Romantismo, m�stica e escatologia pol�tica (original) (raw)
Vertentes filosóficas, políticas ou estéticas que contestaram os paradigmas centrais da modernidade são tradicionalmente percebidas como externas à própria modernidade. Neste sentido, estão sendo apresentadas como se fossem restos de um mundo a ser superado ou, no mínimo, como resíduos dos velhos tempos condenados pelo progresso histórico ao seu fim inevitável. Também encontramos externalizações de movimentos alternativos à modernidade na direção do futuro, onde elas tornam-se utópicas ou sonhos políticos irrealizáveis. A dupla externalização (Klinger, 1995) das alternativas à modernidade técnica (Brüseke, 2002a), uma vez na direção do passado e outra vez na direção do futuro é, na verdade, resultado da própria ideologia técnica e científica (Habermas, 1968/1994) que não suporta posições que contestam a universalidade do processo de racionalização ocidental (Weber, 1904/1981). Queremos falar sobre aquilo que a própria ideologia modernizante denuncia como um irracionalismo antimoderno que, todavia, acompanha esta modernidade desde seus primórdios e recebe dela, paradoxalmente, impulsos aceleradores. Apresentar o romantismo, a mística e a escatologia, ainda nas suas formas decadentes, como acompanhantes fiéis da modernidade técnica significa, também, entendê-los como fenômenos históricos que não entregaram, de antemão, as alternativas imaginárias ao mito da máquina (Mumford, 1966/1977); mito evocado pelos técnicos de uma modernidade que quer esquecer as dimensões do Ser e da existência humana que transbordam o fatual e o mundo manipulável (Heidegger, 1954/1994). OS SENTIMENTOS NO MODELO RACIONALIZANTE Segundo Weber, existem na sociedade moderna três esferas que, em sua totalidade, representam a racionalidade moderna. São elas: (1) a