STUDIUM E PUNCTUM NAS VISUALIDADES DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO (original) (raw)

A FRASE-IMAGEM E A IMAGEM SEM FRASE NAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO

Anais do V Congresso Internacional de Letras, 2022

Resumo: Ao partir da hipótese de que o termo imagem abrange diferentes funções a cujo ajuste se dedica a arte, Jacques Rancière (2012) identifica no seio do regime estético das artes duas novas funções que atuam sobre as imagens. A frase-imagem transforma as imagens em signos cujo valor pode ser auferido nas combinações com outros elementos visuais, sonoros ou textuais para construir uma grande parataxe. Por outro lado, a imagem sem frase concebe a imagem como presença visual, opõe sua vida autônoma à narrativa da história e ao texto e atesta a potência singular de sua forma muda que testemunha determinado inconsciente, um pensamento arcaico ou um não pensamento na imagem. Tais questões reacendem a crise da representação, da interpretação de uma imagem e da produção e recepção de signos em todas as manifestações artísticas e culturais. Cabe, portanto, analisar as suas consequências no desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, manifestação plástico-visual cujo fundamento textual é a sinopse do enredo. Desta forma, transponho as conclusões de Rancière para o mundo artístico do samba e analiso as visualidades carnavalescas em sua dupla potência: a potência significativa que codifica uma mensagem simbólica a ser decifrada; e a potência bruta, páthos que desfaz a imagem enquanto figura de uma história para oferecê-la ao puro deleite do espectador no seu reconhecimento imediato: voici! Assim, através da análise de determinadas sinopses de enredos e seus desdobramentos semióticos nos desfiles, como Tupinicópolis (Mocidade Independente de Padre Miguel, 1987), Ratos e urubus, larguem minha fantasia (Beija-flor de Nilópolis, 1989), De lambida em lambida, a Tijuca dá um click na avenida (Unidos da Tijuca, 2007) e Vou juntando o que eu quiser, minha mania vale ouro. Sou Tijuca, trago a arte colecionando o meu tesouro (Unidos da Tijuca, 2008), busco compreender a diferença entre a alteridade da imagem carnavalesca e a superficialidade do visual para observar como o pensável, o dizível e o visível se articulam nas visualidades das Escolas de Samba do Rio de Janeiro.

A CONTRIBUIÇÃO DAS ESCOLAS DE SAMBA COMO UM INDUTOR ECONÔMICO PARA O TURISMO NO RIO DE JANEIRO

XXIV SEMEAD Seminários em Administração, 2021

A crise econômica dos últimas anos, que subtraiu recursos do Estado do Rio de Janeiro, afetou não só as políticas públicas, mas também diversas iniciativas socioculturais relevantes. Essas iniciativas legitimam a história do Rio como “cidade maravilhosa” e seu desenvolvimento socioeconômico. O carnaval do Rio de Janeiro possui exponencialidade mundial e é alvo de curiosidade e desejo de turistas em assistir ao espetáculo carnavalesco. Entretanto, essa manifestação turística segue na busca de maneiras de sobrevivência financeira para atravessar a avenida com seu enredo de carnaval. A questão central deste do estudo é pesquisar a contribuição das Escolas de Samba como um indutor econômico para o setor turístico no Estado do Rio de Janeiro. A abordagem utilizada é a de estudos de casos, para mergulhar no universo da questão de estudo e desenvolver a compreensão do objeto de pesquisa emergente envolvido na temática. Foram realizadas entrevistas em profundidade desenvolvidas a partir de um roteiro semiestruturado, com tópicos extraídos dos objetivos definidos à priori, a fim de analisar e responder às questões levantadas no estudo. Foi utilizada a técnica de análise de conteúdo com a intenção de ultrapassar as incertezas e aprofundar-se na descoberta de conteúdos e estruturas que não se podia enxergar à priori (BARDIN, 2011). Ao analisar a conjuntura do estudo desenvolvido sob temáticas altamente discutidas nas mídias que veiculam informações econômicas do Estado do Rio de Janeiro, foi possível perceber que a dimensão dos festejos populares brasileiros e seus fatores ambientais, sejam eles internos ou externos, provocam curiosidade, excitação emocional e margens para diversas pautas dialógicas sobre crise financeira, entretenimento, conhecimento cultural popular brasileiro e diversos assuntos relacionados. As Escolas de samba possuem grande relevância para a consolidação do evento de carnaval do calendário carioca, quiçá a maior responsável por abrilhantar o festejo popular nacional como um todo. O aporte das Escolas de Samba para economia não só do Turismo, mas para com todos os segmentos econômicos é de profunda relevância. Os indicadores turísticos observados neste estudo se beneficiam diretamente da receita gerada pelo carnaval carioca, onde as agremiações têm papel fundamental para consolidar com sucesso o evento.

