Perspectivismo ameríndio (original) (raw)
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Perspectivismo ameríndio e Natureza
Sacrilegens
Cada cultura humana parece reproduzir de modo diverso os limites que as separam de uma relação mais íntima e natural com uma Natureza pura e interdependente. Este artigo é um convite para adentrar em uma jornada em que o pensamento assume a forma de mergulho íntimo em um Si-mesmo não separado da Natureza, onde habita o reconhecimento de uma experiência da alteridade não dicotômica. Um universo onde o conceito de “religião” não encaixa, ele se esvai na fluidez de um rio de água doce. A sensibilidade ameríndia não aceita rédeas estruturais rígidas e dogmáticas, ela brota no não-lugar do pensamento lógico racional objetificador, como uma espiritualidade não centralizada que, exercita o reconhecimento das infinitas possibilidades de manifestações que o conhecimento pode assumir.
Perspectivismo e relacionalismo estrutural ameríndios
2013
Este artigo versa sobre o modo como se constituem e se articulam a análise etnográfica e a síntese teórica do perspectivismo ameríndio, proposto por Viveiros de Castro (1996) e Lima (1996). O exercício que nos propomos é duplo. Por um lado, destacaremos o potencial heurístico da proposta perspectivista: a maneira como os autores souberam iluminar uma série de pontos do material etnográfico, redefinindo o estudo em novos termos. Por outro lado, partindo dos caminhos abertos por Viveiros de Castro e Lima, gostaríamos de contribuir com o estudo do perspectivismo ameríndio propondo uma nova abordagem teórica para a análise etnográfica realizada por esses autores. Tal abordagem proporá compreender o complexo etnográfico perspectivista a partir de um regime estrutural de relações.
Do perspectivismo ameríndio ao índio real
O perspectivismo ameríndio, formulado há dezesseis anos em um artigo de Eduardo , tornou-se o conceito mais citado na antropologia brasileira, dentro e fora das fronteiras (em geral pouco permeáveis) da etnologia. Tornou-se, também, a contribuição teórica mais visível da antropologia brasileira à antropologia global. Sua formulação típica -centrada no multinaturalismo, e ancorada no exemplo dessas queixadas amazônicas que são também gente -tem sido invocada para interpretar xamanismos, cosmologias ou sociologias indígenas, esgrimida em reedições do velho debate sobre a racionalidade, e aduzida como um exemplo da capacidade de diferença do pensamento humano e do tipo de descobertas que a antropologia é capaz de oferecer à ciência. Um sucesso incontestável que, como era de se esperar, acabou por ser contestado. As críticas têm surgido desde o próprio campo da etnologia, formuladas por dois especialistas de grande renome, Terence Turner, já anos atrás (2009) e Alcida Rita Ramos mais recentemente (2012).
Sobre o Perspectivismo Ameríndio e vice-versa
Esta dissertação intenta investigar o modo como se constituem e se articulam a análise etnográfica e a síntese teórica do perspectivismo ameríndio, proposto por Eduardo Viveiros de Castro (1996) e Tânia Stolze Lima (1996). A tarefa que nos colocamos é dupla: [1] Por um lado, destaca-se o potencial heurístico da proposta perspectivista: a maneira como os autores souberam iluminar uma série de pontos do material etnográfico, redefinindo o estudo em novos termos; [2] Por outro lado, propõe-se uma leitura alternativa do complexo etnográfico perspectivista. Procuramos arranjar diferentemente os pontos destacados e iluminados pela análise etnográfica de Viveiros de Castro e Lima, de modo a propor uma leitura que busque entender as relações sociais interespecíficas (entre humanos e não-humanos) não como um regime ontológico de perspectivas intercambiáveis (o perspectivismo ameríndio), mas como um regime estrutural de relações intercambiáveis.
Perspectivismo ameríndio e Natureza Amerindian perspectivism and Nature
Cada cultura humana parece reproduzir de modo diverso os limites que as separam de uma relação mais íntima e natural com uma Natureza pura e interdependente. Este artigo é um convite para adentrar em uma jornada em que o pensamento assume a forma de mergulho íntimo em um Si-mesmo não separado da Natureza, onde habita o reconhecimento de uma experiência da alteridade não dicotômica. Um universo onde o conceito de "religião" não encaixa, ele se esvai na fluidez de um rio de água doce. A sensibilidade ameríndia não aceita rédeas estruturais rígidas e dogmáticas, ela brota no não-lugar do pensamento lógico racional objetificador, como uma espiritualidade não centralizada que, exercita o reconhecimento das infinitas possibilidades de manifestações que o conhecimento pode assumir.
O perspectivismo ameríndio e a ideia de uma estética americana
Boletim do Museu Paraense Emílio Goeldi. Ciências Humanas, 2012
Resumo: O artigo discute a ideia de existência de uma estética pré-colonial própria do território americano, tendo por base a ampla distribuição geográfica de um mesmo fundo cosmológico, cuja expressão material seria as diversas classes de objetos arqueológicos envolvidos na ação ritual. O conceito que orienta esta discussão é o perspectivismo ameríndio. Formulado originalmente para dar conta da singularidade do pensamento indígena amazônico, abordando as relações simbólicas entre os homens e outros seres, este conceito, que possui uma amplitude pan-americana, é reconhecível não só a partir das etnografias, dos mitos, mas também por meio das representações presentes na iconografia dos artefatos revelados pela Arqueologia, sobretudo aqueles que exibem corpos em estado de transformação. Vistas como parte de sistemas de pensamento e organização social, as representações artísticas contidas em objetos pré-coloniais amazônicos, andinos e da costa noroeste da América do Norte indicam uma unidade mitológica e cosmológica do mundo ameríndio, que ultrapassa distintas morfologias sociais e estruturas políticas.
