Desmame precoce do filho de mãe adolescente (original) (raw)

Amamentação e desmame precoce

Moutinho, K., Roazzi, A., & Gouveia, E. L. (2001). Amamentação e Desmame Precoce. Pediatria Moderna, 37(8), 394-398. A literatura tem destacado incisivamente o grande número de benefícios que o ato de amamentar proporciona à mãe, ao bebê, à família e até mesmo ao meio ambiente. Alguns achados apontam que o leite materno é rico em substâncias, como água, vitaminas, sais minerais, dentre outras, que fortalecem o sistema imunológico do bebê, protegendo-o contra vírus, bactérias, infecções e alergias. É um alimento de fácil absorção orgânica e, quando ministrado com exclusividade, pode diminuir os riscos de anemia nos primeiros seis meses de vida do bebê. Em contrapartida, quando este é alimentado com leite artificial os problemas de saúde são mais freqüentes, não somente em função da ausência dos componentes supramencionados (o leite artificial não possui, por exemplo, efeito protetor contra alergias e infecções), como também, em muitos casos, em virtude de a mamadeira ou água utilizada não ser higienizada adequadamente, procedimento muito comum em famílias de baixa renda (Unicef, 1995; Wagner, Anderson & Pittard, 1996; Coutinho, 1996; Wagner, 1999). Os benefícios da amamentação também são evidenciados no campo da psicologia. A comunicação e a linguagem entre mãe e bebê, que ocorrem durante a amamentação, são reconhecidos como intrinsecamente relacionados ao desenvolvimento social e afetivo do bebê. Através de sorrisos, choramingos, balbucios e jogos se tem a criação e o fortalecimento de vínculos entre o bebê e a sua mãe. Tomando-se como referencial teórico os estudos de Eric Erickson, a amamentação é uma situação que favorece o estabelecimento da confiança do bebê: "Amamentação como alimentação torna-se amamentação por reafirmação e conforto [...]" (Riordan, 1993, pág. 462). O desmame precoce Diante do reconhecimento da importância da amamentação no início da vida, inúmeros programas têm sido desenvolvidos em todo o mundo e se inscrevem em uma tendência internacional de proteção à maternidade e à infância (Javorski, 1997). Entretanto, a despeito das recomendações preconizadas nos programas de incentivo à amamentação, o desmame precoce - ou seja, o abandono, total ou parcial, do aleitamento materno antes de o bebê completar seis meses de vida - ainda é uma problemática bastante comum em diversos países. Segundo Humphreys e cols. (1998), a média de amamentação das mulheres norte-americanas de nível socioeconômico baixo permanece aproximadamente 35 pontos percentuais abaixo do nível recomendado. Em estudo realizado por Vasconcelos (1999) foi identificada a duração do aleitamento materno no Estado de Pernambuco, no ano de 1997. Foi investigada uma amostra de 852 crianças, de 0 a 24 meses, residentes na região metropolitana do Recife (36,1%), no interior urbano (32,2%) e no interior rural (31,7%). Neste estudo, a autora considerou três tipos de aleitamento materno: Aleitamento Materno Exclusivo: a criança se alimenta apenas de leite materno, com exceção de gotas de xarope, remédios ou sais minerais. Observou-se que, no primeiro mês de vida, 31,7% das crianças recebiam este tipo de alimentação; no terceiro mês 13,7%; e no sexto mês 7,4%; Aleitamento Materno Predominante: o leite materno é a principal fonte de alimento da criança e podem ser introduzidos outros líquidos, como chá, água e sucos. No primeiro mês de vida 58,2% recebiam aleitamento materno predominante; no terceiro mês 32,6%; e no sexto mês 14,9%; Aleitamento Materno Total: além do leite materno, a criança se alimenta com outros líquidos, incluindo o leite artificial. No primeiro mês 74,3% das crianças recebiam este tipo de alimentação, no terceiro mês de vida 46,7% e no sexto mês 37,9% das crianças recebiam aleitamento total. Observa-se que em todos os tipos de aleitamento, progressivamente, um número cada vez menor de crianças recebe o leite materno. No caso do aleitamento exclusivo os números são ainda mais alarmantes, tendo em vista ter sido este o tipo de alimentação menos observada, embora seja, com freqüência, recomendada pelos profissionais de saúde. O que interfere na realização de um comportamento? Diante deste quadro, várias pesquisas se têm colocado frente a seguinte questão: quais fatores influenciam o comportamento materno em relação à amamentação de seu bebê? Neste intuito, o conceito de intenção, ou seja, a disposição para realizar um comportamento, tem sido bastante utilizado para melhor esclarecer esta problemática. Para Wagner e Wagner (1999), as intenções comportamentais são reconhecidas por vários pesquisadores da atualidade como as mais importantes preditoras do comportamento. A este respeito, Stein e cols. (1987; citado em Barnes e cols., 1997) destacaram que manifestações pré-natais da intenção de alimentar o bebê estão altamente relacionadas à prática da alimentação do bebê posteriormente adotada pela mãe. Objetivando identificar os fatores que contribuem para uma amamentação bem-sucedida, Kuan e cols. (1999) realizaram estudo com 522 mães, residentes em Ohio (EUA). As participantes foram questionadas sobre sua intenção quanto ao período que pretendiam amamentar. Dentre as entrevistadas, 70% estimou que amamentaria por 1 a 2 meses, 15,1% estimou de 4 a 6 meses e 6,5% planejou amamentar por um período superior a 12 meses. Os resultados indicaram que 76,4% das entrevistadas amamentaram pelo tempo que planejaram inicialmente. Valendo-se desta relação entre intenção e comportamento, alguns estudos já se interessaram pela seguinte questão: que fatores influenciam a intenção de amamentar? O que contribui para que uma mãe pretenda ou não realize o comportamento de amamentar seu bebê?

