangélicas representadas pela FPE que tem como projeto de país uma forma de revolução passiva que assume contornos específicos no Brasil do século XXI.
Civitas - Revista de Ciências Sociais, 2016
O artigo parte da apresentação e análise crítica de O dossel sagrado, livro de Peter Berger que completa 50 anos em 2017, para discutir aspectos do debate e da revisão acadêmicos da teoria da secularização e do pluralismo cultural e religioso. Enfoca a relação entre secularização, pluralismo e expansão de grupos evangélicos conservadores, por meio do exame de sua identidade subcultural e de seu ativismo político conservador .