Figurações de liberdade: A resistência no cinema na cidade de rio branco (original) (raw)
JEFFERSON HENRIQUE CIDREIRA Resumo: Neste presente artigo, pretendemos fazer um estudo em torno do cinema no Acre, mais precisamente, sobre os jovens cineastas do grupo ECAJA FILMES, e de como seus filmes representaram uma denúncia, uma resistência para o povo oprimido pela pecuarização do estado do Acre, principalmente, no meio espacial da cidade de Rio Branco entre os anos 1971 e 1981, com foco nos discursos inseridos nos meios de comunicação, como jornais escritos e rádio, e a partir dos discursos dos governantes acreanos, que pregavam o "desenvolvimento" e o "progresso" do estado do Acre. Tais discursos eram proferidos nos meios de comunicação através de propagandas maciças no centro-sul do país e no próprio estado, por um lado para atrair investidores, e por outro, para que a população aceitasse o projeto político imposto ao nosso estado-a pecuarização. Tal pesquisa é uma tentativa de diálogo que procura um avanço para os estudos envolvendo a linguagem cinematográfica e a sociedade acreana, sobretudo no meio espacial da cidade de Rio Branco. O trabalho em pauta tem como principal aporte teórico-metodológico os estudos sobre cinema de Marc Ferro, Costa Júnior, etc.; as relações de poder discursivas acerca estabelecidas na sociedade, utilizando para tal análise os trabalhos de Mikhail Bakhtin. Os autores e a produção cinematográfica do grupo ECAJA nos auxiliarão no caminho do estudo das mídias culturais, lugar de discursos de resistência, que comunicavam as práticas culturais oficiais, tais como o culto ao "progresso" e ao "desenvolvimento" e a resistência desencadeada pela população rio-branquense, em destaque às obras do ECAJA. Pretendemos, portanto, tornar evidente através de uma análise dialógica os discursos apresentados e/ou veiculados pelo governo e os embates entre um discurso oficial e um discurso popular que surgia como forma de resistência nos próprios meios de comunicação, em destaque no cinema na cidade de Rio Branco nos anos entre 1971 e 1981.