Fluxos migratórios no Brasil : haitianos, sírios e venezuelanos (original) (raw)
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Haitianos no Brasil: fluxo migratório e comunidades virtuais
O presente artigo discute o fluxo migratório Haiti-Brasil a partir de 2010 levando em consideração diferentes aspectos dos movimentos migratórios e os deslocamentos na noção de identidade na contemporaneidade em função das TICS, com particular atenção ao papel das comunidades virtuais. Em um primeiro momento, apresenta-se o contexto em que se dá o movimento migratório de haitianos para o Brasil. Em um segundo momento, são abordados os aspectos existenciais e a relevância das migrações para a sociedade. Por fim, trata-se da constituição de comunidades virtuais de haitianos residentes no Brasil e sua relevância para a configuração identitária desses migrantes.
Migrantes haitianos no sul do Brasil
Letras & Letras, 2019
RESUMO: Desde 2010, estatísticas oficiais têm mostrado que a migração Sul-Sul tem crescido e se diversificado no Brasil. Tendo em vista esses novos fluxos migratórios, para tratar da complexidade sociolinguística no contexto atual de globalizações, mobilizo a perspectiva de superdiversidade (VERTOVEC, 2007; BLOMMAERT, 2012) e reflito sobre alguns processos sociolinguísticos implicados neste contexto de migração global (GAL, 2006; BLOMMAERT, 2008). Meu objetivo neste texto é refletir sobre ideologias linguísticas num contexto multilíngue de ensino de língua portuguesa como língua adicional para migrantes em processo de migração recente. O foco da análise é uma das aulas da qual participaram sete estudantes haitianos. O ponto central deste texto pode ser resumido na seguinte pergunta: Que ideologias linguísticas estão presentes nas práticas de linguagem nesse contexto educativo? Este artigo está organizado em três partes, seguidas pelas considerações finais: apresentação do contexto histórico, dos conceitos teóricos e da análise de dados, gerados etnograficamente.
Migração venezuelana no Brasil e em Roraima
2021
O ciclo vicioso de uma dupla crise econômica e política pela qual tem passado a Venezuela desde 2010 repercutiu gravemente dentro e fora do país em função de um elevado êxodo populacional que repercutiu em fluxos de imigração, majoritariamente de natureza Sul-Sul ligada aos círculos regionais da América Latina e Caribe, mas também de natureza Sul-Norte, fundamentada pela proximidade cultural com os Estados Unidos e a Europa. Tomando como referência o contexto de crise que se instalou na Venezuela e as repercussões de saída de quase 10% dos cidadãos para o exterior no curto espaço de uma década, o objetivo do presente livro é analisar o contexto de recepção de um significativo número de migrantes e de pedidos de refúgio de venezuelanos no Brasil, e de modo mais específico no estado de Roraima, o qual faz fronteira internacional com o país vizinho. Estruturada em cinco capítulos, esta obra apresenta relevantes debates relacionados não apenas ao contexto de insegurança multidimensional...
Resposta a fluxos migratórios e inclusão social de imigrantes haitianos no Brasil
Casoteca Gestão Pública, 2018
Este estudo de caso examina o primeiro programa de recepção de pessoas migrantes originadas de uma crise humanitária desenvolvido no Brasil. A crise humanitária em questão se aprofundou a partir de 2010 com o terremoto que atingiu a capital haitiana, Porto Príncipe. O Brasil foi, até 2017, responsável pelas tropas de manutenção da paz necessárias para a estabilização do país caribenho. A partir de 2011, o Brasil começou a perceber um aumento do número de pessoas haitianas entrando em suas fronteiras. Tradicionalmente muito baixo, esse incremento primeiro chegou à casa das dezenas, centenas e finalmente milhares de novos migrantes. Antes dos episódios analisados neste estudo de caso, inexistia uma política pública de recepção e acolhida de uma imigração massiva no Brasil. Havia décadas vigorava uma legislação restritiva, enfocada na retirada compulsória do país das pessoas julgadas indesejáveis pelo regime autoritário em vigor no país até meados dos anos 1980. A baixa visibilidade do tema após a redemocratização havia criado uma situação em que o panorama legal era inadequado para que o Estado dispusesse de instrumentos de inclusão social, estacionando os fluxos migratórios ao percentual de população migrante em relação à população total entre os mais baixos do mundo, cerca de 0,5%. Com a consolidação da imigração haitiana, o tema ganhou visibilidade e evidenciou, com isso, as limitações institucionais dos poderes locais e da União para prestar respostas rápidas e eficientes, tanto em termos de documentação migratória, quanto em políticas de inclusão específicas, como assistência e ensino da língua portuguesa. As políticas e discursos decorrentes da chegada dos haitianos mostraram aos mais diversos atores governamentais, nãogovernamentais e de organismos internacionais, direções novas para o debate sobre a atualização da própria legislação e instituições migratórias.
