labirinto dos Sertões (original) (raw)

Sertão dos Currais

Revista Campo-Território

A expansão da pecuária no semiárido alagoano ocorreu aliada à constituição de latifúndios. Todavia, processos de compra e venda da terra entre pequenos e grandes proprietários, bem como, a reestruturação fundiária refletida na criação de assentamentos rurais, possibilitaram, também, a formação de estabelecimentos agropecuários mantidos por pequenos criadores de gado. Diante disso, este artigo tem como objetivo analisar as dinâmicas da pecuária e da produção agroalimentar do queijo coalho protagonizadas por agricultoras e agricultores familiares no Território da Bacia Leiteira – TBL, semiárido de Alagoas. A metodologia está embasada em pesquisas bibliográficas, análise documental e estatística sobre a estrutura fundiária e agropecuária do território e investigações de campo junto a 50 agricultores familiares. A pesquisa de campo fundamenta-se na técnica snowball e na aplicação de entrevistas semiestruturadas. Os resultados denotam que a emergência de pequenos pastores de gado e de as...

Sertões Paulistas

Os estudos acerca da formação do território paulista vem recebendo nas últimas décadas um significativo número de trabalhos na forma de teses, linhas de pesquisa e publicações dos mais diferentes tipos e consistências. A questão de sua trajetória de constituição, de fato, reúne na atualidade importantes reflexões que, por diferentes enfoques e recortes, tem-nos permitido "tocar" de forma mais consistente na grande complexidade que se acerca a esta temática.

Gélido Sertão

Anais-karenin, 2020

Resumo: A partir dos rastros, restos, rachaduras, proponho uma conexão entre o sertão brasileiro e o Japão. O sertão como oriente, o oriente em sua profunda seca; o Japão como sertão de solos áridos, de esforços para brotar. Interessa-me estender e deslocar a compreensão territorial, constituindo relações não-lineares sobre a memória. Debruçando-me sobre essas duas diásporas, busco constituir leituras únicas que retomem compreensões sobre o inanimado, partindo de vivências pessoais traduzidas em experiências estéticas. Abstract: From the tracks, remains, and cracks I propose a connection between the Brazilian backwood (known as "sertão") and Japan. The backwood as the east, the east in its deep drought; Japan as a backwood of arid soils, efforts to sprout. I am interested in extending and displacing the territorial understanding, constituting non-linear relations about memory. Looking at these two diasporas, I seek to constitute unique readings that return to understandings about the still, starting from personal experiences translated into aesthetic experiences. Nome artístico: Anais-karenin. Artista e pesquisadora, seu trabalho discorre sobre as relações com a natureza e seus contrastes com os materiais artificiais a partir de instalações, esculturas e performances. Doutoranda em Poéticas Visuais pelo PPGAV/ECA-USP e mestre em Artes pelo PPGArtes/UERJ, realizou trabalhos no Japão e estudos em dança butoh. Expôs em espaços como OMISE e MIIT House (Japão), CMAHO, Paço Imperial, Oi Futuro, entre outros. O caractere japonês Ma 間 quando sozinho pode ser pronunciado como aida e denota não apenas a distância em linha reta entre dois pontos no espaço, mas também uma consciência simultânea de ambos os polos. Há uma peculiar ambivalência nesse caractere, que se expressa nessa interpretação onde 間 pode significar "distância" ou "interstício", "polaridade" ou "relatividade". Nessa interpretação, a distância entre as coisas pode ser também o ponto de encontro entre elas (interstício), e as carac-terísticas que as tornam opostas podem ser entendidas como uma sendo o ponto de referência para interpretação e compreensão da outra. O Ma designa essa noção de "entre". É um conceito que conjuga espaço e tempo apontando uma noção intervalar extremamente presente em diversas áreas da cultura japonesa, bem como as artes, a arquitetura, a literatura, entre outros. Há também a interpretação desse termo como o "vazio" ou o "nada" que se forma nesse intervalo "entre", sendo o vazio um espaço que pode ser ocupado por qual-quer coisa. Nesse sentido, o espaço vazio (Ma) se configura também como um lugar de formulações de subjetividades fluidas, como ponto de encontro da diferença, percepção de que tudo é destituído de um "eu" e todas as coisas são interconectadas por esse ponto vazio, transitório. Temos o vazio do "entre" mais como uma experiência de força simbólica e imaginativa do que como um conceito físico. A partir dessa experiência extramatéria, que não é delimitada pela forma mas pelo entreforma, surge o potencial de se conectar com aspectos imateriais, cósmicos e transcendentais. O vazio do Ma não demarca a falta, mas caracteriza-se como um espaço onde ocorre a mudança e a transformação. É possível executar o espaço vazio do in-between como uma forma de associar e fundir coisas comple-tamente diferentes, assim como o historiador Aby Warburg executa em seus mapas de imagens, o intervalo e a intersecção que conecta. Aby Warburg (2010) foi um pesquisador do Renascimento florentino durante boa parte de sua vida. Quando viajou para o Oeste norte-americano, entre 1895 e 1896, permaneceu no Arizona e Novo

