Adorno e o Cinema: Possibilidade de uma arte autônoma (original) (raw)
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ADORNO E O CINEMA: UM INÍCIO DE CONVERSA 1
O artigo discute a abordagem do cinema por Theodor W. Adorno nalguns de seus textos dos anos 1940 aos 1960, procurando avaliar o grau e o sentido da sua contribuição para os estudos sobre o cinema. Tal avaliação assume o ponto de vista não do filósofo ou do especialista em Adorno, mas de alguém afinado com a tradição do cinema mais crítico e emancipatóriomais tensionado, portanto, com a indústria do entretenimento. Palavras-chave: Theodor W. Adorno; cinema; indústria cultural.
ADORNO E BECKETT: APORIAS DA AUTONOMIA DO DRAMA
Theodor W. Adorno para a peça "Fim de partida", de Samuel Beckett, no contexto de sua concepção de autonomia da arte. Segundo a hipótese do trabalho, o conceito de autonomia subjaz ao diagnóstico histórico de Adorno a respeito do gênero dramático, o qual justifica sua leitura da peça como uma paródia do drama. O artigo busca mostrar os acertos dessa leitura perante a recepção inicial da peça, e também seus limites, uma vez que resulta em uma abordagem da experiência teatral focada primordialmente na consideração do texto teatral, em detrimento da encenação. Palavras-chave Theodor W. Adorno, Samuel Beckett, drama, autonomia da arte. ABSTRACT This article aims to situate the interpretation proposed by Theodor W. Adorno for Samuel Beckett's play "Endgame" in the context of his conception of the autonomy of art. According to the hypothesis of this essay, the concept of autonomy underlies Adorno's historic diagnostic about the dramatic genre, which justifies his analysis of the play as a parody of drama. The article seeks to demonstrate the successes of this reading in face of the play's early reception, as well as its limitations, since it results in an approach * Doutor em Filosofia, Professor do Departamento de Filosofia da UNIFESP. Artigo recebido em 29/11/2013 e aprovado em 04/03/2014. to the theatrical experience primarily focused on regarding the theatrical text, at the expense of the staging. Keywords Theodor W. Adorno, Samuel Beckett, drama, autonomy of art.
A Relação entre Arte e Sociedade à Luz do Conceito de Autonomia Estética de Adorno
Vol. 39, edição especial, 2016
Sob a ótica do conceito adorniano de autonomia estética, analisamos aqui de qual forma se dá a relação entre sociedade e arte, passando por discussões quanto à separação entre teoria e práxis, quanto à lógica interna da obra de arte, quanto ao poder de integração da indústria cultural, em relação às obras de arte, e quanto à impossibilidade de controlar os seus efeitos sociais, seja ela autônoma, seja engajada. Trata-se, ainda, de demonstrar o caráter ilusório da proposição segundo a qual a arte seria eficaz instrumento politizador, quando utilizada de forma a engajar e adaptar seu conteúdo a objetivos políticos pré-determinados, o que será feito por meio da análise interpretativa das obras de Theodor W. Adorno e de seus comentadores, na área de estética.
Relações entre cinema, pintura e agentes computacionais autônomos
This article relates the motion painting possibilities of the relationship between painting and cinema discussed by Jacques Aumont. In this context, it is understood for video-painting: the process of painting and drawing performed by computational agents oriented by artwork painting models developed by humans. From the computational characterization of painting as a form of contemporary audiovisual technology such research outlines some fundamental aspects for the creative exploration of technology in cinematographic language. With an analysis of image-synthesis and its implications in cinema this study proposes relationships between concepts of Edmond Couchot, Julio Plaza, Philippe Quéau and André Parente to discuss the topic of new technologies in film language. Introdução Ao longo de três anos de trabalho foi desenvolvida uma abordagem para a apropriação criativa das tecnologias contemporâneas na realização cinematográfica. Isso não seria possível sem a contribuição de uma equipe diversificada de várias áreas incluindo arte, cinema, vídeo, tecnologia e audiovisual comunitário que compõe a OI Kabum! de Belo Horizonte e a Associação Imagem Comunitária. Esta abordagem foi elaborada a partir da discussão sobre a tecnologia na arte e da relação entre Pintura e Cinema sendo, na prática, aplicada na criação de pinturas