Vivências do Quotidiano do Hospital Real de Todos-os-Santos (Lisboa): os contextos do poço SE do claustro NE (original) (raw)
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Entre ciência e cultura: da interdisciplinaridade à transversalidade da arqueologia. Actas das VIII Jornadas de Jovens em Investigação Arqueológica. Colecção ArqueoArte, n.º4., 2016
Resumo: As intervenções arqueológicas concretizadas entre 1999-2001 na Praça da Figueira, Lisboa, permitiram o reconhecimento de contextos referentes ao Hospital Real de Todos-os-Santos (HRTS), nomeadamente o claustro NE, bem como uma estrutura hidráulica inserida no respectivo perímetro. A identificação do espólio cerâmico e vítreo aqui exumado permitiu, numa primeira abordagem, a aferição cronológica e tipológica e, consequentemente, de perfis funcionais (utilitário, de cozinha e medicinal). Numa segunda fase, pretende-se obter uma leitura concreta no que concerne ao período de utilização desta estrutura e das áreas envolventes a vigorar no claustro NE. Abstract: The archaeological works carried out in Praça da Figueira (Lisbon) between 1999 and 2001 allowed the recognition of diverse contexts of the Hospital Real de Todos-os-Santos, in particular the NE cloister and a hydraulic structure in its internal perimeter. In a first phase, the identification of ceramic and glass artefacts allowed their chronological and typological assessment and thereford their functional profiles (utilitarian, cooking and medicinal). In a second phase, we intend to obtain a real interpretation about the period of use of this structure, considering the different areas in the cloister.
Objectos do quotidiano num poço do Hospital Real de Todos-os-Santos
I Encontro de Arqueologia de Lisboa. Uma Cidade em Construção, 2017
Durante a intervenção arqueológica urbana ocorrida da Praça da Figueira entre 1999 e 2001, entre outros achados, foi identificada uma parte significativa do Hospital Real de Todos-os-Santos, mandado construir em 1492 por D. João II. Este edifício emblemático da Lisboa Quinhentista tinha uma planta quadrangular organizada em torno de quatro pátios definidos por um corpo central cruciforme, nos braços do qual estavam a igreja do Hospital e as três enfermarias principais dedicadas a São Cosme, São Vicente e Santa Clara. Embora danificado por um incêndio em 1750 e pelo terramoto em 1755, o Hospital permaneceu em funcionamento até 1775, ano em que foi transferido para o Colégio de Santo Antão-o-Novo (actual Hospital de São José). O edifício do Hospital foi posteriormente demolido no âmbito reconstrução da Baixa Pombalina. No claustro sudoeste foi identificado um poço, no interior do qual foram recuperados diversos vestígios materiais. Além dos objectos em vidro (publicados anteriormente) e das cerâmicas foram recolhidos ainda artefactos pétreos, metálicos, em osso e em cabedal. O presente artigo analisa os quatro últimos. When the urban archaeological intervention at Praça da Figueira occurred between 1999 and 2001, a significant part of the Hospital Real de Todos-os-Santos was identified among other findings. The emblematic building of 16th century Lisbon had a square plan organized around four courtyards defined by a cruciform central body. Within the arms were the Hospital’s church and the three main infirmaries dedicated to São Cosme, São Vicente and Santa Clara. Although damaged by a fire in 1750 and the earthquake in 1755, the Hospital remained in operation until 1775, when it was transfered to Colégio de Santo Antão-o-Novo (Hospital de São José in these days). The Hospital building was later demolished as part of the Baixa reconstruction plan. Several archaeological remains have been recovered in a well discovered in the southwest courtyard. In addition to the glass objects (previously published) and the usual ceramics, artifacts made in stone, metal, animal bone and leather were also collected. This article analyzes the four latters.
Boletim da Sociedade de Geografia de Lisboa, 2019
Historical and Archaeological data about the Royal Hospital of Todos-Os-Santos (15th century), in Lisbon, Portugal.
A rede assistencial em Lisboa antes do Hospital Real de Todos-os-Santos
«A rede assistencial em Lisboa antes do Hospital Real de Todos-os-Santos» in André TEIXEIRA; Edite Martins ALBERTO e Rodrigo Banha da SILVA, coord. cient. Hospital Real de Todos-os-Santos: Lisboa e a saúde, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa – Santa Casa da Misericórdia de Lisboa, 2021, p. 261-278.