O fluxo migratório de venezuelanos para o Brasil (2014-2018)
Cadernos PROLAM/USP
O objetivo do presente trabalho é analisar o contexto jurídico dos migrantes venezuelanos que entram em território brasileiro desde 2014, bem como a crise política e econômica em seu país de origem que os moveu nesta direção. Para tanto, foram utilizados dados atualizados oriundos de fontes oficiais e pesquisas publicadas em periódicos reconhecidos. Revelou-se a importância de se compreender o contexto específico dos imigrantes venezuelanos no Brasil, levando em conta a legislação nacional e internacional sobre a questão e a peculiar situação do país de que emigraram.
Os desafios da nova política migratória brasileira diante do fluxo migratório haitiano
2020
_________________________________________________ _____________________________________________________ RESUMO Nos últimos anos, o Brasil tornou-se protagonista nos processos migratórios latino-americanos. Com o intuito de contribuir com esse debate, o presente artigo faz um breve resgate das diversas políticas migratórias brasileiras adotadas do final do século XIX até os dias atuais. Ademais, destaca as atuais respostas do Estado brasileiro ao caso específico da migração haitiana. Argumentamos que as políticas de gestão migratória no Brasil transformaram-se ao longo dos anos, no início foram baseadas no modelo de abertura e assentamento, posteriormente securitização e, nos dias atuais, abertura e acolhimento. O artigo tem como base o estudo qualitativo realizado no marco da pesquisa "Imigração e crise econômica. As táticas migratórias de retorno e circularidade dos haitianos". Essa pesquisa contou com análise de documentos oficiais (leis, decretos, normativas, portarias) e trabalho de campo realizado com os haitianos em Brasília, Curitiba e Haiti entre 2018 e 2019. Foram realizadas vinte entrevistas semiestruturadas, e dois grupos focais. Os resultados do estudo revelaram, que a formulação de uma "nova" Lei de Migração (13.445/2017), as Resoluções Normativas e as Portarias Interministeriais, permitiram a entrada regularizada dos imigrantes haitianos no Brasil. No entanto, a construção de uma política pública de acolhimento ainda é insipiente. As regras de gerenciamento desse fluxo foram implementadas, mas faltam políticas para acolhimento, acesso aos serviços públicos e de não discriminação. Esses são desafios pendentes para os formuladores da política de migração no Brasil. Palavras-chave: Brasil, Migração, Política de Migração. RESUMEN En los últimos años, Brasil se tornó protagonista de los procesos migratorios latinoamericanos. Para contribuir con ese debate, hacemos una breve revisión de las políticas migratorias brasileñas adoptadas entre el siglo XIX y hoy. Además, destacamos las respuestas actuales del Estado brasileño al caso específico de la migración haitiana. Así argumentamos que las políticas de gestión migratoria en Brasil se han transformado a lo largo de los años, basándose primero en un modelo de apertura y asentamiento, luego de seguridad y, actualmente, de apertura y acogida. El presente artículo se basa en la investigación "Inmigración y crisis económica. Las tácticas migratorias de retorno y circularidad de los haitianos" que contó con análisis de documentos oficiales y con trabajo de campo junto a migrantes haitianos en Brasilia, Curitiba y Haití entre el 2018 y 2019. Fueron realizadas veinte entrevistas y dos grupos focales. Los resultados revelaron que la formulación de una "nueva" Ley de Migración (13.445/2017), de Resoluciones Normativas e Interministeriales permitieron la entrada regularizada de los migrantes haitianos a Brasil. No obstante, la formulación de una política pública de acogida aún es insipiente. Las reglas de gerenciamiento fueron implementadas pero hacen falta políticas de acogida