Os Sertões ainda e além

This article looks into Euclides da Cunha’s Os Sertões, published in 1902, and into what has become a common interpretation of Brazil over the twentieth century. Contrary to the opinion of a great parcel of Os Sertões’ criticism, the article pushes some of Da Cunha’s ideas to the limit and calls for the critics’ responsibility in attesting that Os Sertões is a historical discourse on the reality of Canudos War and on the social and cultural situation of late nineteenth century Brazil, as well as reporting a crime and a text allied to the defeated, that is, the sertanejos. Quite the opposite, the article identi es some of Os Sertões’ intentions with that of a national elite that claimed for the formation of the Brazilian nation-state, therefore forging an ethnic past and a stable future. This article fosters theories and ideas from the fields of literature, culture, politics, history, and sociology.

O Sertão Errante

Revista Geografia, Literatura e Arte, 2018

Conto ao senhor é o que eu sei e o senhor não sabe; mas principal quero contar é o que eu não sei se sei, e que pode ser que o senhor saiba. João Guimarães Rosa Grande sertão: veredas 217 quero lembrar Ah. Figuração minha, de pior pra trás, as certas lembranças. Mas haja-me! Sofro pena de contar não... 11. Não. É o exato oposto. Eu preciso narrar! Preciso de alguém, de um quem que me ouça! Pois a lembrança já é a minha vida-vivência narrada sem fim para mim mesmo. Lembrar não é apenas não esquecer. É não poder deixar de recontar para si mesmo. E se as lembranças fossem puras imagens sem as palavras que as acompanham? As palavras que chegam como lembranças, as palavras que se propõem às imagens lembradas, para que se possa "falar" com elas. As palavras que se inventa para dar um sentido ao que se lembra. Para tornar a lembrança compreensível, comunicável: para mim mesmo, para o outro. Por isso eu preciso dele, do ouvinte de quem sou narrador de minhas lembranças. Partilhar o sentido, conseguir cúmplices que compartilham comigo não o que eu vivi, mas o que eu preciso "dizer" disso ao outro. Para que eu mesmo creia? Não, ainda. Para que eu mesmo saiba. Ah, o prazer perdido das lembranças sem palavras das evocações sem legenda, dos sentimentos sem um sentido! 1 Este escrito é uma versão menor de um texto publicado em meu livro Memoria/Sertão.

Os Sertões de Dilermando

Revista Piauí, 2021

O que dizem as marcas do homem que matou Euclides da Cunha nas margens de seu grande clássico

O Grande Sertão

2020

Resumo: Este artigo resulta de um Trabalho de Graduação Individual de mesmo nome, defendido no Departamento de Geografia da FFLCH-USP sob orientação do Prof. Dr. Rodrigo Valverde. Se trata de uma investigação munida dos instrumentais teóricos da Nova Geografia Cultural e  debruçada sobre as letras de Pena Branca e Xavantinho. Da discografia da dupla foram extraídas as letras portadoras do vocábulo sertão, interpretando seus significados como representações do espaço situadas em um processo mais amplo de formação do território brasileiro. Palavras-chave: Geografia, Música, Sertão. Abstract: This article is a result of an Individual Graduation Work with the same title, presented in the FFLCH-USP Geography Department under orientation of Prof. Dr. Rodrigo Valverde. It is about of a research which has the New Cultural Geography theoretical instrumentals and it is elaborated on the lyrics of Pena Branca and Xavantinho. From the group discography were extracted the lyrics which bear ...