Espólio vítreo de um poço do Hospital Real de Todos-os-Santos (Lisboa, Portugal)
Velhos e Novos Mundos. Estudos de Arqueologia Moderna, 2013
Durante a intervenção arqueológica urbana decorrida na Praça da Figueira entre 1999 e 2001, foi identificada uma parte significativa do Hospital Real de Todos-os-Santos, demolido em 1775, em consequência da sua ruína após o terramoto de 1755. Entre as muitas estruturas colocadas à vista estava o claustro sudoeste, no qual existia um poço. Os materiais que agora se apresentam são provenientes da escavação integral daquele contexto. Archaelogical works undertaken in Praça da Figueira (Lisboa) between 1999 and 2001 revealed a significant part of the Hospital Real de Todos-os-Santos (All Saints Royal Hospital). The building’s ruinous condition after the 1755 earthquake led to its demolition in 1775. The south-western cloister, which featured a well, was one of many unearthed structures. This paper will focus on the glass artefacts found during the total excavation of that context.
Hospital de Todos os Santos: Lisboa e a saúde, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 295-300, 2021
Fundados nos longínquos finais do século XV, o Hospital de Todos-os-Santos e a Misericórdia de Lisboa foram unidos a 27 de junho de 1564, depois de a confraria ter aceitado o convite do regente do reino, o cardeal infante D. Henrique, para governar o seu esprital de todos os sanctos da dita cidade como convem ao serviço de nosso Senhor e ao meu (Pereira, 1998, p. 252). Dois séculos depois, a 31 de janeiro de 1775, Sebastião José de Carvalho e Melo proclamava a restauração e nova fundação da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa e dos hospitais dos enfermos e inocentes expostos (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376, f. 16), imprimindo a sua marca reformadora nas duas instituições que continuavam a dominar o panorama assistencial do país, agora simbolicamente instaladas nos edifícios dos padres da Companhia de Jesus: a Igreja e casa de São Roque e o Colégio de Santo Antão o Novo. A nova etapa na vida do hospital e da misericórdia, que o governante quisera que coincidisse com o início do ano, com a transferência dos doentes de Todos-os-Santos para Santo Antão, adiada para abril devido ao atraso das obras (ANTT, Ministério do Reino, Livro 376, fs. 79-79v.; Hospital de São José, Livro 944, n.º 5), não era, contudo, uma reunificação, como a considerou Victor Ribeiro (Ribeiro, 1998, p. 124), pelo simples facto de que a confraria não tinha sido desapossada do hospital. Era antes um momento decisivo do processo transformador a que tinham sido submetidos após o Terramoto de 1755, projeto concluído em novembro seguinte, com a abolição do compromisso da Misericórdia de Lisboa, de 1618. Neste texto, pretende-se refletir sobre a evolução da relação entre o Hospital de Todos-os-Santos e a Misericórdia de Lisboa durante o governo de Sebastião José de Carvalho e Melo. Num tempo caracterizado pelo controlo estatal, intentamos aferir os contornos das políticas do secretário de Estado do Reino relativas às duas instituições e avaliar a sua eficácia. Para o efeito, recuperam-se, de estudos anteriores (Abreu, 2013, pp. 28- 43), algumas informações sobre a organização financeira da nova estrutura assistencial que ditou o fim de Todos- -os-Santos e reanalisa-se, à luz da documentação produzida pelo hospital, o Breve Memorial, da autoria do enfermeiro-mor, Jorge Francisco Machado de Mendonça Eça Castro Vasconcelos e Magalhães (Mendonça, 1761).
Memória e imaginário da Covid-19 no Jornal Nacional: o hospital no cotidiano midiatizado
Lumina
O artigo pertence a uma pesquisa ampliada que investiga a representação da pandemia da Covid-19 no Brasil como fotografia de um país atravessado pelo imaginário da morte (incluindo sua banalização). A partir de fragmentos audiovisuais, por meio de reportagens do Jornal Nacional, nas edições do mês de janeiro de 2021, a proposta, neste texto, é refletir sobre o hospital como constructo simbólico, levando em conta a narrativa midiatizada do cotidiano brasileiro, que é sintoma (e se torna memória) de um país em crise. O objetivo é demonstrar como tais narrativas organizam e desorganizam estruturas de sentido, constituindo um imaginário coletivo (MAFFESOLI; SILVA) de uma época. Para fins heurísticos, a metodologia combina percurso bibliográfico, pesquisa exploratória e análise de conteúdo, levando em conta a base teórica de narrativa (segundo RICOEUR), considerando-a como mediação que desenvolve a materialidade do sentido da própria experiência. No corpus de 36 ocorrências, verificamos ...