A moda e as encruzilhadas: um ensaio teórico-metodológico (original) (raw)
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Anais eletrônicos do XIII Seminário do Museu D. João VI: modernidades e tradições em finais do século XIX, 2024
Este trabalho propõe o entendimento dos modernismos no Brasil como encruzilhadas. Em vez de encarar as encruzilhadas de modo negativo, associadas a labirintos, à desorientação, compreendemos que elas são lugares "entre", e por isso são lugares de complexidades, de hibridações, de contágios. São zonas de contato, de cruzamentos de caminhos, de indefinições, de possibilidades múltiplas que rompem com a constância, com a previsibilidade, com a linearidade. O objetivo deste texto é evidenciar as impurezas que constituem os modernismos no Brasil, observando alguns exemplos da produção artística no contexto da Primeira República (1889-1930), bem como conflitos urbanos e epistemológicos que constituíram nosso processo de modernização.
A moda e a decolonialidade: encruzilhadas no sul global
Revista de Ensino em Artes, Moda e Design
O artigo apresenta um debate teórico sobre as ideias que dialogam com a perspectiva decolonial aplicada à moda, assim como trazer os desenvolvimentos teóricos arrolados no contexto do Sul global. Para tanto, emprega-se um conjunto de autores da área de moda que vem, desde meados dos anos 1990, realizando uma crítica importante a determinados conceitos que formam a base de reflexão da disciplina, como é o caso da própria noção de moda. Assim, o artigo tem o objetivo de questionar o sistema de autorização da moda e o pressuposto de que ela seria um exclusivo ocidental. A crítica se direciona à matriz colonial de pensamento que produz e reproduz uma divisão binária entre os povos, submetidos à classificação que os opõe entre “com moda” ou “sem moda”.
Novos modos de vestir na contemporaneidade: por um embaralhamento de fronteiras
Discursos Fotograficos, 2015
Neste artigo, procuramos estabelecer uma relação entre o vestuário e as principais características existentes em distintos períodos da história, a partir da Idade Média. Por meio desse exercício, é possível perceber que as paisagens urbanas e a conformação social estão também refletidas no vestuário dos indivíduos, permitindo estabelecer uma conexão entre estilos estéticos e normas de convivência. Na pós-modernidade, as normas sociais convencionadas e as formas simbólicas que demarcam categorias de gênero, classe, geração e etnia são confrontadas, fazendo com que o hegemônico e as subversões convivam lado a lado. Há um embaralhamento de fronteiras que se reflete também em novas maneiras de se vestir, dando a concluir que o vestuário no estilo do pós-modernismo é caracterizado não em função de sua estética, mas de novas convenções sociais.
Encruzilhadas na escrita da arte moderna
Revista de Literatura, História e Memória
Pauliceia desvairada (1922), de Mário de Andrade, e Suenan timbres (1926), de Luis Vidales, são dois livros de poemas que tanto por seu caráter polémico quanto por sua potencia criativa marcaram, ainda que de forma diferente, a história literária de dois países tão diversos como são Brasil e Colômbia. Este artigo propõe um diálogo entre estas obras a partir da leitura de dos poemas: “O domador e “Cuadrito de movimiento”. Estes poemas foram escolhidos, porque eles apresentam características que resultam significativas para compreender a “escrita da arte moderna” (a expressão é de Mário de Andrade) que se imbricou, embora possa se diferenciar claramente, com os processos de modernização que experimentaram as principais cidades brasileiras e colombianas durante a primeira metade do século XX. Esta leitura comparada grifa simultaneamente coincidências e divergências entre os contextos culturais e os procedimentos construtivos nos poemas, visando elaborar uma trama de continuidades, aind...
Arte como encruzilhada e as encruzilhadas da arte
Hipóteses: ensaios de arte e cultura, 2022
"No ensaio Arte como encruzilhada e as encruzilhadas da arte, Mauricio Barros de Castro e Napê Rocha abordam a encruzilhada e suas múltiplas formas de circulação de sentidos no campo da arte, surgindo como questão para reflexões teóricas e artísticas, categoria conceitual e espaço físico ligado às religiões afrodiaspóricas. Assim, as relações entre Brasil e África, principalmente entre os circuitos da diáspora africana e do sistema de arte, ganham importância no âmbito dos trabalhos de artistas (Aline Motta, Castiel Vitorino, Dalton Paula e Paulo Nazareth) e teóricos (Leda Maria Martins, Moacir dos Anjos, Roberto Conduru e Robert Farris Thompson), que pensam a arte como encruzilhada e as encruzilhadas da arte (BUENO, TRINDADE, 2022, p. 8)
Inconformidades indumentárias: reflexões sobre moda e crossdressing
This research aims to propose a reflection on the ways through which the decontextualized uses of clothing can consist in a subversion of the system, especially through crossdressing practices. Hence fashion was analyzed in two movements: the first, which consists in reinforcing the binary gender model; and the second, in which it takes advantage of the cracks originating from the very norm in order to disturb it. From feminist and queer theoretical-methodological frameworks, qualitative inquiries such as interviews and fieldwork were carried out, which permitted a perspective of the subjects as provisional and mutable, allowing their narratives to be comprehended in a wider and less constrained manner. Clothing, within the crossdressing context, was seen as a fundamental part in the construction of the subjectivities and of the feminine image to which crossdressers aspire. That way, it precisely exposes the fabricated character of gender, which finds support in fashion. Though being part of the production of normality discourses, clothes encompass numberless possibilities of (r)existence that destabilize and dismantle hegemonies.
Interseccionalidade e encruzilhada: exuzilhamentos
Liinc em Revista
A partir de questões suscitadas pelas palestras de Maria Aparecida Moura e Bianca Santana no encontro Decolonialidade e Ciência da Informação: veredas dialógicas, o artigo faz uma comparação inicial entre três conceitos distintos, mas correlatos: interseccionalidade, encruzilhada e exuzilhada. Para isso, toma como referência principal textos de Patricia Hill Collins e Sirma Bilge, Leda Maria Martins e Cidinha da Silva, respectivamente. Nesse percurso, avalia o modo como cada conceito busca representar a complexidade e heterogeneidade de experiências marginalizadas ou rarefeitas. Considerando alguns dilemas do primeiro conceito, entende que os dois últimos podem nos sugerir um conceito não essencialista de representação. Em todo caso, o artigo marca o início de uma discussão, aberta a outros caminhos e transformações, sublinhando o diálogo como "processo vital móvel"
Da interseccionalidade à encruzilhada
Civitas - Revista de Ciências Sociais, 2021
O presente artigo tem por objetivo refletir sobre as estratégias de resistência das estudantes negras na pós graduação a partir das experiências dos autores do artigo, enquanto orientador e orientanda. Parte-se da análise dos efeitos da circulação internacional da rede de conceitos relacionados à interseccionalidade em seus efeitos de apropriação politicamente neutralizante e da destituição intelectual da centralidade da experiência negra. No que pese a teoria feminista ter incorporado a interseccionalidade, frequentemente opera uma supressão intelectual da centralidade das experiências de mulheres negras para a constituição de um ponto de vista autodefinido. Para se contrapor a esse efeito neutralizante da circulação internacional do conceito, se analisa aqui como o conceito tem sido traduzido e experimentado por pós-graduandas negras enquanto encruzilhada – categoria da religiosidade de matriz africana.