que permitan el acceso a servicios públicos y de no discriminación. Esos son los desafíos pendientes para los formuladores de la política migratoria brasileña. Palabras clave: Brasil, migración haitiana, política migratoria. ABSTRACT In recent years, Brazil has become a protagonist in Latin American migration processes. This article contributes to Latin American debate in migration by briefly reviewing several Brazilian migration policies adopted from the end of the 19th century to the present day. Furthermore, it highlights the current responses of the Brazilian State to the specific case of Haitian migration. We show how migration policies have been transformed over the years. Changing from the model of openness and settlement to securitization and, today, openness and "welcome." The article is based on qualitative study named "Immigration and economic crisis. The migratory tactics of Haitians' return and circularity." This research included analysis of official documents (laws, decrees, regulations, ordinances) and fieldwork carried out with Haitians in Brasília, Curitiba and Haiti between 2018 and 2019. Twenty semi-structured interviews were conducted and two focus groups. The study revealed that the formulation of a "new" Migration Law (13,445 / 2017), the Normative Resolutions and ordinances have allowed the regular entry of Haitian immigrants into Brazil. However, the "welcome" policies are still incipient. The rules for managing migration flows into Brazil have been implemented, but still lack policies for accessing public services and to prevent discrimination. These are challenges for policy makers in Brazil.
Imigração e redes de acolhimento: o caso dos haitianos no Brasil
Revista Brasileira de Estudos de População
Este trabalho tem como objetivo analisar o papel das redes de acolhimento no processo migratório dos haitianos no Brasil, procurando entender a razão pela qual tais redes tiveram uma centralidade na gestão dessa imigração e na interlocução das questões por ela engendradas no país e, ao mesmo tempo, balizar o papel que elas tiveram para facilitar a mobilidade desses migrantes internamente, além de retroalimentar o fluxo migratório, iniciado de forma expressiva em 2010. Partindo de dados coletados na fronteira, em Manaus e em algumas cidades brasileiras, onde foram aplicados 279 questionários, que reúnem informações acerca dos migrantes haitianos presentes no Brasil, bem como da família ausente, seja no Haiti ou em outro país, foi possível levantar a hipótese de que, sem essas redes de acolhimento, a chegada e os percursos desses imigrantes pelo Brasil teriam sido muito mais dramáticos do que realmente foram, em razão da falta de políticas públicas de acolhimento e de inserção sociocu...
v. 29 n. supl, 2020
Este trabalho tem como objetivo analisar os impactos da doença Covid 19 sobre os projetos migratórios de haitianos no Brasil, além de dialogar sobre a interdição da mobilidade durante a pandemia provocada pelo coronavírus. A análise está pautada em discussões teóricas da Antropologia e nos estudos contemporâneos sobre a mobilidade haitiana, bem como a partir das recomendações oficiais da Organização Mundial de Saúde. O material etnográfico que utilizamos neste artigo é uma amostra retirada da pesquisa que está em andamento, cujos dados foram levantados em campo pela autora para elaboração da Tese de doutoramento em Antropologia Social. Embora seja muito cedo para apresentar conclusões fechadas sobre a totalidade dos impactos que a pandemia de coronavírus e as atuais recomendações de interdição da mobilidade exerce sobre os projetos migratórios dos haitianos no Brasil, este artigo considera que houve descontinuidades e rupturas significativas nas trajetórias migratórias individuais dos haitianos e que reverberam sobre os projetos coletivos.