O Livro Branco de Austrália: Estrategias Contra Terrorismo (original) (raw)
Reconhecendo que nenhum Governo pode garantir que as suas populações, bens e territórios estejam totalmente protegidos de ataques terroristas, é da competência do Governo em funções dar o seu melhor para assegurar que, dentro do possível, são evitados ataques contra a população e os bens do país, internamente e não só, e que é posta em ação a melhor proteção possível da nação. A estrutura geral e a base lógica da estratégia antiterrorista preconizada no recente “Livro Branco do combate australiano ao terrorismo” (adiante referido, abreviadamente, como Livro Branco) apresenta meios eficientes para combater o terrorismo. O objetivo é a prevenção efetiva. A ênfase é, pois, colocada na coordenação dentro e fora das fronteiras australianas, bem como na partilha intensiva de informações. Isso porque se reconhece que o terrorismo “interno” tem interligações com redes internacionais e que o ambiente operacional dos vários tipos de terrorismo pode extravasar o controlo da Australian Intelligence Community (AIC). De uma maneira geral, esta estratégia é promissora quanto a proporcionar uma proteção eficaz. Falta ainda delinear claramente como lidar com o terrorismo dos lobos-solitários. O ataque terrorista na maratona de Boston aponta mais uma vez a complexidade da luta contra o terrorismo, devido à interligação de forças que se movem fora de fronteiras. No ano passado, o mundo foi confrontado com a ameaça do Estado Islâmico do Iraque e da Síria, abreviadamente conhecido como Estado Islâmico e pelo acrónimo EI. Para a Austrália, o ano passado terminou com a terrível prova de que não está livre do terrorismo de lobos-solitários. O país precisa de rever os seus conceitos de combate ao terrorismo e adquirir uma melhor compreensão sobre a forma de lidar com casos de extrema dificuldade, como o do atentado do café de Martin Place por Man Haron Monis, em 16 de dezembro de 2014, envolvendo tomada de reféns e homicídios. O Estado Islâmico e Monis alertaram os dirigentes australianos para o facto de a interligação das manifestações de terrorismo não ser apenas uma teoria: é real e problemática e exige um conhecimento profundo do que realmente une esta rede, já há tanto tempo e provavelmente por muito mais anos ainda. Não basta culpar o sistema legal isoladamente; nem a escassez de recursos financeiros. A resposta encontra-se na compreensão do que leva realmente estes jovens – que, noutras circunstâncias, seriam pessoas normais, a tentar singrar numa carreira e a lutar por serem felizes – a desistir de tudo, incluindo da própria vida.