Obras de mulheres compositoras para violão: um panorama histórico-estilístico a partir de reflexões sobre música e gênero na universidade (original) (raw)
Related papers
XXVIII Congresso da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Música – Manaus - 2018 - Anais, 2018
Refletimos aqui sobre a ausência do repertório de compositoras brasileiras nos cursos de bacharelado em violoncelo do Brasil, a partir da articulação do pensamento de autoras e teóricas descoloniais e feministas do Sul do mundo tendo como foco de análise neste artigo dois cursos públicos de bacharelado em violoncelo no Brasil. Observamos a necessidade de escutas e olhares descoloniais e feministas na música, que incluam nos cursos de bacharelado em violoncelo a criação das diversas mulheres brasileiras compositoras e criadoras da música.
Revista da Tulha, 2016
A presente comunicação é o resultado de uma experiência vivenciada por um professor/investigador junto a um projeto que ensina Música, por meio da viola caipira, a alunos de uma Escola Municipal da zona rural de São João del-Rei, em Minas Gerais. Trata-se de reflexões que surgiram a partir do entrelaçamento do que foi vivido e observado em campo com o que foi interpretado sobre alguns pensamentos de Hans-joachim Koellreutter. Em forma de questionamentos é que o movimento reflexivo flui quase que sem direção, uma vez que não almeja dar as respostas, mas sim, colocar lenha na fogueira que já está acesa e assim convidá-lo a pensar sobre o processo de ensino-aprendizagem em tela.
A expressão da “feminilidade” na obra “Guitarrista e duas figuras femininas” de Marie Laurencin
resumos do..., 2019
A presente comunicação teve como objetivo refletir sobre a atribuição do conceito de feminilidade à obra da artista francesa Marie Laurencin a partir da análise do quadro "Guitarrista e Duas Figuras Femininas", pintado por ela no ano de 1934. Doada ao Museu de Arte de São Paulo em 1947 no ano de inauguração da instituição, a obra, apesar de única da artista no acervo do Masp, representa seu estilo e permite identificar aspectos de seu trabalho que foram categorizados enquanto representativos de uma arte moderna tipicamente feminina. É com base nessa concepção que procuramos compreender, pelo debruçar sobre o quadro do Masp, os aspectos pictóricos que se relacionam-de modo a aproximar-se ou distanciar-se-, aos discursos construídos pelas fontes e pela historiografia acerca da obra de Marie Laurencin. Também, buscou-se compreender a inserção da obra no Masp, dada em um momento onde Pietro Maria Bardi, financiado por Francisco de Assis Chateaubriand, trabalhava para construir seu acervo. Nascida em 31 de outubro de 1883 em Paris, Marie-Mélanie Laurencin têm em sua certidão 2 a mãe, Pauline Laurencin de 22 anos, e um pai não denominado pelo documento mas reconhecido pela história, Alfred Toulet, político frances cuja identidade será revelada à artista somente em sua maioridade. Laurencin, que se torna pintora, poeta e ilustradora, vê-se crescer em um ambiente típico da burguesia francesa, entre visitas ao Museu do Louvre e passeios na Avenue de Champs Elysées organizadas pelo Liceu Lamartine, onde estuda na adolescência. Em seus diários a artista descreve experiências que revelam, desde a infância, interesse pela pintura e pela temática do feminino, elementos os quais, em combinação, marcam sua carreira artística. Em seus diários 3 a artista aponta que aos quinze anos tinha Ghirlandaio e Botticelli como referência, cuja "Primavera", exposta em Paris e visitada por ela, unia o fascínio pela arte à atenção à forma feminina, aflorada pela adolescência. 1 Bacharel em História pela Universidade Estadual de Campinas. Foi bolsista do programa Pibic-Unicamp, com pesquisa intitulada "A expressão da 'feminilidade' na obra 'Guitarrista e duas figuras femininas' de Marie Laurencin". 2 GROULT, Flora.
Arquivos do CMD
Neste artigo pretendo mostrar como duas musicistas brasileiras: Helza Camêu (1903-1995) e Joanídia Sodré (1903-1975)[1] tornaram-se compositora e maestrina, respectivamente, nos anos 1930, no Rio de Janeiro. Quais configurações sociais viabilizaram o acesso dessas mulheres à composição e à regência, até então, duas atividades restritas aos homens? Embora tenham começado a carreira como pianista nos anos de 1920 no Rio de Janeiro, elas não prosseguiram como concertista, então um espaço de consagração feminina, basta mencionar as duas principais pianistas brasileiras Guiomar Novaes (1894-1979) e Magdalena Tagliaferro (1893-1986) que concomitantemente construíam uma carreira internacional[2]. Joanídia estreou como maestrina em 1930, sendo provavelmente a primeira mulher a realizar o feito de reger uma orquestra sinfônica no Teatro Municipal. Helza, por sua vez, estreou como compositora em 1934, tendo sido talvez uma das poucas, senão a única mulher a ser laureada (1936 e 1943) em concu...
Orfeu
O propósito do artigo é pautar a decisiva atuação de Quincas Laranjeiras (1873-1935) como professor de violão em grupos socioculturais mais vinculados às matrizes culturais populares: chorões, sambistas, regionalistas, cantoras e cantores vinculados à indústria fonográfica e ao rádio, destacando as suas relações com Donga e as senhoras e senhoritas da sociedade carioca. De forma complementar, o texto tangencia parte dos contextos e dinâmicas que, naquele momento, giravam em torno do instrumento, situando minimamente a vida desses personagens no tempo e no espaço. A partir do cruzamento e análise das fontes primárias coligidas e dos dados disponíveis na literatura, os resultados indicam que, ao longo da década de 1920, Quincas cumpriu um importante papel como professor de violão de praticantes mulheres, inserindo o seu trabalho pedagógico dentro do movimento de “ressurgimento da canção nacional” (CORREIO DA MANHÃ, 1926a, p. 11).
A Viola Caipira: da Tradição a Outros Géneros Musicais
The purpose of the present work is to inquire if the viola caipira, a traditional and secular instrument, would be able to migrate to other styles such as jazz, choro, samba, salsa, African music, pop, rock, etc, analyzing previously possible obstacles that migration, at the same time question how and in which context this transition can be made. Derived from the traditional Portuguese wire violas, appears in Brazil a colonial variant designated viola caipira. The Portuguese violas came to Brazil in the sixteenth century, in the hands of the Jesuits and settlers and were used extensively in the indoctrination process of the natives, as well as fun times of the settlers, thus beginning a great process of diffusion in Brazil. Although there still exist, they were marked as instruments linked to folklore and it was few used in urban music or sound recordings linked to mass consumption, with a small exception for artists from the musical style labeled as Brazilian country music and not much more than that, imprisoning its sound to musical demonstrations from the country area without expanding all its potential sound to other musical styles. So far, its existence is mainly timited to the rural cultural events, with little participation in urban genres when it comes to musical events. Through this research based on readings of books and dissertations, as well in semi- structured interviews, it attempts to perceive what the essential elements to their roots and language so linked to the world of traditional music, they could be applied to other areas and also by other performers from different cultures.