LACAPRA, Dominick. O que é história? O que é literatura? (tradução) (original) (raw)
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Historicidade, retórica e ficção: interlocuções com a historiografia de Dominick LaCapra
2010
A necessidade de enfrentar interrogações de cunho epistêmico que se formulam em torno do saber histórico será a principal diretriz do presente artigo. Desde já destacamos que uma reflexão epistêmica e não epistemológica sugere abandonar o terreno em que a história da história aparece marcada pela cisão entre verdade e erro, racional e irracional, puro e impuro, científico e não-científico para se lançar ao desafio de se pensar tanto as condições discursivas que configuram um saber, assim como o que se passa por entre as delimitações geradas por tal configuração. . O objetivo é pensar a história enquanto elemento essencial no processo interpretativo humano. Interessa a este artigo se aprofundar na investigação a respeito da escrita da história, naquilo em que se ela se torna uma problemática para o saber histórico: os limites entre história e ficção. Concebendo a história em dois âmbitos, categoria de pensamento e saber instituído, pretendemos rastrear e investigar os pontos em que a historiografia, teoria da história, filosofia da linguagem e teoria literária contemporânea, focados a partir dos textos do historiador Dominick LaCapra, puderam complexificar a relação do historiador e sua escrita, a fim de que, ao final deste percurso, seja possível uma elaboração pertinente a respeito do que se passa por entre os discursos historiográficos e fictícios e de que maneira estas relações interferem na compreensão da historicidade humana.
Dominick LaCapra documentos e epistemologia na história intelectual
Historiae, 2018
No presente artigo iremos expor algumas considerações feitas pelo historiador Dominick LaCapra sobre o que seriam os textos históricosna condição de documento de pesquisa na área da história intelectual. De acordo com ele, a fonte de pesquisa na história intelectual deveria ser compreendida como formada por um aspecto documentário (referência às informações literais do passado no texto) e um aspecto ser-obra (a maneira como o passado seria apresentado nos textos). Diante disso, caberia ao historiador interpretar sua fonte de forma dialógica, ou seja, um processo interrogativo do presente para com o passado, base epistêmica na construção do conhecimento na história intelectual.
LAVORATI, Carla. Diálogos entre Ficção e História
RESUMO: O objetivo do estudo é analisar como se estabelece o diálogo entre ficção e história dentro do gênero literário romance histórico. A análise seguirá pelos caminhos da crítica e da teoria literária, com enfoque para os estudos de Hayden White, Georg Lukács, Seymour Menton, como também, para os estudos da "nova história" de Peter Burke e Michel de Certeau. Desse modo, buscamos compreender como ocorre a representação literária dos acontecimentos históricos dentro dos romances e, de que modo, essas (re) leituras romanceadas de fatos da história influenciam na manutenção ou ruptura de valores identitários.
CRÔNICA EM FOCO: CONTRIBUIÇÕES DE CLARICE LISPECTOR PARA O JORNALISMO LITERÁRIO
Anais do II Congresso Regional de Letras, 2021
Esta pesquisa dialoga sobre a utilização do jornalismo literário e sua estilística por meio do gênero textual crônica. Trata-se da perspectiva de uma especialização jornalística que vai além das regras estruturais rígidas do jornalismo convencional e que é capaz de conceber variadas matrizes narrativas da realidade. Clarice Lispector, autora em destaque neste estudo, é revelada por um novo tecido literário: como escritora e jornalista. Lispector foi capaz de escrever e interpretar nuances da vida quando, por vezes, se autobiografou em suas linhas. As crônicas fizeram parte da fisiologia de Clarice. Estabeleceram uma relação direta com os acontecimentos do cotidiano, com os relatos poéticos do real, com o tempo e com as inquietações da autora; abriram espaço para jornalistas, escritores e pesquisadores, que performatizaram o uso da especialização como ponte que une suas produções à arte da literatura. Diante desses aspectos, os objetivos deste estudo visam compreender os conceitos e as normas do jornalismo literário; identificar a presença da especialização nas narrativas da autora; e analisar o conto “Perdoando Deus”, de Clarice Lispector, como crônica a partir dos aspectos estruturais do gênero. A metodologia utilizada incluiu a abordagem qualitativa, de caráter exploratório e descritivo, valorizando a percepção de que a subjetividade é constituída pelo seu discurso. A pesquisa justifica-se por interesses de ordem jornalística e literária, relativas às perspectivas individuais sobre a escrita de Clarice Lispector e suas crônicas. Verificou-se que “Perdoando Deus” vislumbra com facilidade o encontro das características da “Estrela de Sete Pontas” defendida por Pena (2011). A pesquisa resultou na identificação de ângulos novos em cenários conhecidos no texto da escritora, ou seja, suas obras, ora em literatura, ora no jornalismo, surgem como ícone para o cenário nacional e mundial.