Desmame precoce: representações sociais de mães

Revista Eletrônica de Enfermagem, 2009

Este estudo tem como objetivo apreender as representações sociais sobre o desmame precoce segundo mães que desmamaram os filhos e explorar os aspectos psicossociais capazes de determinar um diagnóstico sobre o que influencia o ato do desmame. Trata-se de um estudo exploratório orientado pela Teoria das Representações Sociais, realizado em Teresina-Pi. Fizeram parte da amostra 60 mulheres atendidas no pré-natal, por uma equipe de Saúde da Família, que foram submetidos ao Teste de Associação Livre de Palavras e feito a Análise Fatorial de Correspondência. Destas, 20 responderam à entrevista em profundidade. Os dados das entrevistas foram submetidos à análise de conteúdo. O desmame precoce surge com representações ambíguas e complexas onde é possível perceber as contradições entre sentimentos negativos e positivos sobre o ato de amamentar e as implicações na vida e nas relações interpessoais. É necessário, pois, que os programas de incentivo ao aleitamento materno sejam desenvolvidos em consonância com os grupos sociais, visto que não se pode falar em políticas de incentivo ao aleitamento materno eficazes, sem considerar os determinantes do desmame precoce, os quais encontram atrelados às crenças, valores, normas sociais, dentre outros.

Desmame precoce: uma revisão sistemática

Revista Eletrônica Acervo Saúde

Objetivo: Investigar os principais fatores que levam ao desmame precoce em crianças menores de 6 meses de idade. Métodos: Trata-se de uma revisão sistemática, com abordagem qualitativa, baseada nas “Diretrizes Metodológicas: Elaboração de revisão sistemática e metanálise de estudos observacionais comparativos sobre fatores de risco e prognóstico” disponibilizada pelo Ministério da Saúde. Foram selecionados 14 artigos principais que seguiam os critérios de elegibilidade estabelecidos. Para compor a discussão foi necessário extrair os dados dos 14 artigos em questão, através de uma ficha de extração de dados Resultados: Dentre os fatores encontrados após análise, obtiveram-se: mãe acreditar que possuí leite fraco ou insuficiente; trauma mamilar; voltar ao trabalho ou estudos; interferências externas sejam elas por conta de algum profissional da área da saúde ou familiar; depressão pós-parto; questões socioeconômicas; etnia e baixo peso da criança. Conclusão: A pesquisa foi de suma im...

