ANAIS DO III SIMPFENNCO Revisado (original) (raw)
de (UEPB) 1 RESUMO: A partir do lastro teórico das Literaturas de Reexistênciapráticas de criação literária de vozes subalternizadas que ressignificam suas opressões-, o presente trabalho se constitui de um estudo analítico dos poemas "Negra mulher" e "Mulher Negra", ambos contidos na obra da autora paraibana Jeovânia Pinheiro do Nascimento intitulada Re[s][x]istência (Nascimento, 2019). Nesta leitura, evidenciamos a representação do sujeito lírico que desenvolve uma imagem de autoafirmação negra, valorizando na sua voz, o feminino, ao demonstrar força para resistir ao patriarcado, por um lado, e à sociedade racista, por outro. Assim, objetivamos, diante disso, visibilizar a produção poética da autora, na sua potência de singularização, e, ao mesmo tempo, de coletividade, mediante os aspectos aqui refletidos, sobretudo, evidenciando a condição da mulher afro-brasileira materializada nos textos estudados. Para tanto, nos portamos dos estudos de Neves (2017), Amorim et al. (2021), Duarte (2010), entre outras/os autoras/es que refletem acerca das Literaturas de Reexistência e das linguagens características das produções de autoria negra. Esses estudos foram usados para firmar nossa intervenção crítica investigadora da representação resistente de um sujeito lírico feminino enunciador de sua subalternidade, que ressignifica sua luta através da palavra poética. Por fim, do ponto de vista metodológico, reportamos às considerações de Cortez e Rodrigues (2009), Trevisan (2001) e Candido (2006) para análise dos poemas aqui focalizados interagindo com os postulados críticos que fundamentam nossas opções de leitura. Como resultados, verificamos que os poemas apresentam o imbricamento da condição de raça e de gênero desenvolvendo nisso a consciência de si, o empoderamento, a Reexistência, a positividade e a força da mulher negra que se autonomiza em suas ações de enfrentamento. PALAVRAS-CHAVE: Literaturas de Reexistência; poesia de autoria feminina negra; Jeovânia Pinheiro do Nascimento. 1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS "Não abrir mão dos cachos" (Nascimento, 2019, p. 41). É com este verso que Jeovânia Pinheiro do Nascimento abre o poema "Mulher Negra", da antologia Re[s][x]istência. Diante dele,encontramos o fio condutor da poesia dessa autora, cuja potência lírica incide no enfrentamento de discursos racistas e misóginos, na busca por pontuar o olhar para si, tendo nisso um outro coletivo que espelha sua identidade negra. Um outro amplo, uma comunidade de afetos que podem reconhecer nos versos de Nascimento, o traço feminino de escrita tradutora de reexistências poéticas.