ASPECTOS HISTÓRICOS E GEOGRÁFICOS DO NORDESTE BRASILEIRO NOS ENREDOS DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO

Revista Geotemas, v.13, e02322, 2023

O objetivo deste artigo é analisar como os aspectos históricos e geográficos do Nordeste brasileiro são apresentados nos enredos das escolas de samba do grupo especial do Rio de Janeiro. Foram analisados 13 enredos de caráter histórico e geográfico sobre o Nordeste, apresentados entre os anos de 1999 e 2022. Os procedimentos adotados consistiram em uma pesquisa bibliográfica sobre a história das ES e a evolução dos seus enredos, bem como sobre o Nordeste, e a realização de pesquisa documental (do levantamento das sinopses dos enredos, do caderno Abre-Alas, de letras dos sambas e das imagens dos desfiles). Para a análise, foram selecionados 14 enredos dentre os 34 pertencentes ao período do recorte temporal da pesquisa que faziam referência a algum aspecto da realidade nordestina como um todo, ou de algum estado ou cidade em particular. Conclui-se que as narrativas e as imagens apresentadas nos enredos aqui analisados não diferem das representações que historicamente têm sido feitas do Nordeste em várias outras áreas, em que suas características (geográficas, sociais, econômicas, culturais etc.) são retratadas como particularmente marcantes quando consideradas em relação a outras regiões do país. Para além dos reducionismos e estereótipos, a região é também representada como espaço de resistência e resiliência — da natureza e do próprio nordestino — e possuidora de uma identidade cultural que se manifesta por meio da música, do artesanato, da religiosidade e das manifestações culturais.

O GIRO DECOLONIAL NAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO

Anais do 20°Encontro de Estudos Multidisciplinares em Cultura (Enecult), 2024

Resumo: No século XXI, o pensamento decolonial expandiu-se e alcançou os saberes e fazeres artísticos na América do Sul, influenciando a cultura, as práticas e representações. No Rio de Janeiro, a decolonialidade assumiu extrema relevância no desfile das Escolas de Samba. Após décadas de apresentações realizadas sob a hegemonia da lógica da modernidade/colonialidade, o carnavalesco Alexandre Louzada desenvolveu o enredo que considero como marco inaugural da aplicação do pensamento decolonial na produção literária e visual dos desfiles: Soy Loco por ti America: A Vila canta a latinidade para a Unidos de Vila Isabel no carnaval de 2006. Virada copernicana que se consolidou com uma trilogia, ao ganhar a sequência Áfricas e Macapabaambos os enredos apresentados pela Beija-flor de Nilópolis nos desfiles de 2007 e 2008, respectivamente. Neste artigo, analiso em seus aspectos estéticos e epistemológicos o giro decolonial nas apresentações das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, que permitiu que o mundo artístico do samba se conscientizasse da necessidade de repensar as narrativas carnavalescas em perspectiva crítica às estruturas de poder da matriz colonial.