Desmame precoce em prematuros participantes do Método Mãe Canguru

Revista da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia, 2007

Objetivo: Identificar a prevalência e as causas de desmame precoce nos recém-nascidos pré-termo, participantes do Método Mãe Canguru em uma maternidade-escola em Alagoas. Métodos: Foi aplicado um questionário contendo questões objetivas com 33 genitoras dos recém-nascidos pré-termo/ lactentes, que estavam internos na enfermaria canguru e que compareceram aos retornos ambulatoriais, no período de fevereiro a junho de 2006. Periodicamente, foi realizada a análise dos prontuários dos bebês após a alta hospitalar, observando a manutenção do aleitamento materno, a ocorrência de desmame precoce e suas respectivas causas.

Aleitamento materno e a ocorrência do desmame precoce em puérperas adolescentes

Objetivos: Refletir sobre o fenômeno da amamentação no contexto da maternidade adolescente, identificando fatores capazes de influenciar na ocorrência do desmame precoce. Materiais e Métodos: Realizou-se uma revisão narrativa de literatura, e a discussão teórica organizou-se em dois eixos temáticos: (1) Fatores que influenciam na qualidade da amamentação adolescente; (2) Fatores que contribuem para a ocorrência do desmame precoce. Resultados: No eixo um, destacam-se: situação conjugal da mãe adolescente, o apoio familiar e as informações fornecidas pela equipe de saúde sobre o aleitamento materno, além de seus benefícios para a mãe e para o bebê. No eixo dois, ressalta-se: o relacionamento conjugal, a introdução de alimentos e líquidos durante o período em que se recomenda somente a amamentação exclusiva e a falta ou sobrecarga de informações em relação à prática. Conclusões: É necessária a conscientização das mães adolescentes sobre as vantagens da amamentação e as desvantagens do desmame precoce para o desenvolvimento físico e psíquico do lactente. Os profissionais de saúde devem orientar as mães e incentivar o aleitamento materno através de um discurso claro e objetivo, direcionado aos diferentes contextos socioculturais nos quais as mães encontram-se inseridas. Palavras-chave: aleitamento materno; adolescente; desmame; revisão. Abstract Objective: To reflect on the phenomenon of breastfeeding in the context of adolescent motherhood, identifying factors that influence the occurrence of early weaning. Materials and Methods: We conducted a narrative review of the literature, and theoretical discussion was organized into two main themes: (1) Factors that influence the quality of adolescent breastfeeding; (2) Factors contributing to the occurrence of early weaning. Results: On the first theme, we highlight: marital status of the adolescent mother, family support and information provided by the health staff on breastfeeding, in addition to its benefits for mother and baby. On the second theme, marital relationship, the introduction of food and fluids during the period in which only breastfeeding is recommended and the lack or overload of information regarding this practice are emphasized. Conclusions: The awareness of adolescent mothers about the benefits of breastfeeding and the disadvantages of early weaning for the physical and mental development of infants is needed. Healthcare professionals should guide them and encourage breastfeeding through a clear and objective discourse, directed to different social and cultural contexts in which mothers are inserted.

Prevalência de desmame precoce em um distrito sanitário da Amazônia Ocidental

Revista Brasileira De Medicina De Familia E Comunidade, 2010

É bem conhecido o papel da amamentação na prevenção de diversos agravos à saúde. Este trabalho tem com o objetivo determinar a prevalência do desmame precoce na área de abrangência do Centro Estadual de Formação em Saúde da Família em Rio Branco, Acre. Trata-se de um estudo de prevalência, de base populacional, com todas as famílias que possuem crianças menores de 2 anos, de 6 bairros do Distrito Industrial de Rio Branco, utilizando como base o cadastramento do Sistema de Informação em Atenção Básica. Foi definido como desmame precoce a interrupção permanente da prática do aleitamento materno antes dos três meses de idade. A prevalência de desmame precoce encontrada foi de 16,1% (63/392). Entre as crianças dos bairros de classe baixa, a prevalência de desmame precoce foi significativamente maior (p<0,05) que nos bairros de classe média (19,6% vs. 11,7%). A mediana de amamentação foi de 12,2 meses. A prevalência de desmame antes dos três meses no Distrito do Tucumã é semelhante a de outros estudos realizados no Brasil e na região Norte.

