QUILOMBO COMO COSMOTÉCNICA: tecnodiversidade e contracolonialidade em Yuk Hui e Nêgo Bispo (original) (raw)
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NOVOS LUGARES E OLHARES AS TRAJETORIAS SOCIOESPACIAIS DOS DAS ESTUDANTES QUILOMBOLAS DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO TOCANTINS, 2017
Neste trabalho analisamos as trajetórias socioespaciais dos estudantes quilombolas da Universidade Federal do Tocantins, no câmpus de Araguaína entre os anos de 2016 e 2017, com o intuito de entender como se dá o ingresso e a permanência desse grupo no caminho universitário. A partir disso, cartografamos as trajetórias desses interlocutores para entendermos os lugares até a chegada na universidade. A pesquisa se dá por meio de analises de dados institucionais e de entrevistas com esses estudantes, para assim termos um apanhado de como se realizou as suas trajetórias, gerando vivências a partir da universidade e classificando-a como lugar topofílico ou topofóbico a partir da definição de Tuan (1980), firmando o seu conceito e levando para uma cartografia oral onde eles são os protagonistas das representações nos planos cartográficos redefinindo assim num plano de onde saíram e em que circunstâncias, por onde percorreram em suas vidas para chegarem, permanecerem e saírem da universidade.
A "NAÇÃO KETU" DO CANDOMBLÉ EM CONTEXTO HISTÓRICO: SUBGRUPOS IORUBAS NA BAHIA OITOCENTISTA
África, margens e oceanos: perspectivas da história social, 2021
O texto foi publicado como capítulo de livro coletânea "África, margens e oceanos: Perspectivas da história social" , organizado por Lucilene Reginaldo e Roquinaldo Ferreira. Uma abordagem comparativa sobre a demografia do tráfico de cativos iorubás é complementada por dados biográficos sobre os ancestrais mais importantes de vários terreiros históricos da Bahia, especialmente a Casa Branca, bem como uma análise da trajetória dos cultos aos orixás patronos da Casa Branca, como insumos para uma releitura do papel de pessoas oriundas do Reino de Ketu na história do candomblé da Bahia.
Universo mítico-religioso kimbundu e trânsitos culturais em Uanhenga Xitu
Introdução Este artigo promove uma discussão sobre o universo mítico-religioso do interior angolano de finais do século XIX até meados do século XX, a partir da análise da obra Vozes na sanzala (Kahitu), publicada em 1976 pelo escritor angolano Wanyen-ga Xitu (Uanhenga Xitu na versão aportuguesada), também conhecido pelo nome português de Agos-tinho André Mendes de Carvalho. Importa-nos analisar de que forma aspectos mítico-religiosos desse universo banto (sobretudo AkwaKimbundu), como os " gênios da natureza " (kiandas e kitutas) e os sacerdotes (kimbandas e kilambas), transitam no cotidiano e imaginário social daquele espaço em transformação, por conta da chegada dos portugue-ses e de novas matrizes socioculturais cristãs. AkwaKimbundu é como se autodenominam os povos que atualmente habitam as regiões de Luanda, Bengo, Cuanza Norte, Cuanza Sul e Malanje. Em kimbundu, Akwa quer dizer " os " , " os de " , " os per-tencentes a " , e que, junto à palavra kimbundu, quer dizer " os falantes do Kimbundu " , " os do Kimbundu " ou ainda " os pertencentes ao Kimbundu ". Assim, neste artigo, usaremos AkwaKimbundu para nos re-ferir a povo e Kimbundu quando nos referirmos ao complexo povo-língua-universo cultural. 1 Vozes na sanzala pode ser entendido como uma memória social dos AkwaKimbundu, trans-mitido por um de seus " mais velhos " , pois, como Xitu salienta, " cada um de nós, 'os mais velhos' que na nossa terra existem, resume em si a memória de centenas de anos. Cada dia mais rica, porque vi-vemos hoje mais tempo do que viviam os nossos avós " (Xitu, 2014 [1998], p. 18). Sua história central é clássica nos estudos an-tropológicos e diz respeito à não observância de
Boletim de Conjuntura, 2024
Este estudo tem como objetivo apresentar um debate teórico acerca da (re)produção de fronteiras ontológicas através de um diálogo entre o pensamento de Aníbal Quijano, Rita Segato, Lélia Gonzalez e Silvia Cusicanqui. Realizamos uma revisão de literatura acerca do trabalho desses sociólogos, para elucidar um conceito de fronteira ontológica, a partir da amarração e das contribuições complementares entre si, dessas quatro linhas de pensamento social. De forma concomitante, nos debruçamos sobre a leitura de seus comentadores e de trabalhos que perpassam o escopo dessa pesquisa, através de busca em repositórios que aglutinam artigos de diferentes periódicos científicos, Scielo, Scholar Google e Sage Journals. Sustentamos o seguinte argumento: a colonial-modernidade é responsável pela consolidação de fronteiras ontológicas que são pilares da estruturação e sedimentação desse padrão global, as quais são centrais na formação e na persistência da colonialidade do poder. Nesse sentido, essas fronteiras passam a ser compreendidas como uma chave de leitura sociológica que sugere uma abordagem onto-hermenêutica, para pensar e analisar, desde uma geo-política do conhecimento ou economia política, o mundo social e o próprio pensamento decolonial.