JOSÉ DE ALENCAR E A LITERATURA COMO NARRATIVA DA HISTÓRIA
O texto que ora se apresenta é o resultado parcial de um projeto maior: minha dissertação de mestrado em andamento e, portanto, terá caráter resumido. O objetivo da dissertação é destacar a contiguidade entre a perspectiva de história que embasava os romances indianistas de José de Alencar e a formação de uma tradição dos estudos históricos nacionais em seu período. Pretendemos demonstrar que o indianismo alencarino se propunha como uma narrativa histórica, acompanhando de perto as proposições da cultura histórica em formação em nosso país. Ao final se destacará o compromisso de Alencar com a narrativa da história pela forma literária, seu conhecimento de um projeto de história nacional e seu comprometimento com a execução desse projeto. Nesta apresentação nosso objetivo é mais modesto e reside em apontar para as relações entre o pensamento de Alencar e a tradição que se construía, naquele momento, sobre como e o que narrar da história nacional. Para tanto abordaremos aqui dois de seus textos não ficcionais: Cartas da Confederação dos Tamoios (1856) e "Benção Paterna" (1872) destacando neles alguns aspectos importantes da perspectiva alencarina sobre a história do Brasil e sobre o como narrá-la. A partir do acesso a estes textos podemos afirmar que Alencar apresentava como certezas: a consciência de uma história brasileira, representada por um passado que necessitava ser recuperado na forma da narrativa histórica; a certeza de que a literatura seria uma forma possível dessa narrativa; A noção de uma cronologia para a história pátria, definida pela referência ao indígena; a urgência em se narrar o passado indígena, como o mais recuado ponto da história nacional e definidor das origens.
Literatura vs história: uma questão anacrônica?
Literatura e Sociedade, 2015
O ensaio dispõe-se a revisitar a relação entre literatura e história sob o prisma do anacronismo. Seria leviano considerar que o crítico literário está livre de respeitar a cronologia. Porém, o tempo da obra não se limita apenas à linearidade cronológica, mas se projeta, em parte pela incompletude da arte, fora de seu contexto de produção. Portanto, considerando nossa concepção histórica da literatura, qualquer leitura que tenha em vista essa condição artística haverá de levar em consideração esses dois corpos da obra.
Revista Ágora - Periódico do Programa de Pós-Graduação em História da UFES, 2023
Artigo publicado na Revista Ágora, v. 34 n. 1 (2023), Dossiê Temático "História e literatura: limites e aberturas para o pensamento historiográfico". Neste artigo, analisamos duas obras distintas e de contextos díspares. Tratam-se dos romances A Paixão Segundo G.H. (Clarice Lispector) e O Som do Rugido da Onça (Micheliny Verunschk). Dado que são narrativas diferentes entre si, buscamos refletir acerca de eixos em comum, mobilizando elementos em torno do tempo, da ontologia e da escrita, sendo que tais eixos serão pensados mediante a relação entre História e Literatura. Interessa-nos a potência do literário e do ficcional em sua capacidade de desestabilização do tempo instituído, e isso por meio da linguagem e de suas estratégias discursivas, questões que se apresentam, dissonantemente, em ambos os textos selecionados.