AMIN, Mário Miguel. A Amazônia na geopolítica mundial dos recursos estratégicos do século XXI. Revista Crítica de Ciências Sociais [Online]. 107 (2015). Pág. 17-38. URL: http://rccs.revues.org/5993; DOI: 10.4000/rccs.5993 (original) (raw)
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Refletindo Sobre as Geopolíticas Mundiais e a Apropriação Dos Recursos Da Amazônia
Revista de Geografia (Recife), 2009
Nao ha duvida que a Geografia, como area do conhecimento, abarca a analise dos fenomenos espaciais. Esses fenomenos sao tanto fisicos (terremotos, tornados, etc. e seus componentes fisico/quimicos e espaco/temporais), quanto humanos, ou seja, as instrumentalidades das materias componentes do espaco. Neste sentido, o presente texto busca, de uma forma sucinta, analisar em um prisma socio/espacial/historico como as novas geopoliticas e as geografias politicas do Estado Nacional Brasileiro e das empresas nacionais e internacionais vem manipulando as materialidades ambientais na Amazonia, buscando transforma-las em recursos economicos com vistas a atender, crescentemente, o mercado mundial avido por novos e velhos produtos.
A Geopolítica da Amazônia no século XXI: o pensamento de Mário Travassos revisitado
Revista Brasileira de Estudos de Defesa, 2018
O objeto deste artigo é a tese do Capitão Mário Travassos apresentada na obra intitulada Aspectos Geográficos Sul-Americanos, de 1931. O objetivo foi submetê-la ao crivo das mudanças da política internacional na América do Sul no século XXI, focando na presença dos EUA na região. Concluímos que os seus prognósticos permanecem atuais.
Hodiernamente, o pensamento estratégico e militar brasileiro tem facilidade em vislumbrar a Amazônia e sua vertente "azul" como prioridades estratégicas nacionais. Contudo, a centralidade da Amazônia não emerge prontamente nos primeiros documentos orientadores da Defesa Nacional no pós-redemocratização. O presente artigo realiza uma análise da mudança de significado estratégico desta região para o planejamento militar e para a segurança regional. Esta avaliação prioriza o período de 1996 a 2008, ao se debruçar sobre as políticas de defesa nacional de 1996 e 2005 e a Estratégia Nacional de Defesa de 2008. Em paralelo, o texto discute dinâmicas de (in)segurança, predominantemente irregulares, que minam a segurança nacional brasileira, em especial. originadas da subregião Amazônica. Palavras-chave: Amazônia; Política de Defesa; Estratégia Nacional de Defesa.
E INÍCIO, cabe uma pequena explanação sobre geopolítica: trata-se de um campo de conhecimento que analisa relações entre poder e espaço geográfico. Foi o fundamento do povoamento da Amazônia, desde o tempo colonial, uma vez que, por mais que quisesse a Coroa, não tinha recursos econômicos e população para povoar e ocupar um território de tal extensão. Portugal conseguiu manter a Amazônia e expandi-la para além dos limites previstos no tratado de Tordesilhas, graças a estratégias de controle do território. Embora os interesses econômicos prevalecessem, não foram bem-sucedidos, e a geopolítica foi mais importante do que a economia no sentido de garantir a soberania sobre a Amazônia, cuja ocupação se fez, como se sabe, em surtos ligados a demandas externas seguidos de grandes períodos de estagnação e de decadência.
A internacionalização da Amazônia e a Amazônia como recurso global são questões recorrentes em círculos políticos, militares, diplomáticos e jornalísticos nacionais e internacionais. A primeira questão está particularmente presente no imaginário político-institucional brasileiro, como um discurso que critica, a partir de visões nacionalistas, possíveis pretensões estrangeiras sobre a região. Já a segunda é recorrente nos discursos internacionalistas sobre florestas tropicais, mananciais de águas e sobre o continente Antártico. Nesses contextos, podemos distinguir dois eixos de tensões político- estratégicas que delineiam perspectivas, projetam ações e formulam a lternativas político-institucionais para a Amazônia. Um nacional, formulado pelos países amazônicos; outro internacional, formulado por instituições multilaterais, organizações não-governamentais e políticas nacionais de países centrais. As sofisticadas construções ecologistas, desenvolvimentistas, nacionalistas e internacionalistas – que compõem o extenso campo de politização da natureza– transformaram a Amazônia numa arena de disputas políticas, buscando projetar um sentido para o futuro das nações e da humanidade.
2001
O objetivo desta tese é realizar uma etnografia histórica comparada dos processos de criação e gestão do Parque Nacional do Jaú e da Estação Ecológica das Anavilhanas, situados na micro-região do baixo rio Negro, estado do Amazonas, contextualizando-os no âmbito do desenvolvimento e das sucessivas mudanças de enfoque da política ambiental no Brasil. Baseio a reconstituição histórica e a descrição etnográfica em fontes documentais e na observação direta de processos sociais em curso. O estudo de duas categorias de manejo de unidades de conservação distintas, situadas em uma mesma bacia hidrográfica - o rio Negro, com as características comuns de um sistema de águas pretas -, abarcando cerca de 60% da área do município de Novo Airão-AM - o que justifica uma análise do efeito da sua criação ao nível local -, criadas à mesma época e geridas sucessivamente por distintas agências do governo federal - o IBDF, a SEMA e o IBAMA -, permitirá: (a) interpelar etnograficamente a relação entre diferentes agências e instituições, locais, regionais, nacionais e internacionais, na criação e gestão de unidades de conservação de proteção integral na Amazônia brasileira; e (b) identificar os recursos sociais, políticos, econômicos, normativos, institucionais e técnicos, que permitiram avanços e retrocessos na implantação destas unidades, enquanto instrumentos da política ambiental. O estudo de caso comparado é empregado como um procedimento recursivo cujo propósito final é construir uma compreensão propriamente antropológica das unidades de conservação de proteção integral - definidas hoje como instrumentos de política ambiental. Faço-o explorando o conceito antropológico de artefato cultural, enfatizando o caráter de construto socionatural histórico instável e indeterminado das unidades de conservação - dimensão dissimulada pelas formulações anacrônicas e ahistóricas hegemônicas nas análises normativas sobre a matéria.
Reconhecendo a vitalidade do debate amazônico como dimensão temática para o campo disciplinar das Relações Internacionais como convergência sistemática de questões cujo sentido e características são globais, a presente coletânea de textos tem por objetivo apresentar as mais recentes produções científicas pós-graduadas do eclético espectro dos saberes relativos a esta disciplina, sobre a Amazônia e, na medida do possível, produzidas a partir de - ou no percurso de - uma experiência acadêmica relacional amazônica. Considerando iminente a produção recente mais fresca, por um lado, frisando o contributo de abordagens emergentes da área, e por outro, da expressão pós-graduada de alto nível instalada nos centros de pesquisa, nos institutos, nos Programas de Pós-Graduação e nas Instituições de Ensino Superior (IES) e de Ciência e Tecnologia (ICT) espalhadas pela região pan-amazônica e sobre ela debruçada sistematicamente, mesmo que fora do seu território, esta mesma coletânea se propõe a um arrazoado tematicamente coerente e territorialmente conciso.