Andar e negociar paisagens (original) (raw)
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RUA
Muito mais do que extensão do território que se abrange com um lance de vista, a paisagem é presença que se revela pelo caminhar. E não se revela cabalmente ou por completo, não só porque a todo visível corresponde um invisível, mas também porque a completude transformaria a paisagem em mero objeto destituído de horizontes, ou seja, de possibilidades e de mistério. Assume-se aqui que a riqueza de sentidos da paisagem não se limita à sua excepcionalidade, mas é extensiva às situações banais, e que o desvelamento poético é o modo de trazer a paisagem à presença sem destruir o seu segredo. Para dar tratos ao assunto, o presente artigo toma por referências reflexões tanto de pensadores (alguns dos quais pensadores da paisagem) quanto de poetas, e apóia-se no conto O recado do morro, de Guimarães Rosa, para elaborar a relação entre a paisagem, o caminhar e a revelação poética.
EDUFES, 2013
"Viajar, transitar, percorrer, transladar, caminhar, deslocar, seguir, passar, perceber, refletir, analisar, conhecer, conversar. Cada uma dessas palavras manifesta o desejo de encontrar um território ao qual pertenço, mas que, ao mesmo tempo, sinto não ser o meu" – é o sentimento que perpassa essa obra de fotografias de viagens.
2015
Os percursos são, desde épocas remotas, elos de comunicação e de interligação entre dois ou mais pontos, espaços e/ou paisagens. Constituem meios de evasão do Homem; provocam transformações na paisagem, dão a conhecer sítios e lugares. Perceber a dinâmica das relações entre percursos e paisagens, e as suas avaliações por parte do público, constitui o objetivo central deste estudo. A nova multifuncionalidade das paisagens rurais, a sua procura crescente, e a valorização da qualidade visual da paisagem rural pelo público, é uma realidade. A participação do público em estudos de paisagem, preconizada pela Convenção Europeia da Paisagem, foi levada a cabo através da metodologia do inquérito presencial, ao longo de um percurso pedestre, no concelho de Castro Marim. Os resultados mostram que a valorização de determinados atributos e elementos da paisagem vem ao encontro de outros estudos de avaliação de paisagens, e que o fator temporal e espacial influencia a sua apreciação; Abstract: Pa...
Finisterra, 2012
foi estruturado em quatro painéis, em que especialistas de diferentes formações, cedendo ao desafio lançado pela Finisterra, se debruçaram sobre o conceito de paisagem, confrontando definições e sensibilidades. No fim de cada painel, a discussão generalizou-se a muitos dos participantes no encontro (cerca de 150, provenientes de universidades e de outras instituições públicas e privadas). No intervalo entre os painéis 3 e 4, actuou o Coro da Universidade de Lisboa, sob a direcção do Maestro José Robert. Fazendo alusão às 'Paisagens Musicais', o Coro interpretou Três Cantos Nativos do Índios Kraó (de Marcos Leite), Quo Pinus (de Svend Shultz), Ó Serpa! (de Eurico Carrapatoso) e Senhora Santa Cat'rina (de Fernando Lopes-Graça). Para lembrar que ao estudo geográfico da paisagem se pode juntar a dimensão musical. Quatro colegas do Centro de Estudos Geográficos actuaram como relatores e redigiram as notas que se seguem, a que apenas se tentou dar alguma unidade.
Paisagem e território - Expedições
Paisagem e território - Expedições, 2019
Esta publicação é um resultado de pesquisa conjunta: “Paisagem e Território: Novos Arranjos”, realizado entre a Universidade Estadual de Londrina – BRASIL e a Universidade de Coimbra – PORTUGAL. Tem o patrocínio da CAPES e FCT. Reconhecer, inventariar, estudar paisagens e seus elementos de caracterização deve fazer parte de discussões para desenvolvimento de estratégias futuras de conservação, proteção e preservação. Pressupõe a análise de sobreposição de concepções segundo a representação cultural e social, território produzido, complexo sistêmico e espaço de experiências, entre outros. Sob esse aspecto, as visitas, trabalhos de campo e expedições são vitais para um reconhecimento aprofundado da paisagem e território. À guisa de introdução, é apresentado um artigo que faz a análise exploratória e notas de expedições em Brasil e Portugal. Segue em seqüência, um estudo baseado em croquis, sobre as diferentes formas de olhar a paisagem portuguesa. No próximo artigo é apresentado um estudo sobre a experiência da paisagem através de percurso em Coimbra e Londrina. No terceiro artigo são analisados os componentes e caráter da paisagem vernacular em Portugal. Em sequência, no quarto artigo, um estudo sobre águas subterrâneas de abastecimento em Londrina. Finalmente no ultimo artigo, são apresentadas notas de campo, com olhar geográfico, sobre Londrina, realizados por pesquisadores de Coimbra. Olhar, perceber, dissecar paisagens e territórios. Os estudos ora apresentados servem de subsidio à continuidade de futuras pesquisas.
Compartimentação das paisagens
2014
No município fluminense de Itaboraí, situado na confluência das bacias hidrográficas Guapi-Macacu e Caceribu, região leste da baía de Guanabara, encontra-se em implantação o Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj)', Na parte mais baixa dessas bacias, que também abrangem os municípios de Guapimirim, Cachoeiras de Macacu, Rio Bonito, Tanguá e São Gonçalo, o empreendimento vem tomando forma em meio a morrotes de pequena envergadura, mesclando-se a planícies com diferentes abrangências geográficas, atualmente drenadas. Em direção às cabeceiras dos rios Guapiaçu, Macacu e Caceribu, em cotas altimétricas mais elevadas da serra dos Órgãos, são identificadas formações florestais mais conservadas, inclusive com coberturas estépicas de rara beleza incrustadas nas cumeeiras dessa serra. Esse mosaico de paisagens e os grandes fragmentos remanescentes de Mata Atlântica ali existentes estão protegidos por diferentes categorias de Unidades de Conservação (Figura 1.1), as quais fazem ...
Anais do 33° Encontro Anual da COMPÓS, 2024
A representação da paisagem ganha autonomia iconográfica a partir do Renascimento, no século XVI, sendo um fenômeno tipicamente moderno, articulado ao progresso científico e à dessacralização da natureza. Neste contexto, a paisagem opera como um dispositivo colonial, enquadrando a natureza para um sujeito dotado de interioridade que a objetifica, estabelecendo com ela uma relação de contemplação distanciada. O artigo pretende evocar essa função colonial da paisagem, que atravessa as artes plásticas e chega ao cinema e audiovisual de forma praticamente intocada. A emergência contemporânea de uma produção audiovisual realizada pelos povos ameríndios recoloca a discussão, apontando uma inadequação desse dispositivo e refundando posturas e existências por meio de dissidências que atestam a função da paisagem como forma de sustentar uma colonialidade do ver.
Roçando caminho e semeando paisagem
Maloca - Revista de Estudos Indígenas, 2022
Historical Ecology has become a fertile line of research for thinking about the interaction between humans, plants, animals, and landscapes. Adding to the efforts in this direction, I bring the case of the indigenous people in isolation at Terra Indígena Massaco, Rondônia State, and the understandings about them based on the traces found in territorial security expeditions. Supported by the idea of a refusal of “antineolithic” agriculture (Otto, 2016) as a choice of advantageous loss (LeviStrauss, 2005), and seeking a way out of the binomial “forgetfulness” vs. “situational abandonment” (Santos, 2016), this text deals with the inscriptions that displacements imprint on landscapes, at the same time that it does so on those who are displaced, drawing attention to possible cultivation practices hidden at first sight.