Psicodinâmica interativa mãe-criança e desmame

Psicologia: Teoria e Pesquisa, 2010

A amamentação representa uma das principais intervenções na redução da morbimortalidade infantil, processo privilegiado à subjetivação, desenvolvimento infantil e prevenção de perturbações no vínculo mãe-filho, quando bem vivenciada pela díade. O estudo analisou a psicodinâmica envolvida no desmame precoce e no desmame tardio, baseado na interação de duas díades mãe-criança com desnutrição grave primária, com bebês entre seis e 15 meses de idade, internadas num hospital escola. Foi utilizado o método qualitativo referenciado na psicanálise, com entrevistas semi-estruturadas e observações. O desmame precoce pareceu associado à dificuldade de construção da maternidade e vínculo; o desmame tardio refletiu o excesso psicoafetivo materno/dificuldade na entrada do pai.

Destreinamento em mesatenistas adolescentes

ConScientiae Saúde, 2016

Objetivo: Avaliar a redução do rendimento físico em mesatenistas adolescentes. Métodos: A amostra foi constituída por 14 mesatenistas com idade de 14,3±2,8 anos. Coletou-se a massa corporal e a estatura, para cálculo do IMC. Para a obtenção das capacidades motoras/físicas foram utilizados os instrumentos padronizados pela PROESP BRASIL. Os testes realizaram-se no período competitivo e uma nova bateria de teste foi aplicada após o recesso de treinamento dos atletas. Na análise dos dados utilizou-se a estatística descritiva (média, desvio padrão e percentual) e o teste t de Student foi utilizado para a comparação entre os períodos. Adotou-se um nível de significância de p

Análise de variáveis biopsicossociais relacionadas ao desmame precoce

Paidéia (Ribeirão Preto), 2005

Resumo: O objetivo deste estudo foi identificar alguns fatores que influenciam a ocorrência do desmame precoce, incluindo uma avaliação da influência do estresse vivenciado pela mãe na interrupção da amamentação natural. O estudo envolveu 40 mães cujos filhos eram atendidos pelo Centro de Pesquisa e Atendimento Odontológico para Pacientes Especiais -Cepae -FOP/UNICAMP. Como critério de inclusão no estudo, a mãe deveria ter realizado o desmame antes do sexto mês de vida da criança. A inclusão da mãe e coleta de dados ocorreu, no máximo, um mês após a interrupção da amamentação natural. As participantes foram entrevistadas individualmente, utilizando-se roteiro específico, e em seguida, foi aplicado o Inventário de Sintomas de Estresse (ISS). Os resultados mostraram uma relação positiva entre o retorno da mãe à sua rotina de trabalho, a manifestação de sintomas de estresse e a redução da produção de leite com o desmame precoce.

Dificuldades do aleitamento e o desmame precoce

Enfermagem Brasil

O estudo tem como objetivo conhecer os problemas que levam a interrupção do aleitamento materno. A abordagem metodológica utilizada foi a revisão sistemática. As bases de dados eletrônicas utilizadas para a coleta foram Lilacs e Scielo. Do total de publicações encontradas, entre os anos de 1983 a 2005, foram selecionados 12 estudos para constituir a pesquisa. Os resultados evidenciaram que o profissional de saúde deve estar habilitado a preparar a mulher para o aleitamento, respeitando seus valores sócio-culturais, percebendo a importância da comunicação como instrumento de trabalho. Sugerimos que seja feita a utilização do diagnóstico da NANDA com o objetivo de direcionar as ações de enfermagem para uma resolução ou intervenção dos possíveis problemas.