Subsídios para a História das fábricas de fundição do Porto no século XIX (original) (raw)
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O emergir das associaçoes industriais no Porto ( meados século XIX)
Analise Social, 1996
O emergir das associações industriais no Porto (meados do século xix)** Os primeiros tempos liberais, favoráveis ao dogma da livre circulação, revelaram que alguns interesses propriamente industriais saíram, de imediato, prejudicados na nova ordem político-económica. A «revolta dos marceneiros» de 25 de Abril de 1836, por exemplo, é um sintoma desse mal-estar, com os marceneiros do Porto a destruírem no cais de Massarelos mobílias inglesas importadas. Se a rebelião não podia constituir um caminho, havia que organizar autonomamente os interesses industriais, de forma a permitir, pelo menos, o direito constitucional de representação, além de outras vantagens que o associativismo faria frutificar. Para isso era preciso destacar estes interesses específicos do centro de representação que então conglomerava todos os interesses económicos: a Associação Comercial do Porto. Não foi tarefa fácil, tanto mais que entre os próprios industriais se apresentavam algumas clivagens não desprezíveis: para além dos «pequenos» e «grandes», definidos pelo volume das unidades fabris e da produção respectiva, havia os que se apresentavam com um estrutura produtiva tradicional, ainda muito baseada no putting-out system, mais identificados com a noção corrente de negociante e predominando no sector têxtil, e havia os que estavam ligados a indústrias carecentes de mais urgente modernização ao nível do maquinismo e que por isso faziam a apologia da investigação e do ensino técnico como meios para criarem inovação e qualidade e deste modo fazerem frente à concorrência, como era o caso dos ligados às fundições e, em menor grau, a cerâmica e outros pequenos sectores. Para além disso, havia que contar com a poderosa reacção da Associação Comercial do Porto e a sua enorme influência junto do poder político, que tudo faria para evitar a diminuição da sua representatividade. É, pois, num quadro * Faculdade de Letras da Universidade do Porto. ** Trabalho desenvolvido no âmbito do projecto «Estruturas sócio-económicas e industrialização no Norte de Portugal (séculos xix e xx)», patrocinado pela JNICT. 527
Nótulas sobre a Figueira da Foz no século XIX
2011
De uma forma sucinta, relembram-se algumas notícias/acontecimentos dos finais do século XVIII e princípios do século XIX que marcaram a Figueira da Foz. Utilizam-se diversas fontes tal como os relatos de estrangeiros que passaram pela Figueira da Foz, ou jornais publicados na primeira parte do século XIX. Evitando repetir o que o Dr. António dos Santos Rocha escreveu justificando os “foros de veneranda antiguidade” da Figueira, procura-se, a partir da sua evolução demográfica, passando por referências aos influentes Quadros e Dr José de Seabra da Silva, “reputado” escritor da “Dedução Cronológica e Analítica” , que descreve “os horrorosos estragos que a companhia denominada de Jesus fez em Portugal”, apresentar o que se dizia sobre a Figueira da Foz do Mondego no século XIX. Os longos trabalhos com vista a proteger a barra, eventos durante as invasões francesas, o cruzeiro que marca o cemitério dos que morreram por causa da 3ª invasão francesa e a Mina do Focinho da Figueira, são alguns exemplos que se apresentam.
Subsídios para a memória da Museologia no Rio Grande do Sul - século XIX
Este artigo traz os resultados preliminares de um mapeamento, através de bibliografia e da imprensa de época acessível através da Hemeroteca Digital Brasileira, dos primeiros ensaios de criação de museus e coleções institucionais na antiga Província de São Pedro do Rio Grande do Sul no século XIX. Foi constatado que diversos projetos foram idealizados e articulados. No período em questão a maioria dos museus e coleções é mal documentada, tornando este mapeamento necessariamente fragmentário e provisório, e impedindo em muitos casos o estabelecimento seguro do perfil, escopo, formas de atuação, continuidade ou mesmo identificar a data de fundação e extinção dessas instituições pioneiras, mas a informação coletada é suficiente para detectar um consistente movimento cultural que reconhecia a utilidade e necessidade da criação de coleções por uma variedade de motivos. Alguns museus e dezenas de espaços com funções museais foram criados antes de 1901, dando bases para afirmar a existência de uma tradição museológica muito mais antiga e rica do que se tem em geral imaginado. A pesquisa trouxe ainda indícios de que provavelmente diversos outros espaços foram criados e estão à espera de que seus registros sejam encontrados.
Documentação fotográfica das obras de engenharia do século XIX
Historia Ciencias Saude-manguinhos, 1996
A fotografia com finalidade documental produzida no século XIX, e dentro dela a fotografia de arquitetura e a fotografia de engenharia, vem despertando nos últimos anos a atenção de curadores de museus e de coleções fotográficas, bem como de historiadores da fotografia, da arquitetura ou da tecnologia. Em 1983, uma exposição em Paris, intitulada Thoto Génie' e organizada pelo Centre National de la Photographic e pela École Nationale dês Ponts et Chaussées, abriu caminho para uma série de exposições e projetos nessa área. Dez anos depois, fotografias que até então não haviam merecido divulgação mais ampla foram trazidas a público em diversas exposições e catálogos dedicados ao tema, indicando o aumento de interesse em torno dessa produção fotográfica tão singular. No ano de 1994, por exemplo, foram montadas pelo menos três grandes exposições sobre o tema: em Paris, a exposição Thotographier l'Architecture: 1851-1920' apresentou fotografias inéditas do patrimônio histórico e arquitetônico da França, pertencentes à coleção do Musée National de Monuments Français; em Nova York, a exposição Tracking the West: A. J. Russel Photographs of the Union Pacific Railroad', com dezenas de originais do século XIX retratando as estradas de ferro e o Oeste americano, podia ser vista na The New York Public Library Third Floor Galery; e ainda naquele mesmo ano, o Metropolitan Museum of Art (Nova York), em conjunto com o Canadian Centre for Architecture (Montreal) e com o Musée National de Monuments Français (Paris) inaugurou uma exposição, acompanhada de um precioso catálogo, com a obra ainda pouco conhecida cio francês Edouard-Denis Baldus (1813-89), um dos pioneiros nesse gênero de fotografia. As imagens publicadas nessa edição foram obtidas durante pesquisa que desenvolvo para tese de doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo. As imagens aqui apresentadas tratam exatamente da atividade de documentação fotográfica das obras de engenharia realizadas durante o Segundo Reinado, isto é, no período compreendido entre a chegada da fotografia no Brasil, em 1840, e o fim da monarquia, em 1889. No projeto em questão, esse gênero de fotografia, produzido no Brasil por fotógrafos como Marc Ferrez, Benjamin R. Mulock, Augusto Stahl, entre outros, não está sendo investigado como ilustração para o estudo da engenharia e arquitetura brasileiras no século passado, mas como um tema em si mesmo. O interesse pela documentação fotográfica dos projetos de engenharia dessa época não se situa na 'rememoração' daquelas obras e realizações, isto é, na possibilidade de 'recuperar', pela memória e para a história, esse passado em particu