em movimento e no seu uso em narrativas cinematográficas e videográficas. É no campo de proximidades visíveis e invisíveis que o presente trabalho busca levantar perguntas sobre as possibilidades de uma pintura em movimento no cinema contemporâneo, buscando contribuir para o estudo da tecnologia na arte. Jacques Aumont (2004), na relação que faz entre pintura e cinema, estabelece elementos de aproximação e distanciamento entre a imagem pictórica e a imagem fílmica, estes constituem o ponto de partida para o desenvolvimento da abordagem aqui desenvolvida. A ideia de que o modelo por trás das imagens foi, ao longo da história, ganhando espaço nas próprias imagens é o segundo ponto desta pesquisa, o qual permite entrelaçar a imagem pictórica com a contemporaneidade da imagem produzida em/por computador – a imagem de síntese. Com a junção destes dois primeiros, o terceiro ponto levanta sinergias multimediáticas (Plaza, 1993) propícias para uma abordagem da tecnologia contemporânea como mediadora da experiência estética, indo além de seu uso meramente instrumental. É apresentado de que forma essas sinergias propiciam uma nova percepção, a da pintura em movimento e como contribuem para a apropriação criativa da tecnologia no cinema. Supõe-se que o ato de propiciar uma percepção renovadora através da mediação técnica possa estabelecer um horizonte fértil de investigação da tecnologia no cinema contemporâneo. Neste contexto entenda-se por contemporâneo a imersão na experiência com o que vem sendo imperceptível em uma época. Agamben (2009) atribui ao contemporâneo a origem de um movimento paradoxal de aproximação pelo distanciamento cujo propósito é a constante atualização de uma época. O termo experienciar provém da ação de imergir na percepção de uma situação (Dewey, 2010), e que o perceber é uma ação que libera energia criativa. Assim a experiência cinematográfica contemporânea que se pretende abordar aqui é uma forma de experiência estética em que o ato de perceber é também um ato de criação, a criação daquilo que antes era imperceptível. Por tecnologia entenda-se a mediação técnica entre o homem e o mundo. Latour (2001) descreve a mediação técnica como uma inter-relação entre a técnica e o homem de forma que os objetivos humanos e objetivos técnicos se entrelacem tornando-os um sujeito coletivo. Na relação sujeito-objeto tradicional, o homem é tido como sujeito e a técnica como seu objeto ou meio da ação, mas na perspectiva crítica da mediação técnica de Latour, a técnica é admitida também como sujeito. Isso ocorreria na medida em que ela-a técnica-seja capaz de assumir as delegações que o homem lhe atribui e que o homem se torne cada vez mais composto por características técnicas. Nessa perspectiva, a permutação de competências entre homem e técnica traz possibilidades de se repensar as máquinas de automatização das imagens em movimento: elas também seriam actantes (Latour, 2001)-sujeito no processo de criação. Para isso, a abordagem apresentada situa a tecnologia dos agentes autônomos no terreno da experiência cinematográfica contemporânea. Com este objetivo definimos tecnologias contemporâneas como as mediações técnicas que possibilitam imergir na experiência com o que vem sendo imperceptível, actualizando (sic) constantemente uma época. A videopintura, enquanto tecnologia contemporânea, possibilita a experiência estética da pintura
Adorno, Hanslick e a questão da autonomia estética da música
Per Musi, 2016
Resumo: No semestre de inverno de 1932/33, Theodor Adorno ministrou na Universidade de Frankfurt um curso sobre o ensaio Do Belo Musical. Num artigo publicado alguns anos mais tarde, Adorno enfatizava a importância desse livro, uma vez que ele fixava o elemento da lógica imanente da composição musical, contra os autores que defendiam a música programática. Com efeito, um dos principais objetivos do ensaio de Hanslick era o estabelecimento da autonomia da obra musical. De acordo com ele, o belo na música é algo especificamente musical consistindo apenas e tão somente nos próprios sons e em sua combinação artística. Embora as referências diretas a Hanslick sejam relativamente raras e esparsas nos textos de Adorno, não devemos subestimar suas ressonâncias no pensamento desse autor. O objetivo desse artigo é investigar em que medida as ideias de Hanslick acerca da autonomia estética da música poderiam ter influenciado o conceito adorniano de material musical, bem como a sua abordagem da...
