FERROVIAS, CIDADES E INTEGRAÇÃO TERRITORIAL: CONSIDERAÇÕES SOBRE O PLANEJAMENTO DO SISTEMA FERROVIÁRIO BRASILEIRO (RAILROADS, CITIES AND TERRITORY INTEGRATION: CONSIDERATIONS ON THE BRAZILIAN RAILWAY SYSTEM PLANNING) (original) (raw)
O trabalho tem como objetivo demonstrar que as políticas públicas e privadas no Brasil relacionadas à revitalização do sistema ferroviário e construção de novas ferrovias estão desconsiderando as demandas da grande maioria da sociedade brasileira, principalmente àquelas relacionadas ao transporte ferroviário de passageiros de longa distância. Essas políticas não consideram que as ferrovias brasileiras poderiam ser utilizadas, também, para o transporte de passageiros, como verificado nos Estados Unidos da América e Europa. A partir da privatização do sistema iniciada em 1996, os investimentos em ferrovias foram direcionados para contornar áreas urbanas, reduzindo interferências decorrentes de passagens em nível e invasões de faixas de domínio. Grande parte das estações ferroviárias existentes está abandonada e passa por um processo de refuncionalização para atender atividades não relacionadas ao transporte de passageiros. Apesar dos 29 mil quilômetros de ferrovias concessionadas, o transporte de passageiros só existe efetivamente na Estrada de Ferro Vitória-Minas e Estrada de Ferro Carajás. As novas ferrovias relacionadas no Plano Nacional de Viação também não consideram de forma adequada o transporte ferroviário de passageiros de longa distância, demonstrando que a prioridade do plano é o transporte de cargas. Os pátios ferroviários da Ferrovia Norte-Sul no estado do Tocantins, como Guaraí, Colinas e Araguaína, estão distantes das sedes dos respectivos municípios, indicando que não existem prioridades para atender ao transporte de passageiros. Os investimentos previstos e os já realizados privilegiam, em grande parte, o transporte ferroviário de commodities agrícolas e minerais entre regiões produtivas e portos exportadores. Uma vez organizado para o transporte de cargas, o sistema ferroviário brasileiro dificilmente será revertido ou utilizado para outros usos.
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