O perspectivismo (ameríndio) não é um humanismo (Amerindian) perspectivism is not a humanism
Ágora Filosófica, 2023
Amerindian perspectivism-a concept incused by Viveiros de Castro-translates the idea, common to some Amazonian peoples, that all non-human animals were once and/or still are human-animals; indeed, not only are animals "virtually" human, but also spirits, meteorological phenomena, trees and mountains, etc. Therefore, humanity is the common condition shared by all beings. In this sense, this paper aims to place this notion beyond the contours of humanism, insofar as Amerindian perspectivism intends to be a thought that breaks with the humanist metaphysical tradition. For this, we will use the philosophy of Gilles Deleuze as a theoretical instrument, an explicit reference to Viveiros de Castro.
Revista Meio Ambiente e Sustentabilidade, 2021
Resumo Este artigo versa sobre o perspectivismo ameríndio como modelo de desenvolvimento e sustentabilidade, em oposição ao modelo capitalista ocidental entranhado nas estruturas socioprodutivas. A natureza é apresentada no espectro descolonizador que promove a reconexão do humano como estrutura integrada aos processos naturais. Portanto, pretende-se apresentar um contraponto entre o domínio cosmológico ocidental, que estabelece o padrão colonial-moderno-capitalista de poder sobre a natureza e o perspectivismo ameríndio, o qual pretende refundar o humano à natureza. A compreensão do domínio epistemológico ocidental permite comparar e deslocar os conceitos de precificação e de objetificação da natureza, para transvalorar a outra escala de desenvolvimento e sustentabilidade para uma ecologia pachamama. No aspecto metodológico, este estudo faz uma revisão bibliográfica e apresenta de forma interdisciplinar os textos de teóricos decoloniais, na maioria, latino-americanos, de grande visi...
Os pronomes cosmológicos e o perspectivismo ameríndio
Mana-estudos De Antropologia Social, 1996
El ser humano se ve a sí mismo como tal. La Luna, la serpiente, el jaguar y la madre de la viruela lo ven, sin embargo, como un tapir o un pecarí, que ellos matan (Baer 1994:224).
Perspectivismo Ameríndio nos Discursos Mitificados do Catolicismo Popular na Amazônia
Revista Diálogos, 2020
Perspectivismo Ameríndio nos Discursos Mitificados do Catolicismo Popular na Amazônia Resumo: O presente artigo tem por objetivo problematizar, mediante os aportes teóricos dos estudos pós-coloniais, o projeto colonizador da Igreja Católica para com expressões do catolicismo popular da Amazônia Amapaense, a exemplo do Mito da Cobra Grande, constituído como projeto centrado em pressupostos eurocêntricos e judaico-cristãos em detrimentos das expressões afro-ameríndias identitárias, cultural e religiosamente, das comunidades católicas da zona urbana e rural da Amazônia brasileira. A população amazônica desenvolve estratégias de resistência e reexistência com o intuito de manutenção das suas tradições religiosas em torno da festa dos santos, romarias, festejos, terços, quermesses, e outras atividades como fundação de origem ou retorno às origens para a instauração de identidade narrativa. Palavras-chave: Catolicismo Popular; Religiões e Religiosidades na Amazônia Amapaense; Identidade Narrativa; Pós-colonialismo. Amerindian Perspectivism in the Mythicized Discourses of Popular Catholicism in the Amazon Abstract: This article aims to problematize, through the theoretical contributions of the post-colonial studies, the catholic church"s colonization project towards the Amapaense Amazon"s popular catholicism-such as the Myth of Cobra Grande-constituted as a project evolved around eurocentric and judeo-christian assumptions to the detriment of afro-amerindian cultural, identity and religious expressions, of catholic communities in the urban and rural areas of the brazilian Amazon. The amazonian population develops strategies of resistance and re-existence in order to maintain their religious traditions around festa dos santos (festival of saints), pilgrimages, festivities, rosaries, quermesses, and other activities as forms of origins establishment or origins return for the foundation of a narrative identity. Perspectivismo amerindio en los discursos míticos del catolicismo popular en la Amazonía Resumen: Este artículo tiene como objetivo problematizar, a través de las contribuciones teóricas de los estudios poscoloniales, el proyecto de colonización de la iglesia católica hacia el catolicismo popular amapaense de la Amazonía, como el Mito de la Cobra Grande, constituido como un proyecto desarrollado alrededor del eurocentrismo y el judeocristiano. supuestos en detrimento de las expresiones culturales, de identidad y religiosas afro-amerindias, de las comunidades católicas en las zonas urbanas y rurales de la Amazonía brasileña. La población amazónica desarrolla estrategias de resistencia y re-existencia con el fin de mantener sus tradiciones religiosas en torno a la fiesta de los santos, peregrinaciones, festividades, rosarios, quermesses y otras actividades como formas de establecimiento de orígenes u orígenes que regresan a la fundación. de una identidad narrativa. Amapá se encuentra en la región de Plato das Guianas. Palabras clave: catolicismo popular; Religiones y religiosidades en la Amazonía amapaense; Identidad narrativa; Postcolonialismo. Recebido em: 13/05/2020 Aprovado em: 22/07/2020