INFOTOXINA AUTOMIDIALIDADE e ARTE ONÍRICA
Este livro é um percurso teórico e pragmático, onirocrítica, que conecta ideias chaves através de conceitos adotados que são relacionados à tese de Arte Onírica, proposta de nomenclatura à arte contemporânea. Infotoxina, o efeito perverso da comunicação tendenciosa à hegemonia cultural e geradora de preconceitos, apartheids, que é global, ideológica, paradigmática. Automidialidade, efeito reverso desse processo de democratização tecnológica comunicativa, que, também sendo global, é multicultural e autobiográfico, num sentido temporal novo, o de escritura de si no presente, ato contínuo; por isso mesmo, contrário ao refletir sobre o passado, fórmula típica das biografias impressas. A Infoera é digital, e sua imaterialidade, faz a metáfora do líquido, de Baumman, parecer pesada, por sua densidade flúida. A onirocrítica é um método nosso, desenvolvido pragmaticamente em tese anterior, e reflete um caminho filosófico que articule a lógica discursiva acadêmica, com o mundo imaginário teórico onde se permita articular uma nova lógica, exigente de uma nova metáfora, a do ar: o etéreo virtual que transita em redes invisíveis, tendência wifiizante de interlocutores e canais. Assim, a teoria nasce de práticas pedagógicas que buscam novas fórmulas didáticas, ou dialoga constantemente com elas -as tecnologias comunicacionais oníricas das redes sociais. Palavras-chave infotoxina, automidialidade, arte onírica, educação, redes sociais, Facebook, onirocrítica. 2
Contribuições Adornianas No Reconhecimento De Um Cinema Emancipador
Crítica Cultural, 2022
Embora o cinema possa ser situado em uma indústria cultural, produzido como uma mercadoria que segue as tipificações para ser consumida pelas massas, o intuito deste trabalho é levantar, a partir do referencial da Teoria Crítica adorniana, as possibilidades de um filme constituir-se como uma obra de arte. Como tal, desde sua produção, pode romper com os estereótipos e ser constituído em multideterminações, inclusive estéticas, em teor emancipatório e de caráter resistente.
Dissonância: Revista de Teoria Crítica, 2020
Se a atualidade da Teoria Crítica é marcada pela avaliação do pensamento adorniano feita por Jürgen Habermas e em certa medida assimilada pelos demais pensadores da sua geração (como Albrecht Wellmer, Hans Robert Jauß e Peter Bürger), interessa-nos neste ensaio chamar a atenção para um certo "retorno a Adorno" que estaria em curso no presente. Para tanto, buscaremos apresentar brevemente quatro importantes filósofos alemães em atividade, os quais integrariam uma "terceira geração" frankfurtiana: Josef Früchtl, Martin Seel, Christoph Menke e Juliane Rebentisch. A obra desses quatro professores será abordada a partir de suas reinterpretações do conceito de experiência, e sobretudo de experiência estética, na filosofia adorniana. Abstract: If Critical Theory’s present is marked by Jürgen Habermas's evaluation of Adornian thought – somewhat assimilated by other thinkers of his generation (such as Albrecht Wellmer, Hans Robert Jauß and Peter Bürger) – our main concern in this essay is drawing attention to a certain "return to Adorno" currently underway. To do so, we will briefly present four important German philosophers at work today, part of a "third generation" of the Frankfurt School: Josef Früchtl, Martin Seel, Christoph Menke, and Juliane Rebentisch. Their work will be approached starting from their reinterpretations of the concept of (especially aesthetic) experience, in Adornian philosophy.
A autonomia da música no cinema
Em seu livro “Do belo musical”, de 1854, Eduard Hanslick defende que a arte da música está na contemplação pura da forma sonora e não nos sentimentos do compositor ou do ouvinte. Ainda persiste no âmbito musical uma perspectiva de que as melhores condições para a criação musical serão aquelas desvinculadas de outras linguagens. Por outro lado, há uma clara hegemonia da imagem na constituição e no pensamento do audiovisual, no qual percebe-se uma tendência narrativa centrada nos aspectos visuais e uma demanda para que a música possua, suscite, expresse ou represente uma emoção. Em linhas gerais, este trabalho ambiciona examinar a construção de uma estética da música no cinema baseada em critérios musicais, construídos com enfoque na própria expressão sonora e não na construção de um arcabouço afetivo para as cenas. Igualmente, pretende-se verificar os limites da conexão entre música e drama na construção do filme, examinando através de referências oferecidas pela filosofia da música e exemplos fílmicos a hipótese de que os dois campos podem comportar uma relação igualitária capaz de permitir o desenvolvimento musical e dramático sem que uma parte se sobreponha à outra. Este texto integra a dissertação de mestrado.