PÁGINAS DO SERTÃO: LEITURA E IMAGINAÇÃO NO UNIVERSO DA SERTANEJA 1

Há umateoria corrente sobre o nível de leitura do brasileiro: acredita-se que os tupiniquins leem pouco e mal. Dados do PISA apontam também para os baixos índices em relação ao tópico leitura dos alunos da educação básica, conforme dados do MEC (Brasil, 2013): Nota 396 403 396 412 É possível perceber que as notas são cíclicas, girando em torno de 400; porém, em 2009, há um aumento de 16 pontos em relação à nota anterior e de 09 pontos em relação à nota mais alta das últimas avaliações. Ora, percebe-se um crescimento do mercado de livros: algumas livrarias passaram a aderir ao novo conceito do comércio bibliográfico, as megastores, que são grandes lojas nas quais é possível encontrar inúmeros volumes de diversos títulos, nacionais e estrangeiros, além de outros itens de papelaria, informática e entretenimento. Tais estabelecimentos se encontram sempre cheios. Portanto, isso ode ser considerado como um sinal de mudança de hábitos de leitura das pessoas no Brasil. Além das grandes livrarias, há também um imenso crescimento do comércio eletrônico, que facilitou bastante a aquisição de livros novos ou usados, para os consumidores que têm acesso à informática e à internet; esse é outro sinal de mudança. O terceiro e grande sinal que aponta para os novos hábitos dos leitores é a internet, que proporciona uma variedade inestimável de textos, em muitos gêneros e formatos: alguns são disponibilizados para leitura online: outros podem ser baixados gratuitamente para serem lidos no modo ofline, ou seja, o leitor não necessita estar conectado a uma rede para poder realizar a sua leitura. Nesse tocante, é importante mencionar o site www.dominiopublico.org.br, que disponibiliza inúmeras obras que já 1 *Este artigo é parte de projeto de pesquisa homônimo, em fase inicial, do Mestrado em Crítica Cultural -Uneb/Ba -Campus II; e tem como orientadora a ProfªDrªJailma Pedreira (Uneb/BA).

O SERTÃO NORDESTINO NOS ENREDOS DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO THE BRAZILIAN NORTHEAST BACKWOODS (SERTÃO) IN THE PLOTS OF RIO DE JANEIRO SAMBA SCHOOLS EL SERTÃO DEL NORDESTE BRASILEÑO EN LAS TRAMAS DE LAS ESCUELAS DE SAMBA EN RÍO DE JANEIRO

Ciência Geográfica, 2022

O objetivo deste trabalho é analisar as representações discursivas e imagéticas sobre o sertão nordestino nos enredos das escolas de samba do Rio de Janeiro. A partir da realização de pesquisa bibliográfica sobre a trajetória histórica das escolas de samba e da evolução dos enredos, bem como da pesquisa documental (sinopses, letras dos sambas, livro Abre-Alas etc.), foram analisados 7 (sete) enredos apresentados pelas Escolas de Samba do Grupo Especial do Rio de Janeiro entre os anos de 2002 e 2019. Constatou-se que os discursos e as imagens dos enredos pesquisados representam o Sertão a partir dos elementos naturais da paisagem, mas igualmente com base nos aspectos humanos e culturais. Nesse contexto, a região como um todo e suas diversas realidades podem ser entendidas como um conjunto passível de ser carnavalizado por meio de cores, formas e tipos, compondo representações lúdicas sobre a sociedade e sobre a dinâmica regional. Conclui-se, portanto, que estas representações não estão dissociadas do imaginário criado historicamente sobre o próprio Nordeste, em que suas características (geográficas, sociais, econômicas, culturais etc.) são aceitas como reafirmadoras da sua inserção frente a dinâmica socioespacial de outras regiões e do país.

CARNAVAL NÃO TEM MEMÓRIA? OS DESFILES DAS ESCOLAS DE SAMBA DO RIO DE JANEIRO EM TRÊS TEMPOS

(SYN)THESIS - vol. 13, n. 3, 2020

Resumo: A partir do Carnaval de 2018 da Unidos do Viradouro, o presente trabalho pretende articular etnograficamente as noções de memória mediata e assombro holístico (MANGABEIRA, 2020) para pensar três temporalidades que incidem sobre o desfile das Escolas de Samba do Rio de Janeiro: o futuro, presente na categoria próximo ano de criação; o presente, articulado no instante da apresentação da Escola na Marquês de Sapucaí; e o passado, como tradição de cada Escola. Objetiva-se, assim, lançar luzes sobre as três temporalidades em articulação, relacionando-as a partir e com foco no próprio desfile. Palavras-chave: Carnaval. Escolas de Samba. Memória. Futuro. Desfile.