Educar no museu : o Museu Histórico Nacional e a educação no campo dos museus (1932-1958) (original) (raw)

Um dia me deparei com a frase de Cora Coralina, escritora brasileira: "O que vale na vida não é o ponto de partida e sim a caminhada. Caminhando e semeando, no fim terás o que colher". Anotei e guardei por meses para aqui compartilhá-la, pois acredito que a combinação dessas palavras representa o que colhi ao longo do Doutorado: parcerias, amizades, gentilezas, companheirismo e muito incentivo. De antemão, meu agradecimento a todos que me estimularam ao perguntar, por exemplo, como estava a pesquisa. Os pequenos gestos fazem a grande diferença. Mas, entre tantos colaboradores, gostaria de reforçar alguns agradecimentos: À Universidade Federal do Rio Grande do Sul, ao Programa de Pós-Graduação em Educação e, em especial, aos docentes da linha de pesquisa História, Memória e Educação, que nos encontros de aula ou eventos trocaram ideias, conselhos e opiniões importantes para o desenvolvimento do trabalho. Aos amigos de linha de pesquisa, que pelas inúmeras conversas fortaleceram a pesquisa realizada. À colega Ana Escobar pela tradução do resumo para o espanhol. À minha orientadora, Zita Rosane Possamai, que sempre acreditou no tema da pesquisa e me incentivou a realizá-la quando muitas vezes, por diversas atribuições paralelas, achei que não daria conta. Muito obrigado por me acompanhar no itinerário da Pós-Graduação e proporcionar que meus sonhos acadêmicos se tornassem realizações. Agradeço também à professora Maria Stephanou, que gentilmente me acolheu no início do Doutorado na linha de pesquisa. Aos docentes que compõem a banca examinadora deste trabalho, prof. Dr. Ivan Coelho de Sá, profª. Drª. Letícia Julião, profª. Drª. Maria Helena Camara Bastos e profª. Drª. Maria Stephanou, que dedicaram seu tempo e atenção para somarem forças a esta investigação. Aos funcionários e colaboradores do Arquivo Histórico, da Biblioteca e do Centro de Referência Luso-Brasileiro do Museu Histórico Nacional, bem como do Núcleo de Memória da Museologia no Brasil da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro por toda a assistência para a realização da pesquisa. Agradeço também o serviço de digitalização celebrado entre o Museu Histórico Nacional e a empresa DocPro, que diminuiu significantemente minhas idas ao Rio de Janeiro por permitir acesso virtual ao acervo documental do Museu pelo gratuito sistema de consulta. Essa é uma iniciativa que incentiva a pesquisa sobre a história dos museus, ainda muito dificultada no Brasil, sobretudo pelo manuseio aos arquivos. Aos amigos da Faculdade de Biblioteconomia e Comunicação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, que sempre incentivaram esta jornada. À Ana Maria Dalla Zen, muito obrigado pela leitura do trabalho. À Vanessa Barrozo Teixeira, Ana Celina Figueira da Silva e Marlise Giovanaz pelas conversas descompromissadas que ajudaram a reciclar ideias. À Anamaria Teixeira da Rosa, Eráclito Pereira, Jeniffer Alves Cuty e Valdir José Morigi, pelo estímulo constante. À Lizete Dias de Oliveira por se fazer tão presente nesse trabalho quando mais precisava dedicar-se a si mesma. Aos estudantes do Curso de Museologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul que a cada encontro perguntavam como estava a pesquisa. Recebi muito carinho e estímulo para a conclusão do Doutorado e agradeço imensamente essa atenção. Às amigas Thaisa Rangel e Mayara Manhães de Oliveira, que de longe estão sempre perto. Às minhas cunhadas, Elisa e Elisabeth Machado, pelas trocas ao longo de nossas jornadas na Pós-Graduação. À Elisa, agradeço ainda pela correção atenta do texto, muito obrigado pela dedicação. À Elizabeth e Daniel Negreiros Conceição, obrigado pela tradução do resumo para o inglês. Aos meus sogros, Rivanda e José Palminor Machado, pelo encorajamento constante em aproveitar essa etapa da vida. À Elias Palminor Machado meu eterno obrigada pela parceria de vida. Obrigada pela presença, inspiração e motivação. Não tenho palavras para expressar a sua importância em minha vida. Segundo Carlos Drummond de Andrade: "Se você sabe explicar o que sente, não ama, pois o amor foge de todas as explicações possíveis". Sua companhia ao longo dessa jornada fez toda a diferença. Obrigada por todos os dias me fazer feliz. Aos meus familiares: minha avó Solange, tia Rogéria, e primas, Bruna e Glória Gelmini, que são parte de mim. Aos meus pais, Valéria Gelmini e José Henrique de Faria, que são pais-amigos, pais-parceiros, pais-auxiliares, pais-cúmplices, paistorcedores, pais-conselheiros. Amo-os incondicionalmente. Ao caminho de Santiago de Compostela, que me permitiu ter um distanciamento estratégico da tese e, ao mesmo tempo, uma proximidade que até então não tinha alcançado. Dizia Mia Couto: "Só se escreve com intensidade se vivemos intensamente. Não se trata apenas de viver sentimentos mas de ser vivido por sentimentos". Obrigada a todos por estarem comigo nessa experiência e a tornarem repleta de sentimentos como a alegria, a felicidade, a persistência, o entusiasmo e a realização. Assim, fundado sobre o corte entre um passado, que é seu objeto, e um presente, que é o lugar da sua prática, a história não para de encontrar o presente no seu objeto, e o passado, nas suas práticas. Michel de Certeau RESUMO Este trabalho se propõe a investigar como foi formulado, pelos agentes e agências que atuavam no campo dos museus no Brasil, o papel educativo dessas instituições, em especial no Museu Histórico Nacional. A pesquisa compreende as décadas entre 1930 e 1950, com demarcações temporais precisas em 1932, quando ocorreu a implementação do Curso de Museus no Brasil e, 1958, ano em que foi realizado no País o Seminário Regional da UNESCO sobre a Função Educativa dos Museus. O estudo situa-se na interseção entre a História da Educação e a História dos Museus, e fundamenta-se nos pressupostos da História Cultural. Considerei que as relações a serem investigadas articulavam-se em um campo dos museus e, para a proposta analítica, tomei de empréstimo o conceito de campo definido por Pierre Bourdieu. A pesquisa partiu do pressuposto de que um processo de maturação da função social dos museus desenvolveu-se ao longo do século XX e, nessa dinâmica, o tema educação em museus ganhou destaque. Ao deter-me em uma análise do corpus documental referente ao período investigado (matérias de jornais, documentos oficiais, livros, artigos, relatórios, depoimentos de antigos profissionais de museus, por exemplo), identifiquei uma operação teórico-metodológica por parte dos agentes e agências, que atuaram no campo dos museus, para sua legitimação como espaços de aprendizado. A defesa do aprimoramento do papel educativo dos museus era sustentada por três abordagens: educação visual; educação para o povo; projeto de nação assegurado pela instrução pública. O diálogo com os autores