Secas e molhadas: a inundação em florestas alagáveis reduz a exposição a herbívoros e galhadores? (original) (raw)
Herbivoria é o consumo de tecidos vegetais por animais. A destruição destes tecidos geralmente resulta em reduções no crescimento ou reprodução das plantas atacadas. Em decorrência dessas reduções, o equilíbrio competitivo pode ser alterado, afetando até mesmo a estrutura de comunidades vegetais (Dirzo 1980; Coley 1983; Marquis 1984). Outro fator que pode afetar o crescimento e a reprodução das plantas é a formação de galhas, que são tumores em tecidos de plantas induzidos por diversos táxons de organismos que se alimentam destes tecidos (Price et al. 1987). Herbivoria é portanto uma forte pressão seletiva, responsável pelo desenvolvimento de diversos tipos de defesas, sejam químicas, estruturais ou biológicas (Coley & Kursar 1996; Marquis 1984). Algumas dessas defesas incluem estruturas como espinhos e tricomas, assim como folhas mais espessas e esclerotizadas (Coley & Kursar 1996). Defesas bióticas ou associações com insetos que predam ou removem herbívoros das plantas hospedeiras também podem ser considerados eficientes mecanismos de defesa. De fato, algumas plantas possuem estruturas que parecem ser adaptações cuja função principal é atrair e abrigar predadores de herbívoros, como no caso das domáceas e dos nectários extra-florais. O carauaçú Symeria paniculata (Polygonaceae) é uma arvoreta que pode atingir mais de 10 m de altura, e ocorre frequentemente em florestas de igapó, que são periodicamente alagáveis por águas pretas, na Amazônia Central. Essa arvoreta sofre intensos danos foliares causados por herbívoros e galhadores (B. A. Santos com. pess.). Na época da cheia, o nível d´água pode subir em até 10 m de altura, inundando as florestas de igapó e deixando os indivíduos de carauaçú completamente ou parcialmente submersos durante vários meses. Mesmo submersos os indivíduos mantém suas folhas verdes e fotossinteticamente ativas (Oliveira & Daly 2001), perdendo-as no início da vazante quando começa a produção de novas folhas. Assim, durante todo o período de cheia não há troca de folhas. A maioria dos herbívoros e galhadores são animais terrestres incapazes de atacar os tecidos vegetais submersos (Cogni et al. 2001),
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