A pesquisa jurídica reconstrói o quadro histórico e social dos quilombolas no Brasil segundo esferas de reconhecimento como expressão do empirismo abstrato e da colonização epistêmica. Elas subalternizam ou anulam as influências teóricas e práticas do contexto político e social, histórico e cultural de países da América Latina e mesmo do Brasil. A perspectivação teórica da realidade histórica “quilombola” será inscrita na chave do paradoxo que define a “identidade” como relação resultante dos processos históricos e sociais de “diferenciação” e “universalização”, que se caracterizam pela “identificação do outro” e pela “identificação pelo outro”, e também no campo da teoria da colonialidade do poder, que descreve o legado do colonialismo nas sociedades contemporâneas também na esfera do conhecimento.
A pesquisa jurídica tradicional procura reconstruir o quadro histórico e social dos quilombolas no Brasil com base em distintas esferas do reconhecimento abordadas de acordo com o empirismo abstrato. A perspectivação teórica da realidade histórica "quilombola" será inscrita na chave do paradoxo que define a "identidade" como relação resultante dos processos históricos e sociais de "diferenciação" e "universalização", que se caracterizam pela "identificação do outro" e pela "identificação pelo outro". Esta perspectiva permitirá criticar a categoria "reconhecimento" e afirmar o papel do conceito "movimento social" nas pesquisas sobre quilombolas. Palavras-chave: Quilombola; Reconhecimento; Identidade; Movimento Social RESUME: La recherche juridique traditionnelle se livre à la reconstitution du contexte historique et social des Quimbolas au Brésil faisant l´objet de diverses sphères de la reconnaissance en tant qu'expression de l'empirisme abstrait. La mise en perspective théorique de la réalité historique"Quilombola" sera inscrite dans le contexte du paradoxe qui définit «l´identité» comme une relation résultant des processus historiques et sociaux de la «différenciation» et de l´«universalisation», qui sont caractérisés par «l'identification de l'autre" et par "l'identification par l'autre ". Cette perspective permettra de faire l´analyse critique de la catégorie « reconnaissance » et d´affirmer le rôle de la catégorie « mouvement social » dans les recherches portant sur les « quilombolas ». Mots-clés: Quilombola; Reconnaissance; Identité; Mouvement Social INTRODUÇÃO O reconhecimento constitucional do direito à propriedade definitiva para remanescentes de comunidades de quilombos no Brasil supõe como condição de efetivação a definição do sujeito deste direito segundo critérios normativos que definem o reconhecimento da identidade quilombola com base em dimensões antropológicas associadas à ideia de cultura específica. O caráter formal desse duplo reconhecimento define o tema deste trabalho como expressão da relação que articula de modo concreto os quilombolas como sujeitos de direito e a propriedade definitiva da terra em que eles vivem como direito dos sujeitos. As categorias concretas "sujeito" e "direito" serão investigadas de acordo com as próprias
DEBATES SOBRE O TECNOBREGA: INDÚSTRIA CULTURAL EM TEMPOS DE PÓS-FORDISMO
As últimas décadas do século XX foram marcadas por uma profunda reestruturação produtiva que afetou também a chamada “indústria cultural”. No campo da música, a alegação de que haveria uma crise causada pela circulação decópias ilegais marcou a reorganização do setor. Neste artigo, analiso o debate em torno do tecnobrega, circuito de música popular que foi transformado em modelo para a indústria fonográficanacional. Essa construção discursiva contou com participação de imprensa, programas televisivos e análises acadêmicas, que construíram, aos poucos, uma imagem de que o gêneroseria a superação da dicotomia centro versusperiferia. Esse caso permite pensar algumas das novas configurações da indústria cultural no mundo pós-fordista.
Da ontologia dialética à tecnodiversidade: diálogos com Álvaro Vieira Pinto e Yuk Hui
Tecnologia e sociedade , 2023
O artigo apresenta resultados de uma pesquisa que investigou a construção do argumento de Álvaro Vieira Pinto ao criticar o conceito de "era tecnológica" no primeiro volume do livro "O conceito de tecnologia". Para compreender os fundamentos de seu argumento, analiso o tempo lógico e histórico de seu texto. Argumento que a visão ontológica dialético-materialista de Vieira Pinto orientou seu método e sua perspectiva política, sendo fundamental para seu sistema filosófico. Propõe-se, ao final, um caminho para além da crítica de Álvaro Vieira Pinto, a partir do conceito de tecnodiversidade de Yuk Hui.